Flashback Natal
Eu não me cansava de olhar para ela, estava tão feliz, sorrindo a todo instante e fazia muito tempo que não a via assim. Seus olhos brilhavam e um sorriso ainda mais lindo se formava toda vez que nossos olhares se cruzavam, ou eu estou ficando louca de vez imaginando coisas. Ela me pega a olhando novamente, dessa vez me encara sem desviar.
Hari: Vem aqui do meu lado.
Caminho até Hari que estava sentada um pouco afastada de todos. Combinamos de não postar nada para nossos fãs desse momento, uma noite de violão a beira do mar com fogueira, nossa última noite em Natal. Ela me puxa para mais perto assim que me sento, a taça de vinho em sua mão agora repousa sobre a areia.
Paula: Desistiu de beber? Essa já era a quinta taça cheia.
Hari: Você está contando o que estou bebendo miguinha? — diz já um pouco alterada.
Paula: Estou. — respondo por fim, preciso sempre cuidar dela quando bebe demais. — Você viaja cedo, deveria evitar a ressaca.
Hari: Queria evitar outra coisa mas não estou conseguindo. — Ela me encara novamente, a expressão agora séria mas eu não consigo desvendar seu olhar.
Quando dou por mim ela está com a mão na minha nuca, deitando minha cabeça em seu ombro e beijando minha bochecha. Me sinto bem assim, sentindo seu cheiro inebriante, até que um flash forte cega meus olhos e me assusta a ponto de afastar um pouco dela.
Bella: Aí desculpa, vocês estão tão lindas assim eu precisava registar esse momento do meu casal. — diz rindo e olhando a foto em sua câmera.
Hari: Que casal? — Bella me olha ainda com um sorrisinho, ela sabe, e vira as costas sem dar atenção a pergunta.
Hari se levanta, estende a mão para que eu pegue e assim que faço isso sai me arrastando um pouco longe do pessoal, sentamos em umas pedras na costa da praia, de lá só se via vultos dos nossos amigos na fogueira.
Paula: Pra que me trazer tão longe? — digo contestando pela primeira vez, depois de minutos em silêncio sentadas ali.
A morena não diz nada, leva sua mão até meus cabelos fazendo carinho, e aproxima cada vez mais seu rosto do meu. Me sinto presa em seu olhar, não consigo me mover para me afastar por mais que saiba onde isso vai levar. Em um movimento rápido ela senta em meu colo, de frente para mim, seu olhar agora se encontrava em minha boca, apenas fechei os olhos, fazia tanto tempo que não sentia o gosto dos seus lábios.
Nosso beijo começa lento, com gosto de saudade. Eu acaricio suas costas enquanto abro passagem para sua língua, Hari intensifica o beijo me fazendo a puxar ainda mais para mim, nossas bocas em uma doce sincronia, é o encaixe perfeito e eu poderia beijá-la até o fim da minha vida, mas o ar nos falta e somos obrigadas a encerrar o beijo, ela me enche de selinhos. Ah como eu senti falta disso!
Hari: Se tivessem nos deixado no mesmo quarto eu já teria pulado na sua cama e te agarrado. — Ela sorri me dando mais um selinho. — Não sei porque a Bella quis que eu ficasse no quarto com a Carol. — completa deitando sua cabeça em meu ombro, ainda sentada no meu colo. Não respondo pois a divisão dos quartos foi um pedido meu.
Paula: Só vamos aproveitar esse momento tá bem? — Beijo o topo de sua cabeça, enquanto ela enlaça nossas mãos.
Hari: Sinto sua falta todos os dias, as vezes não durmo pois tinha me acostumado a ter você do meu lado. Você poderia passar mais 15 dias em casa como da última vez, minha mãe pergunta sempre quando você vai aparecer.
Paula: Você sabe que não posso, tenho meus compromissos também, e da última vez nossos fãs quase descobriram que eu fui te ver. — ela levanta sua cabeça prendendo novamente meu olhar no dela e abrindo aquele sorriso que eu vivo pensando que é só pra mim.
Hari: Na verdade eles sabem, só não podem provar. Mas eu posso te provar. — Ela morde o canto dos lábios. Droga. Isso sempre me faz ter pensamentos maldosos, e ela sabe disso.
Hari levanta, tirando seu pareô e estendendo na areia, parece que já havia pensado em fazer isso pois pegou a peça maior que tinha.
Hari: Deita do meu lado, sei que você também gosta de olhar as estrelas. — me deito ao seu lado, enterrando meus pés na areia, por maior que fosse o pareô deixava meus pés para fora.
Em poucos minutos sinto ela deitar de lado, suas mãos alcançam meu rosto fazendo carinho. A mesma se aproxima colando nossos corpos, enquanto eu continuo olhando para o céu, sinto sua mão em minha cintura me virando rapidamente para ela, nossos rostos colados, nossos bocas estão tão próximas que não resisto e a beijo. Hari leva sua mão até minha bunda apertando com força, ao mesmo tempo que eu desço meus beijos para o seu pescoço, sinto sua mão descer para a parte de baixo do meu biquíni, eu tento me afastar mas o desejo é mais forte que eu. E ali nos amamos, foi a última vez em que me lembro de tê-la para mim.
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Acordei no dia seguinte sentindo meio corpo dolorido por ter cochilado deitada na areia com a Hari em meus braços. Para nossa sorte ou azar, Bella nos encontrou e fez com que viéssemos dormir no hotel, mesmo contra gosto a morena foi dormir no quarto dela e eu vim para o meu.
Decidi conversar com Hari sobre tudo, está mais que na hora porém não a encontrava em canto nenhum. Carol disse que a mesma tomou café mais cedo e afirmou que iria caminhar antes de ajeitar as malas. Pedi a chave para a Baiana assim eu esperaria Hari no quarto. Meia hora depois a morena adentrou pela porta tomando um susto quando me viu.
Hari: Oi amiga, que susto. — disse colocando a mão no peito, estava branca parecia ter visto um fantasma.
Paula: Amiga? — eu contesto, ela fingir não ouvir e tira as roupas da caminhada ficando somente de biquíni. Ou estava fazendo de propósito ou não tem dimensão do que isso causa em mim. — Será que a gente pode conversar?
Hari: Claro. — a morena senta na cama de frente para mim. — É algo importante?
Paula: Você é sonsa ou se faz Hariany? — me irrito, ela sempre faz isso no dia seguinte, finge que nada aconteceu.
Hari: Se for sobre ontem eu queria dizer que...
Paula: Não, não fala nada. Já que que novamente você vai fazer o mesmo discurso de que "estava alterada e não vai acontecer de novo". Só esqueceu que quando nos beijamos a primeira vez na sua casa você estava sóbria. — altero um pouco o tom de voz, já estava me cansando tudo isso.
Hari: Paula, eu não mereço você!
Paula: Isso eu também já ouvi. Agora é Paula né? Ontem era "minha gostosa". — ela cora e fica imóvel, não me arrependo das minhas palavras, Hari vai ouvir tudo que tenho a dizer. — Eu vim aqui na intenção de te dizer o quanto te amo, o quanto queria que fosse mais que amizade. Achei que o tempo que ficamos afastadas e a saudade que sentimos fosse suficiente pra você entender isso, mas pelo visto me enganei e eu sou só mais uma diversão pra você.
A mesma se levanta vindo em minha direção, dou um passo atrás, eu não iria mais cair na conversa de sempre.
Hari: Paulinha você sabe que é importante pra mim, eu preciso te ter na minha vida. E se a gente se envolver e depois não der certo e você se afastar, eu faço o que? Eu preciso de você!
Paula: Não precisa, se eu fosse tão importante você se entregaria. Sinto muito, eu não quero mais fazer parte do seu jogo. — apenas me viro e saio do quarto, minhas malas já estavam no Uber esperando como pedi, o checkout do hotel acertado. Eu já previa que isso iria acontecer e me preparei se a resposta fosse não, assim poderia sair o mais rápido possível e nunca mais a veria.
