BÔNUS: A AVENTURA DE QUARENTENA

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Querido leitor, eu queria poder te dizer que eu inventei tudo isso. Que cada detalhe e ação que os descrevo aqui foi pura invenção da minha mente surtada, isolada do mundo em épocas de quarentena mundial. Mas o que aconteceu naquelas noites de março foram reais, e creio que nenhum de nós conseguirá deixar aquilo para trás tão cedo.

Quando saímos do ônibus e chegamos na praia de Pipa, andando juntos até a casa que passaríamos o fim de semana, as ruas estavam como sempre - iluminadas e cheias de vida, gringos vermelhos do sol e brancos de dread andando pelos paralelepipidos da bela praia turística que seria palco de nossa aventura. A casa de praia de Eduardo Brito era exatamente como lembravamos de nossa prévia estadia em julho do ano passado, e tendo chegado tão cedo na manhã, a maioria de nós resolveu dormir até o almoço. Era uma sexta-feira quando chegamos, e passariamos o fim de semana juntos. A casa era na beira da praia, tinha três quartos, e uma estreita escada de madeira que separava a pequena sala e cozinha do andar de cima.

"Ai, meu apêndice," eu lembro de João dizendo enquanto caminhávamos na areia até a praia - eu, Eduardo, Clara, Guilherme, João, Pedro, Falcão, Lara, Victor, e Milena, onde ficamos até que o sol se pôs e nos preparamos para jantar. Havia um grande estoque de miojo e lasanhas congeladas na cozinha da casa, mas todos nós naquele dia estávamos desejando pizza. Eu decidi que seria interessante dar uma caminhada, então fizemos o pedido por telefone e eu fui até a pizzaria buscar.

As ruas me pareciam menos cheias naquele momento, o que era estranho para uma noite nas ruas de Pipa, e as poucas pessoas que andavam por ali usavam máscaras de rosto. Eu não pensei muito sobre isso. Eu apenas peguei as 3 caixas de pizza da pizzaria e comecei a andar de volta para a casa. No meio do caminho, uma chuva torrencial começou a cair.

Eu tentei andar mais apressada, de modo que tentasse fugir da chuva mas não deixasse as caixas de pizza cair. Poças se formavam no chão e, quando eu estava descendo a ladeira que dava até a casa, trovões e relâmpagos se formavam no céu, flashes de luz seguidos de barulhos estrondosos que me faziam querer correr, mas eu evitava a todo custo escorregar na água, na ladeira, e cair, me molhar, me machucar, e derrubar as pizzas. Que foi o que quase aconteceu, quando levei um grande susto com a trovoada que veio - um flash mais claro que todos os outros, um barulho de explosão gigante. Assim que o relâmpago veio, percebi as luzes de alguns estabelecimentos ao meu redor se apagando. Me assustei e, passando pela escadaria que dava a casa, corri até a porta para ver se tudo estava bem com meus amigos. Eu não fazia ideia do que me esperava.

Eu abri a porta da casa de Eduardo e a cena que estava na minha frente era a seguinte - todos os meus amigos estavam na sala, expressões assustadas, lágrimas, gritaria, a escuridão cobrindo todo o resto da casa que não era iluminada pelas lanternas que seguravam. E as lanternas iluminavam o corpo de Eduardo Brito ensanguentado no chão.

Creio que o medo e a adrenalina que senti naquele momento me impede de te descrever, leitor, o que aconteceu em seguida com muitos detalhes. Mas eu lembro de ter jogado as caixas de pizza no chão em choque e entrado na casa, perguntando desesperadamente a todos ali o que tinha acontecido. Ninguém sabia me dizer. Todos estavam chocados, chorando com a morte de nosso amado amigo. Tudo que me disseram foi o seguinte: João e Lara estavam no quarto do andar de baixo, Pedro, Eduardo e Guilherme estavam na sala, Clara, Milena, Victor e Falcão estavam no andar de cima. Começou a trovoar e de repente, após um trovão estrondoso, as luzes morreram. Pedro, Eduardo e Guilherme não estavam com seus celulares fáceis em suas mãos, então demoraram um pouco para ligarem suas lanternas. Os que estavam no andar de cima desceram assim que se deu o apagão, levando seus celulares e iluminando a estreita escada, e quando Lara e João saíram do quarto e todos finalmente estavam reunidos na sala, todas as lanternas a iluminando, eles viram - o corpo de Eduardo no chão da sala, coberto de sangue, sem vida. E então eu cheguei.

A Aventura de Verão e o Monstro da ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora