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     "Não vou alimentar algo que está fadado a dar errado"

   Eu repeti para mim mesma me recordando do meu aniversário de mudança. Não mudei apenas de casa, mas de vida, de ciclo. Em menos de um ano observei tudo que conhecia e chamava de lar, todos que gostei e rotulava como pessoas importantes, em menos de um ano tudo se tornou tão distante, tão vago quanto uma simples lembrança de quem eu fui um dia.

  Naquele dia em que tudo mudou, me despedi da minha casa, me despedi de todos que amava, me despedi da minha vida, para mais tarde encontrar meu lar.

  Mas Purple Rain não era pra mim, eu sentia aquilo. E um belo dia, bem, não sei ao certo, mas Purple Rain era repleta de boatos, e eu não queria mais boatos. Eu queria a paz e a calmaria.  Então me mudei novamente, mesmo sem me movimentar, mesmo sem ser real.

    Ali talvez ainda fosse meu lar, construí muitas memórias ali, e elas vão me perseguir para sempre. Como se em placas de ferro quente, elas tivessem sido tatuadas em cada parte minha. E por mais que as lembranças dela me deixassem com saudade, eu não poderia voltar.

  Purple Rain teria que aprender a viver sem mim, afinal, alimentar algo que está fadado a dar errado é prolongar o fim.

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