Capítulo 4 - Rewind

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P.O.V. Eliza

Eu e minhãs irmãs ficamos ansiosas com a notícia festa. Angelica principalmente, que era a mais extrovertida (e atraente) de nós três. Ela diz que não é, mas sei que ela realmente fica feliz quando falamos isso. 

Angelica veio cursar Direito, Peggy Moda e eu Biologia. Ás vezes não dá para acreditar que nos damos tão bem com gostos tão diferentes. 

Quando o dia da festa chegou fiquei um pouco nervosa. Sempre fui a mais tímida de nós três. Não gosto de holofotes tanto quanto elas duas. Eu nunca fui a bonita ou a engraçada dentre nós. E eu não me importava. Não é como se eu quisesse os holofotes em cima de mim. Sempre que possível deixava-o para Angelica ou Peggy, elas o aproveitavam melhor do que eu.

Entramos na festa e resolvemos ficar mais separadas, para conhecermos várias pessoas e para que elas não tenham medo de nos chamar para uma conversa, já que não estaríamos em um grupo. Ideia de Angelica. A verdade é que ela não queria que segurássemos vela, pois tanto ela como Peggy e eu sabíamos que ela conversaria com segundas intenções com pelo menos um garoto, embora nós não falássemos isso em voz alta todas pensavam isso e todas sabiam que as outras pensavam. Não sei se consegui explicar. Sou péssima nisso. 

Vinte minutos de festa já se passaram e resolvi ir falar com Peggy, ver o que ela está fazendo. Mas não sou a única que vai na direção da minha irmã. Um homem alto e moreno está indo na direção dela. Resolvi não atrapalhar e examinei o salão, até que meus olhos encontraram uma pessoa. Um garoto de rabo de cavalo com dois olhos lindos. 

Queria chamá-lo para conversar. Queria conhecê-lo. Mas não sabia por onde começar. 

Ele se levantou e adentrou a pista de dança. Segui-o, para caso eu conseguisse desfazer essa confusão que está meu cérebro. Parte dele dizia "Vai lá, fala um oi e puxa papo" mas a outra falava "Você nunca vai conseguir chegar em garotos igual Angelica". A segunda parte falava mais alto, mas continuei seguindo o garoto. Após segui-lo por um tempo, me distraí para procurar Peggy e o garoto de repente parou, fazendo-me esbarrar nele e cair.

Que ótimo Eliza, pagar mico na frente do cara que você gosta.

"Você se machucou?" Ele perguntou para mim, estendendo a mão para eu me levantar. Estava com dor no quadril, mas obviamente não disse isso, ao menos se eu quisesse bancar a donzela indefesa da dor no bumbum.

"Não, não me machuquei" respondi depois de um tempo, pegando meu chapéu e a mão dele "Só tenho que prestar mais atenção por onde eu ando."

"O que você estava fazendo?" ele me pergunta.

É obvio que não diria 'seguindo você, já que te achei lindo e não tive coragem de falar oi' então dei uma resposta improvisada:

"Eu?! ... hum, estava indo pegar uma bebida"

Pelo que parecia ele não comprou minha ideia, principalmente porque corei um pouco.

"Bem, eu estava indo fazer o mesmo. Posso te acompanhar?" ele me perguntou. Me animei. Ele queria conversar comigo.

"Claro" disse eu, corando mais ainda. Ele corou um pouco também, devia parecer que passaram Ketchup na minha cara se comparasse com a dele.

Nós dois estávamos envergonhados. Isso é fato.

Fomos para o bar e conversamos um pouco, até que percebi que ele ficava encarando meus malditos olhos. Não eram olhos normais, eram estranhos. Daria qualquer coisa para ter ambos os olhos azuis, ou até mesmo castanhos. Virei o rosto para baixo na tentativa de escondê-los, mas ele notou meu movimento:

"O que foi?"

"Como assim?" fiz me de desentendida.

"Você virou sua cabeça para baixo. Desculpe por ficar encarando."

"Não tem problema. Você não tem culpa de eu ser esquisita."

"Você não é esquisita" ele disse, mas eu duvidei do que ele falava "Você é a garota mais linda que eu já vi na vida"

"Obrigada" disse, envergonhada "você é o primeiro de fora da minha família que não me trata como uma aberração"

"Pois, se você for mesmo uma aberração, é a aberração mais lida de todas"

Ri, envergonhada e comecei a brincar com meu cabelo até o bartender chegar:

"O que vocês vão querer para beber?"

"Suco de laranja" eu e ele dissemos, em uníssono "Jinx".

O bartender riu e pegou nossos sucos. Quando ele se afastou o garoto me pergunta:

"Qual o seu curso?"

Oi? Estava totalmente confusa nessa hora. Por que raios alguém pergunta o curso antes do nome? :

"O que?"

"Seu curso" repetiu.

"Ah, é Biologia" respondi "só achei estranho você perguntar sobre o curso antes de perguntar meu nome"

"É porque com o curso eu sei onde eu posso encontrar você" disse ele. Eu só não corei mais porque não era possível. Ele queria me ver de novo? "Mas, já que insiste, qual o seu nome?"

"Elizabeth Schuyler, mas pode me chamar de Eliza" respondi rindo de nervoso. "E qual o nome do cavalheiro que deseja me encontrar após o baile?"

"Alexander Hamilton, ao seu serviço"

"E o que cursa o Sr. Hamilton?"

"Direito" respondeu, rindo.

"Minhã irmã também cursa direito" disse, empolgada. Eu amava falar das minhas irmãs "Ela vive dizendo que, abre aspas, 'Os homens não vão lutar por uma causa que não é sua', fecha aspas. Ela vive se queixando de estar escrito "todos os homens são criados iguais" ao invés de "todas as pessoas". Vê se pode!"

"É" disse ele. Só não sei o que ele quis dizer com 'É'.

Chamei Alexander para o lado de fora para conversarmos em paz, já que a música ficava cada vez mais alta, e ele concordou. Nós sentamos em um banco na frente do dormitório feminino e conversamos um pouco, quando percebi que ele me encarava. Quando perguntei-o sobre isso, ele apenas respondeu:

"Estou te admirando"

"Qual parte de mim, Sr. Hamilton?"

"Seus olhos. Seu sorriso. Seu cabelo. Sua pele. Seu tudo. É tudo tão bonito. Você é bonita" Ele corou e eu também. Ele havia acabado de me chamar de bonita? Isso é um sonho e é um pouco de uma dança, um pouco de postura, um pouco de posicionamento. Ele é do tipo que quando tenta te cantar ele te canta.

Ficamos em silêncio por algum tempo e ele disse que precisava dormir para a aula do dia seguinte. Concordei, pois também tinha aula no dia seguinte e precisava digerir aquela noite. Não seria suficiente falar com Alex só quando nos encontrarmos, então dei meu número pra ele.

Após isso, me despedi e fui ao dormitório. Podia sentir ele me observando enquanto eu me afastava. Queria vê-lo de novo. Precisava. 

Hamilton College (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora