capítulo 9

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AVISO DE CONTEÚDO: palavrões, homofobia, menção violência, envolvimento físico.

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Kim Taehyung já havia notado algo aparentemente fundamental sobre a vida na Terra: nada nunca era simples. Nunca. Mesmo quando deveria ser; simplesmente não era.

Se ele pensava que os assuntos divinos eram complexos – o que, de fato, eram – nada podia preparar Taehyung para o modo que os humanos pareciam ter prazer em tornar as situações mais simples em monstros de sete cabeças. Ele não entendia direito, mas havia aprendido a aceitar aquele dado que parecia um fato. O humano mais simples que Taehyung conhecia era, provavelmente, Namjoon. E mesmo ele podia tornar as coisas mais complicadas do que o necessário. Era, no mínimo, frustrante. E, às vezes, bastante irritante.

Taehyung se orgulhava de sua paciência. Mesmo para com os membros do Conselho, Taehyung conseguia manter a compostura. Mas ele podia sentir veias de seu corpo saltando em certas situações na vida terrena. Seria preocupante se Taehyung não desconhecesse os limites de humanidade de seu corpo; aparentemente aquela era uma reação comum do corpo de alguns humanos frente a situações estressantes. Ou pelo menos era o que Jackson o havia apontado, mesmo sem saber sobre sua condição ex-angelical de existência.

Na ocasião, o moreno se encontrava no Infero, bebendo, mesmo sem sentir qualquer efeito do álcool em seu corpo, e extremamente frustrado. Jackson havia perguntado a ele se Taehyung estava "puto" e apontado uma veia saltada em seu pescoço. Taehyung analisou a si mesmo e concluiu que sim, ele estava extremamente irritado, mas não sabia direito o motivo. Jackson riu, disse que quando ficava "puto" uma veia de sua testa saltava também. Taehyung simplesmente assentiu e continuou bebendo.

Talvez no fundo ele soubesse o que o estava incomodando. E a resposta o incomodava ainda mais. A resposta estava bem ali, na pista de dança, rindo, claramente embriagada, esfregando a parte traseira de seu corpo contra o corpo de um homem qualquer.

"Qual é a de vocês, afinal?" Jackson questionou. Taehyung virou de frente para o bar e suspirou, dando de ombros. "Sério, pode contar, não vou espalhar."

"Não tem." Taehyung respondeu. "A gente fica junto quando fica. Às vezes é um beijo, às vezes..."

"Desde quando?" Jackson continuou perguntando.

"Desde quando eu te conheci, basicamente." Taehyung respondeu. "Me vê um shot de tequila e uma Stella, por favor." Jackson o serviu.

"Cara, isso faz... meses." Ele apontou e Taehyung virou o shot sem sal ou limão, assentindo logo em seguida. Jackson atendeu algumas outras pessoas antes de dar a Taehyung sua cerveja. "Você devia ir devagar, sabe. Álcool faz mal." Taehyung riu e assentiu, bebendo um gole de sua cerveja. Jackson revirou os olhos, mas riu também.

Há exatamente um mês Taehyung não conseguia sair e não acabar encontrando Yoongi acidentalmente. Era como se funcionassem como ímãs. E tudo havia começado dois dias após saírem para almoçar juntos.

Taehyung virou de costas assim que Jackson voltou a atender outros clientes e seus olhos foram direto ao loiro na pista de dança, que agora beijava um homem que nem ao menos estava ali antes. Taehyung tomou mais um gole de sua cerveja.

~*~

As luzes estroboscópicas criavam a ilusão de que o movimento se dava de maneira mais repentina do que na realidade. Aquele era, honestamente, um dos fenômenos favoritos de Taehyung em baladas. Os corpos se aproximavam de maneira diferente, o tempo parecia dilatado, era extremamente interessante e divertido.

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