Mandei uma mensagem dizendo que queria falar com ele no refeitório. Quando eu cheguei ele já estava lá, visivelmente preocupado:
"O que aconteceu? Você não respondeu minhas mensagens, tá tudo bem?"
"Sim, eu estou bem. Não tem com o que se preocupar!"
"Ah, então você só não queira sair? Porque se for isso, era só falar"
"Não é isso, bobo! Minha colega de quarto tava mal e eu tive que ajudar ela. Não deu tempo de te explicar ontem e eu não consegui explicar por mensagem!"
"O que ela teve?"
"Ela estava chorando muito, deve ter sido um ataque de pânico, ou sei lá" disse "Você sabe que eu teria ido, se eu pudesse"
"Você poderia ao menos ter me dito que estava bem"
"Eu sei, desculpa! Que tal um cinema no sábado? Eu pago para compensar"
"Pode ser" concordou "SE você me deixar pagar a metade"
"Okay, melhor pra mim" disse. Conversamos por mais um tempo e depois fomos para mais aulas.
Angel me mandou uma mensagem, dizendo que Peggy a avisou que eu passei lá mais cedo. Disse a ela que não era nada, mas sendo a protetora que é não acreditou e pediu pra mim passar no quarto dela depois da aula. Lá fui eu.
Bati na porta após jantar e tomar banho. Precisava refletir comigo mesma antes de conversar com elas. Angel atendeu a porta e me abraçou. Após ela me soltar, entrei e abracei Peggy. Sentei na cama de Angel, que começou um questionário:
"Peggy me disse que você queria um conselho hoje cedo. Sobre o que era, Liz?"
"Nada de mais" menti.
"Se não fosse nada de mais você não teria vindo aqui tão cedo"
"Não foi cedo!"
"Okay, então seis e meia da manhã não é cedo?" Peggy rebateu.
"Olha, eu tô bem! Por que vocês não acreditam em mim?"
"Eu te conheço como eu conheço minha própria mente, maninha" Angel começou "Sei quando não está tudo bem"
"Pois você está enganada. Está tudo bem"
"Okay, se você não quiser contar, não conte. Mas se quiser contar nós vamos te ajudar. Você sabe que nós te amamos do jeitinho que você é"
Essa última frase me tranquilizou por uma fração de segundo, antes de eu perceber o que isso pode querer dizer. Ela me amava pelo que eu dizia que era. Elizabeth Schuyler, hétero. Por que isso me atormentava? Eu deveria estar feliz por saber o que eu realmente sou, mas por que eu não estou? Isso deveria ser uma solução, não um problema.
Decidi que não iria revelar que estava questionando minha sexualidade, por hora. Afinal, por que gays, lésbicas, bis, pans, aces e qualquer outro membro da comunidade LGBT tem que "se assumir" enquanto héteros cis não precisam? Isso dá a entender que nós somos diferentes, o que é verdade, mas é um diferente bom. Por que as pessoas não pensavam assim?
Não sei por que estava tão preocupada. Angelica sempre lutou pelas minorias, então provavelmente iria me aceitar, e Peggy era doce demais para deixar de falar com alguém por causa da sexualidade. Deveria ter falado-o logo, mas não o fiz.
: )
P.O.V. Alexander
Estava na frente do prédio do dormitório das garotas havia ao menos meia hora. Eliza estava demorando. Mandei algumas mensagens a ela, mas ela não havia respondido. Há quinze minutos atrás liguei para ela, mas ela não atendeu. Comecei a ficar preocupado. Mais vinte minutos se passaram e ela não voltava. 'Se ela não quer sair comigo ótimo, eu não ligo', pensei, mas não era verdade. Eu ligava. E muito.
Resolvi voltar ao dormitório, esquecendo completamente que Laf havia dito que convidaria um amigo para estudar lá aquela noite. Quando abri a porta e me deparei com um rapaz de altura média (mas mesmo assim passando a minha), moreno com cabelo escuro e curto não pude esconder a surpresa.
"Monsieur Hamilton?" Lafayette notou minha presença "Achei que você tinha um encontro hoje"
"Pelo jeito não rolou, esperei ela mais de meia hora e ela não veio"
"Isso é ruim. Ou ela passou mal ou ela não gostou de você"
"Jura?!" falei, irônico "Não havia percebido"
"Bem, de qualquer modo, esse é Monsieur Mulligan, meu colega de classe"
"Prazer" disse ele, estendendo a mão.
"Sou Alexander Hamilton, o prazer é meu"
"Acho melhor eu ir, Laf" Mulligan ia se despedindo, mas eu intervi:
"Não precisa, sou eu que voltei mais cedo do que o planejado. Podem continuar os estudos, eu vou na biblioteca estudar também"
Disse isso e saí, sem esperar resposta. Chegando lá peguei um livro sobre Direito Criminal e me sentei em uma das mesas. Alguns minutos depois outra pessoa entra na biblioteca pega um livro e senta algumas cadeiras à minha direita.
"Achei que minha irmã tinha um encontro com você" falou a pessoa, e me dou conta que era Angelica.
"Como você sabe disso?"
"Eu conheço minha irmã como eu me conheço. Eu vi ela suspirando por aí. E ela começou a te seguir no Instagram, e você ela. Provas à mesa. Só ligar uma coisa na outra e voilà."
"Já pensou em ser detetive, senhorita Schuyler?" disse, rindo.
"Na verdade já, mas não adianta pegar o bandido se ele for liberado pelo tribunal"
"Seu modo de pensar é surpreendente" confessei "Quem me dera tê-lo, mas me diga, senhorita Schuyler, já que você sabe tudo isso, será que poderia me dizer por que ela não veio?"
"Ela não foi ao encontro?" perguntou ela, surpresa "Achei que você que não havia ido"
"Pois eu fui, e esperei ela por mais de meia hora"
"Bem, peço desculpas por achar que era você. Já ia te dar um aviso para não quebrar o coração de minha irmã. Ela é a melhor coisa na minha vida, e, agora que vocês estão saindo, ela é a melhor coisa na sua também. Não se esqueça disso"
"Anotado" brinquei, mas vendo que ela estava falando sério, completei "Ela não vai sofrer por minha causa se eu puder evitar"
"Bem, já que é esse o caso, vou voltar para meu quarto, senhor Hamilton"
Fiquei alguns minutos em silêncio após Angelica sair, olhando para o nada. Ela amava mesmo a irmã dela. Será que ela não foi por minha causa? Eu esperava que não. Não queria me meter em problemas com Angelica.
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Hamilton College (AU)
FanfictionAlexander Hamilton, um menino órfão do caribe, entra para uma universidade, onde conhece várias pessoas, algumas agradáveis, outras nem tanto assim... Os personagens são baseados nos de Lin-Manuel Miranda e eu apenas os usei para me basear, Sem o in...