c h ɑ p i t r e n e u f

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Kim abriu as portas do armário para analisar, mais uma vez, o próprio reflexo no espelho colado nelas

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Kim abriu as portas do armário para analisar, mais uma vez, o próprio reflexo no espelho colado nelas.

Ele ajeitou a camisa preta, de mangas na altura do cotovelo, pondo uma ponta nas calças sarja e penteou as madeixas escuras com os dedos, jogando alguns fios para o lado. O cheiro de banho tomado se misturava ao de menta e naftalina dos saquinhos colocados dentro de cada compartimento do guarda-roupa, algo que Na-moo fazia desde a época em que a avó estava viva, pois era uma mania que ela tinha e que acabou por se acostumar — o aroma impregnado nas roupas era nostálgico e o agradava.

Após quase dez minutos ponderando sobre o próprio visual, saiu do quarto e caminhou até a cozinha. Era ridículo, mas sentia-se nervoso. Muito mais nervoso do que quando Yvone o forçou a ir a um encontro com a doutora, em um restaurante chique, por isso passou um longo tempo na frente do espelho pensando em sua aparência.

Na-moo não queria se arrumar demais, afinal, não era um encontro de verdade. Seria algo casual entre dois colegas de trabalho, ambos tentando desfazer o clima tenso que pairava entre eles, gerado pelo encontro arranjado a qual foram forçados a ir. E justamente por querer passar uma boa impressão, já que estava realmente disposto a começar de novo, não podia recebê-la largado num moletom gasto com uma camiseta velha, como faria se fosse beber com Hector.

Hector e ele eram íntimos, mas esse não era o caso de Maria. Os pratos embrulhados sobre a pia (entregues recentemente), ao lado do vinho tinto potente e caríssimo que havia ganhado, eram a prova disso — Hector nunca levaria vinho para beberem juntos quando existem cervejas pela metade do preço. E Na-moo completaria os engradados, levados pelo amigo, com salgadinhos apimentados para serem comidos como petiscos, não Bruschettas tradicionais de tomate para combinar com o sabor do vinho.

O detetive suspirou e tirou duas taças do pequeno armário ao lado da geladeira. Por algum motivo sua mente trouxe de volta a forma como Maria estava vestida na delegacia, naquela tarde. A forma como as roupas acentuavam suas curvas voluptuosas, combinado ao olhar penetrante, deixava-a completamente sexy.

Ele não se lembrava muito bem de como a moça estava vestida no encontro fatídico que tiveram a mando de suas mães, porém tinha certeza de que ela devia ser deslumbrante até mesmo usando moletom e camiseta.

Na-moo balançou a cabeça, repreendendo-se mentalmente por tais pensamentos quando o ding dong estridente da campainha tirou-o dos devaneios.

Olhou o relógio de pulso. Oito horas da noite. Maria Ahn era uma mulher pontual, o oposto de Sol, que chegava nos lugares com no mínimo quinze minutos de atraso.

Um pequeno sorriso adornou os cantos da boca de Maria quando ele abriu a porta. A roupa que ela vestia (regata de alça rendada e calças skinny) indicava que, assim como ele, não via esse "encontro" como um encontro de fato — também reforçava as suspeitas de que a moça ficava bem com qualquer roupa.

ᴏᴜ ɪsᴛᴏ ᴏᴜ ᴀǫᴜɪʟᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora