c h ɑ p i t r e u n

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Fisgadas repuxaram as têmporas do homem quando ele ergueu o tronco

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Fisgadas repuxaram as têmporas do homem quando ele ergueu o tronco. A terrível dor de cabeça que o acometeu não permitiu que seu cérebro embriagado se localizasse de imediato, por isso, com os dedos longos, pressionou as pálpebras antes de abri-las. Os olhos escuros e oblíquos se acostumaram à escuridão, devagar. Cortinas de seda, no mesmo tom do vinho que bebeu na noite passada, cobriam a enorme janela de vidro. Ele estava nu, percebeu ao baixar as vistas — o lençol de fibra egípcia era a única coisa que o cobria, do quadril para baixo, o torso torneado de músculo.

Com um suspiro, Na-moo observou o amplo cômodo. O piso de linóleo escuro, o espelho exagerado ao lado da cama, escondendo o closet, o lustre vermelho e redondo, combinando com as paredes e as cortinas extravagantes, o fizeram concluir que não estava no quarto de visitas na casa da mãe. Tampouco em algum lugar do próprio apartamento minúsculo. Não precisou olhar para o lado para saber que uma mulher franzina — de olhos pequenos, lábios bem desenhados e uma pintinha abaixo da sobrancelha direita —, estava nua, ao seu lado, com as madeixas louras esparramadas sobre o travesseiro.

Na-moo xingou baixinho e se levantou derrubando o lençol que o cobria no chão frio a seus pés. Ele procurou as roupas que vestira na noite passada, sem fazer barulho, recolheu cada uma das peças e tateou o bolso do jeans em busca do telefone.

Quinze ligações perdidas e vinte mensagens o saudaram ao acender a tela — dez ligações eram de sua mãe e cinco de Hector.

Nem se deu ao trabalho de bisbilhotar as mensagens, a hora no visor foi o suficiente para saber que ambas deviam ser do amigo.

Na-moo estava atrasado. Muito atrasado. E não em qualquer dia, mas no dia em que os dois tinham uma reunião com o Capitão Denyel — o parceiro o mataria quando chegasse na delegacia.

Porra. Como pôde esquecer de pôr o celular para despertar?

Abriu a porta do closet — o próprio reflexo parecia julgá-lo — e pegou uma toalha. Não gostava de agir como se estivesse em casa ou na casa de alguma amante, porque não estava, no entanto, não tinha tempo para refletir sobre seus dilemas morais, apressou-se para alcançar o banheiro no canto oposto do quarto.

A luz fluorescente fez suas pupilas arderem e ele fechou os olhos após ligar o chuveiro — o banheiro era branco demais, um contraste azucrinante, se comparado ao denso quarto, para alguém que acabara de acordar após o maior porre. Mais palavrões flutuaram na mente dele, tentando se lembrar de como acabou nu na cama de Sol, após prometer a si mesmo que a vigésima vez seria a última — não que estivesse contando por razões mesquinhas ou pervertidas. Seu subconsciente o recriminava sempre que acabava ali para aliviar as frustrações que tinha na vida.

A culpa o esmagava mesmo sabendo que a amiga de longa data fora quem sugeriu fazerem isso, em uma bebedeira que tiveram juntos, há alguns meses.

Sol era excêntrica, assim como as roupas que vestia e a decoração que apreciava, e relacionamentos estavam fora dos planos dela, pois a empresa de cosméticos que geria estava no auge do sucesso, expandindo filiais em outros estados. A prioridade da loura era expandir a marca até chegar em outros países — a vida pessoal podia esperar. Ademais, sempre que se envolvia num relacionamento acabava enjoando, e quando não tinha paciência para procurar alguém que sanasse as necessidades físicas que possuía, ela procurava o amigo para uma noite de sexo casual.

ᴏᴜ ɪsᴛᴏ ᴏᴜ ᴀǫᴜɪʟᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora