c h ɑ p i t r e d e u x

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O som das gaivotas ecoava no compasso das ondas do mar

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O som das gaivotas ecoava no compasso das ondas do mar. A água turquesa brilhava com os raios dourados do sol e umedecia os pés da garotinha, que corria pela areia molhada, gargalhando, enquanto o pai seguia atrás dela. Suas tranças escuras balançaram quando olhou para trás, chicoteando-a na face.

O homem a pegou no colo. A menina gargalhou mais, sentindo cócegas nas bochechas provocadas pela barba do pai.

Você não vai me ajudar, Hee-jin?

Outra garotinha, três anos mais nova, surgiu percorrendo a areia. Os fios lisos e castanhos claros, semelhantes aos grãos em que pisava, esvoaçavam enquanto ia, sorridente, em direção aos dois. As vistas de Hee-jin ficaram turvas. O azul do céu e do mar misturam-se com a areia. O pai parou de girá-la.

Os braços do homem não mais a seguravam, paredes de pedra ásperas a cercavam, juntamente da escuridão. Um feixe de luz brilhou no fim do corredor estreito, onde a menina loura estava parada.

Hee-jin encarou-a com os olhos esbugalhados, o estômago revirava. O vestido com estampas de unicórnio, que a menina de cabelos castanho-claro vestia, estava sujo de areia e o cabelo pegajoso com o sangue que escorria do buraco existente entre suas sobrancelhas.

Do lado da menina, surgiu um homem, gritando, com o paletó em chamas.

 🩸

Maria se sentou, ofegante. O cheiro de sangue e carne morta pareciam impregnados em suas narinas, sobrepondo-se ao odor de tecido queimado. Seus dedos trêmulos transpassaram as madeixas úmidas pelo suor frio que encharcava o pijama de flanela e os lençóis.

Embora os raios de sol bruxuleassem, através das fendas na cortina, ela sentia-se gelada.

Hee-jin? Hee-jin? — Uma voz familiar e irritada soou em meio ao emaranhado de lençóis sobre o colchão.

Ela anelou pesadamente, cavando entre as peças da cama até encontrar o celular. A imagem da mulher de cabelo azul (com um coque preso de qualquer jeito no alto da cabeça), tomava a tela em uma chamada de vídeo — seus olhos estavam repuxados numa careta descontente.

— Que droga, Winnie! Já não falei para não me chamar assim?

Você me acordou, do meu sono de beleza, às cinco da manhã, porque não conseguia dormir com a consciência pesada, e ainda não consigo acreditar que cochilou enquanto conversávamos! — retrucou a outra, ignorando as sobrancelhas abaixadas e os lábios encrespados da amiga.

— Desculpe, devo ter ficado cansada — lamentou Maria, vendo a hora no visor. Sete horas da manhã. Havia cochilado por cerca de trinta minutos, segundo sua mente atordoada se recordava.

Winnie frisou os olhos, analisando-a. Assim que a viu pegar o estojo preto e retirar a armação quadrada, exageradamente grande para seu rosto, Maria quase riu — Winnie tinha a visão perfeita, mas acreditava que usar óculos lhe dava o ar mais sério, por isso, em todas as sessões de terapia, com seus pacientes, usava aquela armação ridícula.

ᴏᴜ ɪsᴛᴏ ᴏᴜ ᴀǫᴜɪʟᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora