Dores

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Ninguém nos prepara quando somos pequenos de que vamos passar as coisas que nos desconsertam. Estou com quase nove meses de gravidez, olhando estática para o meu irmão que está me enrolando pra dizer algo que já sei.

- Antony eu já entendi, Maxon foi para as ilhas Calmans com sua tropa para fazer algo urgente. Não é isso. - ele me olha e percebo ser mais que isso. - Diga garoto estou ficando ansiosa.

- Não deu tempo ele chegar lá. Papai pediu pra ele levar a escolta ao porto principal, mas foram surpreendidos no caminho e estão todos mortos. - ele diz sem me olhar.

A dor que senti foi tão forte que não falei nada, só gritava de dor e sabia que estava entrando em trabalho de parto. Antony por ser tão jovem, apenas dezessete anos fica me olhando sem saber o que fazer e sou salva pelos guardas que entram achando estranho tantos gritos. Um me deita e o outro vai correndo chamar Luzia.

- Desculpa irmã, não queria ser eu a te contar. - ele chora ao meu lado e só consigo chorar e gritar de dor.

Com pouco tempo entram as mulheres pra me ajudar e tiram meu irmão do quarto. Não demora muito e ouço um choro e  alguém diz que é uma menina. Eu não consigo ouvir mais nada me entrego a escuridão.

- Você me prometeu que não ia me deixar. - Digo ao abrir meus olhos.

- Não escolhemos certas coisas. Pense nos seus filhos e tenha forças para lutar. - Jady diz baixinho e volto a chorar.

- Rainha a criança está com fome. - Luzia diz baixinho a minha irmã e eu escuto.

- Traga que amamentarei. - digo me ajeitando com ajuda delas. - Se o pai não cumpriu a promessa que me fez de nunca me deixar, eu não vou abandonar meus filhos. Tenho fé em Deus que poderei cuidar deles. - Derramo mais lágrimas.

Amamento, sendo observada por minha amiga e irmã e por Norah que já havia dado um pouco de mamar a minha pequena Jasmim. Vou precisar ser forte, mas minha vida era isso, ter força por mim e pelos outros. Não seria agora que iria mudar.

No dia seguinte não compareci ao enterro do homem que entrou em meu coração como uma avalanche e agora me deixou na poeira. Mas eu irei assim que puder sair do repouso médico.

- Sabem quem foi?

- Pelo que deu entender eram ladrões. - Papai diz após beijar minha testa e sentar ao meu lado. - Reforcei a segurança no reino e estamos aqui até que tudo se resolva. Não se preocupe.

- A vida é injusta. Prega peças como essa em nós.

- As coisas acontecem quando tem que acontecer. Temos que ser gratos por tudo. Ter paciência que a vida se encaixa bem no final. Somente creia.

Fico olhando meu pai que sempre sabe o que faz e deixo algumas lágrimas sair. Teria que viver o que prego e não é fácil.

- Obrigada papai. - digo me aconchegando mais a ele.

RestauradaOnde histórias criam vida. Descubra agora