II

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Catarina sentia suas mãos tremerem levemente, enquanto, seu coração batia de forma descompassadamente. Arrumou novamente a grossa capa em sua cabeça, a fim de conter a ansiedade que estava sentindo.

Por que ele está demorando tanto? Pensou olhando para os lados.

— Ele vai vir, apenas respire — murmurou para si mesma, seus olhos começaram a arder pela vontade de chorar, precisando inspirar profundamente para tentar controlar as lágrimas que queriam escorrer por seu rosto. Cuidadosamente retirou o pequeno pedaço de papel que estava no bolso de sua capa, lendo novamente as palavras:

'Alteza, sinto não poder ir ao seu encontro. Mas você precisa seguir em frente assim como eu fiz, tudo o que tivemos não passou de desejo e sinto que você tenha se iludido achando que tínhamos mais que isso. Eu consegui tudo o que eu queria e agora vou aproveitar dos benefícios que isso me trouxe. Constantino.'

Balançou a cabeça enquanto as lágrimas teimosas começaram a escorrer por seu belo rosto, recusando-se a acreditar naquelas palavras. Por causa daquela maldita carta que Catarina estava dentro do labirinto do castelo, onde somente ela conseguia se guiar sem se perder, e agora ele.

Voltou a encarar o caminho por onde ele deveria aparecer, suas mãos amassando o papel no processo.

Constantino parou seus passos, sabendo que quando dobrasse aquele corredor de arbustos encontraria Catarina. Precisava manter sua parte do acordo, o que significava uma postura fria e indiferente na frente dela, mesmo sabendo que isso a machucaria profundamente. Acreditou que o bilhete que tinha lhe enviado há duas semanas através de sua serva seria o suficiente.

Não com ela, minha Catarina nunca se contentaria com apenas um pedaço de papel.

Sabendo que não poderia mais adiar aquilo, continuou andando até ver os olhos negros como a noite lhe encararem de forma profunda e misteriosa. Parou seus passos, incapaz de continuar dali.

Manteve seu rosto neutro quando Catarina começou a andar de forma altiva até onde estava, seu coração se apertando ao ver os olhos vermelhos dela e as lágrimas em suas bochechas. Nunca quis causar aquilo.

— Como você pôde me mandar esse bilhete estúpido? — Catarina rosnou, jogando o papel amassado em seu rosto. — Não teve a mínima decência de olhar em meus olhos enquanto falava isso, seu covarde!

— Não há nada mais a se dizer, Alteza. Me perdoe por ter passado a impressão errada para a senhorita — respondeu com a cabeça baixa.

— Olhe nos meus olhos — Catarina exigiu, notando que ele não movia um único músculo. — Isso é uma ordem, olhe nos meus olhos — falou firmemente, se era assim que ele queria agir, era assim que ela ia tratá-lo.

Eles ficaram se encarando durante um tempo, sem dizer uma única palavra.

— Eu o conheço, Constantino — A princesa sussurrou em meio ao choro, levantando sua mão até o rosto dele, fazendo um lento e delicado carinho. — Eu preciso que você olhe nos meus olhos, quero que você repita o que estava na carta. Mas assim, na minha frente.

— Não me peça isso, el mio dolce, Catherine*. Não me peça para repetir aquelas palavras olhando em seus olhos, você sabe que eu não seria capaz, mesmo que tentasse você saberia a verdade. — Constantino murmurou por fim, segurando sua mão delicada e depositando um longo beijo.

*Minha doce Catarina.

— Por que mentiu? — A morena perguntou, enfim aproximando o corpo deles. — Por que disse tamanha barbaridade quando eu conheço o seu coração? Você acha mesmo que eu acreditaria naquelas palavras? — questionou, colocando sua testa no largo peitoral.

Amor Improvável - AndamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora