CAPÍTULO QUATRO

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 A mulher falando na TV havia deixado todos confusos.

Eduardo tinha acordado naquela manhã com o mesmo sentimento de todas as manhãs - o pensamento de que, se ficasse deitado, de olhos fechados, debaixo das cobertas, se nunca olhasse suas mensagens ou ligasse a tv, se não fizesse nada, nada aconteceria, nada nunca haveria acontecido. O sentimento de que tudo o que mais queria era ignorar tudo e fingir que nenhum de seus amigos havia morrido, sumido. Esse sentimento se intensificou a cada movimento que o menino fazia, e quando abriu seu celular e leu o que falavam no grupo de mensagens, ele desejou que nunca, nunca tivesse se levantado.

A morte de João era noticiada na televisão e todos haviam se juntados na casa de Clara naquela manhã. Além de devastados com a morte de mais um amigo, o grupo também estava confuso, extremamente confuso, com tudo que a rodeava. Espalhados pelo chão e no sofá, Clara, Eduardo, Mila, Guilherme, Pedro Vitor, Lorena e Pedro Gois assistiam a mulher no noticiário sendo entrevistada na frente de onde o corpo de João havia sido encontrado, levado até a areia pelas ondas, a água vermelha ao seu redor, sangue seco na sua nuca.

"Não, eu não o conhecia," a mulher, cujo nome estava estampado no canto da tela - Milena Basílio, dizia. "Eu não sei como ele conseguiu o meu bote. É uma pena o que aconteceu."

"Não faz sentido," Guilherme comentou. "Brito, pesquisa sobre essa mulher."

"Eu já pesquisei," Eduardo estava sentado no sofá entre Clara e Pedro Góis, olhando seu celular. "Não tem nada."

"Alguma coisa liga essa mulher com o que quer que João tenha feito," Clara disse. "A gente devia ir atrás dela."

Assim que disse isso, seu celular começou a tocar. Ela franziu a testa a ver o nome na tela - não era comum Pedro Falcão estar acordado antes do meio dia. Ela atendeu.

"O que tem?" ela respondeu ao menino no outro lado da ligação. "Calma... o que?"

"O que foi?" Guilherme perguntou. Clara levantou a mão, como se pedisse para que Guilherme esperasse.

"Manda pra mim." e então ela desligou. "João falou com Falcão antes de tudo." ela disse ao grupo que a encarava, esperando qualquer tipo de informação que pudessem achar. "Ele pediu pra ele conseguir um endereço."

"Endereço de quem?" Mila perguntou. Clara respirou fundo.

"Milena Basílio."

"Ele te mandou o endereço?"

"Sim, mas..."

"A gente tem que ir lá." Mila se levantou.

"Sério? A gente não sabe quem ela é." Pedro Vitor indagou.

"João descobriu alguma coisa com ela, que fez com que ele fosse correndo pro mar. A gente precisa descobrir o que foi. Pra que não seja tudo em vão, pra que a gente possa pôr um fim em tudo isso. Milena sabe de alguma coisa que a gente não sabe, e a gente precisa falar com ela."

O rosto de Milena tomou uma expressão assustada quando ela abriu a porta e viu 7 adolescentes no seu hall de elevador.

"Posso ajudar?" ela disse.

"É sobre João. Ele é... Ele era nosso amigo." Mila disse. Milena deixou-os entrar.

"Eu já disse que não sei de nada," ela disse, apesar de ter convidado os 7 para sentarem. "Eu não posso os ajudar."

"João veio até você por um motivo," Clara disse. "E eu acho que você sabe qual é."

A mulher respirou fundo, e então sentou-se na poltrona mais perto.

A Aventura de Verão e o Monstro da ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora