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AVISO DE CONTEÚDO: menção de álcool e cigarro, vulnerabilidade, pensamentos negativos.

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Min Yoongi tinha uma memória boa apesar das noites mal dormidas, do eventual abuso de álcool e da quantidade de socos que já havia levado no decorrer da vida. Ele se recordava dos momentos mais importantes: de conhecer Hoseok, de conhecer Namjoon, de conhecer Taehyung. Ele se lembrava muito bem. De toda a raiva, todo o pesar. De sentir-se sufocado, sem direito e escolher sobre sua própria existência.

Ele não era uma pessoa vingativa, pelo contrário. Min Yoongi se considerava um justiceiro acima de qualquer coisa. Se ele visse desigualdade, ele intervia. Era simples assim, fácil assim. O mundo era uma bosta, tudo estava inerentemente errado, mas isso não significava que Yoongi fosse simplesmente virar o rosto frente à merdas que via. Jamais. Abuso, desigualdade, preconceito, faziam o sangue dele ferver e antes que ele pudesse se mover, seus punhos ou sua língua já haviam se movido primeiro.

A língua de Min Yoongi cuspia fogo e o trazia muitos problemas, mas ajudava muitas pessoas. E Yoongi jamais esperou um agradecimento em troca; não era por isso que ele se movia contra o que considerava errado. Havia muito pouco pelo que lutar em sua vida, ele acreditava. Sua existência em si não valia muita coisa. Min Yoongi era um garoto mimado e egoísta que machucava tudo e todos à sua volta e tinha de se redimir de alguma forma por ser uma absoluta perda de tempo e espaço. Min Yoongi existia publicamente como Suga: encrenqueiro, problemático, violento, intimidador. E talvez não houvesse diferença factual entre os dois. Talvez Min Yoongi fosse mais Suga do que gostaria.

Sentindo-se despido de sua escolha mais primária, Min Yoongi teve que se prender a algo. Taehyung representava sua falta de escolha, representava a lembrança constante de que Min Yoongi não tinha controle algum sobre sua própria vida. E Taehyung voltava a aparecer. Voltava a intervir. Como se tivesse qualquer direito sobre a vida de Yoongi. Quando nem mesmo Yoongi o tinha. Yoongi queria fazê-lo sentir-se da mesma forma: sem controle.

Ele não era uma pessoa vingativa, mas Kim Taehyung trazia seu pior para fora. Ou pelo menos era o que Yoongi pensava. Mas a cada dia ele parecia mais imerso no controle involuntário de Taehyung. O moreno jamais o prendera, mas Yoongi sentia-se cada vez mais fisgado pelo outro, cada vez mais intrigado, mais interessado. Como se houvesse uma força magnética entre ambos, uma força improvável e sem sentido algum que os conectasse. E quanto mais ele se forçava para longe de Taehyung, mais intensa a força de atração entre os corpos.

Segundo Newton a Força de Atração Universal aumenta e diminui em proporção direta à distância dos corpos: quanto mais próximos os corpos, maior a força de atração. A relação de Min Yoongi com Kim Taehyung desafiava as leis da física. E não fazia qualquer sentido. E Yoongi odiava sentir-se perdendo cada vez mais o controle de si próprio.

Era mais fácil culpar algo externo do que ter de lidar consigo próprio, então Min Yoongi projetou em Taehyung e em sua relação todos os seus problemas. E Taehyung... Constantemente e incessantemente atencioso e paciente fazia a raiva de Yoongi oscilar.

Yoongi se havia se entregado, se mostrado vulnerável e Kim Taehyung havia acolhido todas as suas partes, até mesmo as mais sombrias, as mais duvidosas, as mais perigosas. Taehyung havia aceitado todas as faces de Min Yoongi. E Min Yoongi de repente não sentia mais nenhum resquício de ódio.

Mesmo afastados fisicamente Yoongi contava os minutos para rever Taehyung, como se fosse o melhor momento de qualquer um de seus dias. O loiro havia permitido que o outro entrasse em sua vida, lhe apresentando cada um de seus detalhes por trás de uma redoma que pensara ser de vidro. Mas a luz do moreno brilhava tão forte que Min Yoongi notou as paredes de sua redoma aos poucos derretendo em volta de si. Aquilo era assustador. Como era possível entregar-se a qualquer pessoa desta forma? Nem ao menos Hoseok havia ultrapassado aquela barreira.

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