Narcisos

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Harry Pov.

A notícia de que Draco Malfoy viria passar alguns dias na casa do padrinho havia me deixado extremamente ansioso.

Eu me lembrava perfeitamente dele.

Draco Malfoy, o garoto loiro, dois anos mais velho do que eu.

Em uma das vezes que tinha vindo visitar o padrinho, quando tinha por volta de seis ou sete anos, ele estava aqui.

Recordava-me que tinha insistido para passar o final de semana na casa de Severus, porque queria ficar um pouco sozinho.

Havia sido vítima de brincadeiras cruéis na pré-escola durante aquela semana, e um novo aluno tinha feito de mim alvo de suas piadas maldosas.

Eu havia ficado chateado, e uma confusão se gerou ao redor disso, porque meus pais foram na escola saber qual medidas estavam tomando para que não voltasse a acontecer, e ao descobrirem que os professores não ligaram muito para o fato de eu ser a chacota, me mudaram de escola.

Quando eu cheguei, Draco estava na casa do padrinho, lendo um livro.

Era um livro complicado, diferente das historinhas que estava acostumado a ler, e eu havia ficado rodeando ele por algum tempo, curioso com o garoto do qual nunca havia ouvido falar.

E depois de um longo tempo, finalmente ele abaixou o livro, me olhando com um sorriso.

Parecia achar graça de me ver ali, sentado no tapete da sala, de frente para ele, esperando que me desse atenção.

– Oi – Eu havia dito, com os braços enroscados ao redor de meu inseparável ursinho.

– Oi – Draco respondeu sorrindo.

– Você quer brincar?

E parecia ser o que Draco estava esperando.

Ele não demonstrava ser acostumado a ter alguém para brincar, e eu percebi isso durante aquela tarde.

Parecia não conhecer muitos jogos e brincadeiras que eram comuns, e havia sido muito divertido ter outra criança ali para interagir comigo.

Me fez esquecer o medo que sentia da nova escola, e de me tornar chacota mais uma vez.

Ainda tinha aquela lembrança guardada com muito carinho.

Havia sido meu primeiro amiguinho sincero, que parecia gostar de mim sem ligar para eu ser desajeitado, e não conseguir brincar de bola direito por sempre deixar passar, como o péssimo goleiro que era.

Foi muito divertido brincar com ele, e em determinado momento, estávamos sentados no quinal, sujos de terra, rindo na grama.

– Eu fiquei cansado – Falei me deixando deitar, vendo ele me imitar – Hoje foi divertido. Você vai ficar bastante dias aqui?

– Não. Eu vou mudar para um lugar longe. Só vim ficar com o padrinho hoje, para me despedir.

A explicação dele havia feito com que eu ficasse verdadeiramente chateado naquele instante, e ele se virou ao me ver ficar emburrado.

– Mas... você não pode ir. Você tem que ficar e brincar comigo todo dia – Protestei, e ele suspirou.

– Mas eu tenho que ir com meus pais. Você pode ter outros amigos para brincar.

– Não, eu não posso! Eles não gostam de mim! Eles ficam rindo, e dizem que eu sou bobo! E ficam querendo puxar meus óculos, dizem que eu sou cego, e todo manchado! – Briguei irritado ao lembrar dos colegas da escola, porque naquele momento, sentia que Draco estava me abandonando.

Sunflower. Vol, 6Onde histórias criam vida. Descubra agora