XIII

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A primeira coisa que o corpo da princesa de Artena percebeu era que não estava mais em cima do seu cavalo e sim deitada em uma cama. Logo depois um cheiro de menta com outra erva desconhecida, invadiu suas narinas, acalmando suavemente seus músculos.

Tudo aconteceu em uma fração de segundos, pois logo em seguida Catarina se sentou de forma abrupta na cama, seu coração acelerado com a mera possibilidade de ter sido capturada novamente por Constantino.

— Minha cabeça — gemeu com dor, e só então notou que seus pulsos estavam enfaixados, com cuidado olhou para suas roupas, alguém havia colocado um vestido limpo e simples nela. Puxou o tecido a fim de olhar o estado de suas coxas, temendo o pior.

Entretanto, elas estavam com ataduras e sentia que elas já não doíam tanto. Constantino não se daria ao trabalho de fazer aquelas coisas, e nem arriscaria chamar alguém para cuidar de seus machucados. O que a acalmou parcialmente.

Colocou os pés no chão, percebendo que o cheiro que sentiu anteriormente vinha de uma caneca quente ao lado da cama. Sua garganta seca protestou quando viu o líquido, os aromas agora mais nítidos.

Levou o chá até as suas mãos, permitindo que o calor passasse por seus dedos rígidos.

— Não está envenenado, querida. É menta, alcaluz e algumas outras ervas que vão ajudar a cicatrizar seus ferimentos — uma voz gentil falou, fazendo Catarina se assustar e quase derrubar o líquido fumegante sobre si.

Uma bela mulher, com longos cabelos escuros e olhos de um azul profundo que beirava o cinza, a observava com uma expressão calma da porta do quarto, segurando uma menina que possuía os olhos iguais aos dela.

— Ah, essa linda boneca aqui é a minha filha. Tem um ano, e é o bebê mais inteligente que existe, não é mesmo Kate? — ela perguntou para sua filha com uma voz suave, depositando um beijo na cabecinha dela.

— Onde eu estou? — Catarina questionou, sua garganta protestando mais uma vez.

— Está segura, agora você precisa tomar esse chá. Depois venha para a cozinha que eu quero olhar seus curativos novamente — ela disse sem revelar muita coisa e saiu do cômodo. Deixando uma Catarina incerta sobre o que fazer e olhando para o líquido quente em suas mãos.


(...)

Castelo de Montemor


Na corte as coisas continuavam caóticas, fazendo Rodolfo sentir que sua dor de cabeça não passaria nunca mais. Com passos cansados foi até o corredor onde o seu irmão estava dormindo. Soldados de sua confiança no início e final do corredor fazendo sua segurança.

Entrou nos aposentos, sem se preocupar em fazer silêncio. Colocou a xícara que segurava com chá na mesa ao lado da cama e abriu as cortinas do quarto, abrindo logo em seguida as portas que davam para a varanda.

Ouviu seu irmão resmungar, apenas massageou sua têmpora e se sentou na poltrona, olhando para a enorme cama.

— Afonso, eu permiti que você dormisse o máximo possível. Mas não posso mais adiar isso, a corte está um caos e você precisa levantar-se — Rodolfo murmurou, seus olhos fechados.

— E porque não estaria tudo um caos, meu irmão? Minha noiva me deixou no dia do nosso casamento. Mas tenho certeza de que meus conselheiros já estão tomando as devidas providências sobre isso, afinal, é para isso que eles servem — o rei respondeu, cobrindo o rosto por conta da claridade do sol. — Não tenho motivos para levantar-me hoje, amanhã sentarei e verei as consequências dos atos dela.

Amor Improvável - AndamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora