capítulo 22

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AVISO DE CONTEÚDO: álcool, menção de violência, menção de cigarro, menção de crise

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O tempo era estranho, Taehyung concluiu. Por vezes passava rápido demais; outras muito lentamente. O tempo era estranho. Antes da queda Taehyung não se preocupava com o tempo; o tempo divino era diferente. Não era dividido em horas, minutos e segundos. Dia e noite era apenas uma perspectiva em relação à Terra. O tempo não era uma questão para anjos. Mas era uma questão para a maioria dos humanos.

Namjoon havia contado a Taehyung que o tempo era uma questão tão imensa para os humanos que haviam livros e estudos sobre ele. Um exemplo era "Ser e Tempo" de um tal de Heidegger, onde a questão da existência era teorizada e estudada por certo ponto de vista. A existência em relação ao tempo, a existência em relação ao fim do tempo, à finitude.

Talvez para os anjos o tempo não fosse uma preocupação porque a finitude não era uma preocupação. Sem um tempo limite, uma data de validade, não havia porque se preocupar com a passagem de algo que nem ao menos era delimitado de fato, por algo que parecia mais uma convenção humana, um construto social, do que um universal de fato. Mas as coisas haviam mudado. Taehyung notara o tempo em sua pele, passando por ele de maneira ativa e passiva ao mesmo tempo, como um semi-humano e semi-anjo após a queda. E o tempo o afetava e não afetava ao mesmo tempo.

O tempo era estranho.

Taehyung abriu os olhos sentindo o carinho que recebia cessar e franziu o cenho, encarando Yoongi, cujas costas estavam encostadas na parede.

Os dois estavam sentados no chão da sala do apartamento de Namjoon em uma noite de reunião de seu grupo de amigos. Seokjin e Hoseok estavam na cozinha, rindo alto de algo, enquanto Namjoon, Jungkook e Jimin conversavam no sofá. Yoongi havia caído no sono; Taehyung sorriu sentindo um calorzinho em seu peito. E uma enorme vontade de nunca mais sair dos braços de Yoongi.

Ele observou os lábios entreabertos do menor e constatou que eles pareciam tão macios quanto de fato eram. Taehyung se perguntou se deveria acordar Yoongi para levá-lo para um canto mais confortável, mas ele sabia que acordar Yoongi de um cochilo era um grande erro. Então, cuidadosamente, ele se desvencilhou dos braços do loiro e seguiu até a cozinha para pegar um copo d'água para si mesmo.

"E o coitado do Namjoon achando que ele quem tinha estragado o abajur, todo desesperado e o Yoon fazendo a sonsa." Hoseok disse rindo histericamente. "O Jackson tentando acalmar o Joon, falando que não tinha problema e eu não conseguia parar de rir porque o Namjoon tava lá todo doidão todo sem jeito, o Jackson mais louco que o Batman também tentando acalmar ele, mas nenhum deles falando nada com nada. E o Yoongi quietinho, bebendo a cerveja dele sem esboçar qualquer reação."

"Coitado!" Seokjin riu.

"Acho que eles ficaram nisso uns quinze minutos, não sei, eu tava bem doido também." Hoseok falou. "O Yoongi do nada, mas, assim, do nada mesmo, soltou um som parecia um miado. Todo mundo em choque olhou pra ele e ele falou 'porra, quebrei o abajur'." Hoseok soltou uma risada alta. "E miou, hyung, ele miou! O Namjoon não entendeu nada, começou todo mundo a rir, tava todo mundo muito doido."

"Vocês já viveram muita coisa, né?" Seokjin perguntou, sorrindo. Hoseok assentiu.

"Ai, sim, viu? Mas hoje a gente é mais comportado. Até o Yoongi tá na era clean dele." Hoseok sorriu. "Acho que um certo alguém tem uma influência boa sobre o Guinho." Hoseok disse e encarou Taehyung que acabara de entrar na cozinha.

"Ah, não, eu sou uma péssima influência." Taehyung riu e se aproximou dos dois. Seokjin revirou os olhos. "Eu sou quase a encarnação do pecado, amados."

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