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Eu estava tão feliz, era o dia da festa do meu noivado e eu não conseguia parar de pensar em Seo Chung Ho e no seu pedido peculiar. Nós decidimos ir com calma, primeiro noivamos e depois estaremos casados, eu mal podia esperar para ser uma mulher casada.

Eu estava tremendo de nervosismo, vários dos nossos amigos e familiares estavam presentes naquele dia, todos iriam testemunhar nosso imenso passo na relação e só de pensar assim eu me sentia ainda mais nervosa. Minha mãe segurava minha mão enquanto eu caminhava até o local da festa, eu não sabia se iria conseguir ficar menos nervosa, todos esperavam uma noiva perfeita e com certeza eu também queria parecer perfeita nesse dia. Entrei no salão de festas e fui cumprimentada por alguns convidados que ali estavam, tudo estava magnífico, as flores deixavam o lugar mais cheiroso e as luzes iluminavam todos os cantos, era tudo conforme um sonho. Procurei por Chung Ho, porém não encontrei o mesmo, ele poderia estar atrasado, andei até o banheiro que ficava ao fundo do salão e me olhei no espelho, meu vestido azul celeste deixava minha pele radiante, a maquiagem estava boa e meu penteado não tinha soltado um único fio, eu ainda estava muito bonita e gostaria de continuar desse modo.

Saí do banheiro e andei pelo corredor, assim que me virei, meu coração gelou na mesma hora e eu não soube o que fazer por um momento. Ambos que estavam próximos me olharam surpresos, voltei a andar sem ligar que o mesmo me chamava desesperadamente. O que ele iria me dizer? Que foi seduzido por ela? Eu não podia acreditar que estava sendo traída dessa maneira, por pessoas que eu nunca imaginei que fossem fazer isso comigo. Assim que me vi no salão novamente, senti uma mão segurar meu braço e me virar, olhei para ele com lágrimas nos olhos, isso não podia estar acontecendo, tudo o que vivemos não podia ter sido nada para ele.

— S/N... Eu posso explicar tudo.

— Explicar o quê?— gritei alto, não me importava se as pessoas iriam ouvir ou não.— Tudo o que tivemos acabou, você já me envergonhou o bastante!

— Você já se envergonhou o bastante achando que essa nossa relação iria progredir...— ele disse, me fazendo soltar mais lágrimas— Todos sabem como eu sou, S/N, mas você ainda quis ficar comigo achando que poderia me mudar— ele riu sem humor.— Adivinha, só? Eu não mudei nada, era tudo uma farsa, assim como eu...

Dei um tapa em seu rosto, não podia mais aguentar aquilo, saí correndo daquele lugar com dificuldades por causa dos saltos, então era isso... Nossos sonhos juntos, nosso futuro, as conversas de madrugada, me senti tão suja em lembrar que deixei que ele fosse o primeiro a me tocar, eu não podia ter sido mais idiota.








Acordei com o coração acelerado, mais uma vez lembrando desse pesadelo terrível que realmente aconteceu em minha vida. Levei uma mão em meu peito e suspirei tentando acalmar a respiração, me levantei da cama e andei no escuro, não me importava se iria bater nos móveis, só precisava beber um pouco d'água, liguei a luz da cozinha e fui até a geladeira, eu ainda tremia um pouco, iria precisar tomar os calmantes se quisesse dormir.

Peguei um copo e coloquei em baixo da torneira, bebi o líquido e passei a mão em minha testa respirando fundo mais uma vez. Abri a caixinha de remédios, tirei de lá umas pílulas e coloquei água no copo novamente, tomei tudo e tentei me acalmar. Percebi que alguém se aproximava, segurei no balcão da pia e tentei relaxar um pouco.

— Noona... O que você faz acordada nessa hora?— perguntou Jong Suk para a minha surpresa.

— Eu... Acordei para vir beber água...

Foi a primeira coisa que me veio a mente, ele se aproximou de onde eu estava e viu o remédio que eu tinha tomado, me olhou indignado por estar mentindo para ele, guardou tudo o que estava na pia e colocou em seu devido lugar, me senti uma tonta, mas eu precisava muito daquilo para dormir.

— Por que está tomando esses remédios, S/N?— ele perguntou, mas eu continuei quieta— Tem alguma coisa errada com você?

Eu o olhei e vi em sua expressão que estava muito preocupado, eu fiquei receosa em contar para ele, nem mesmo minha mãe sabia desses meus pesadelos, às vezes são piores e me deixam com mais pânico ainda.

— Depois que aquele dia da traição aconteceu... Eu nunca mais consegui ter noites boas, por anos vivi me culpando pelas coisas que aconteceram e nunca mais deixei que meu relacionamento com as pessoas fosse mais profundo, desconfiava de tudo e de todos, desde então... Fico com medo daquilo acontecer de novo.

Deixei que a teimosa lágrima caísse, eu não queria chorar, porém ao me lembrar da maneira de como tudo aconteceu, não pude me controlar. Senti os braços do garoto me abraçarem de lado, encostei minha cabeça em seu peito e senti ele me apertar forte, minha tristeza aumentava mais ainda.

— Eu sinto muito por tudo o que aconteceu, Noona... Sei como deve ter sido ruim pra você, mas agora eu estou aqui do seu lado.

— Obrigada, Suk...

Conforme ficávamos juntos, senti a sonolência do remédio se manifestar em meu corpo, suas mãos acariciavam minhas costas e eu relaxava com aquilo. O Lee começou a andar me segurando junto, deixei ser guiada por ele e acabamos indo até meu quarto, o mesmo ligou a luz do meu abajur e me deitou na cama, aconcheguei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos esperando que ele saísse, porém me surpreendi novamente assim que senti o colchão afundar ao meu lado, ele puxou um pouco do cobertor para si e desligou a luz, como se tudo fosse extremamente normal.

Meu coração palpitou mais rápido quando ele aproximou-se de mim e me abraçou de lado, não fazia ideia do que se passava na sua cabeça, mas na minha estava completamente dominada por pensamentos, nós não podíamos estar assim, somos adultos agora.

— J-Jong Suk, você não pode ficar assim comigo...

— Só estou me certificando de que você vai estar bem, se tiver uma crise, eu vou estar aqui pra te ajudar...— sussurrou, sua voz falhava um pouco, ele também parecia estar nervoso.

— Eu te agradeço por isso, mas...

— Apenas durma, S/N. Você mesma me disse que não me vê como um homem, não deveria estar tão agitada.

Engoli em seco, ele estava certo, eu não posso deixar que minhas necessidades falem mais alto, se fossemos crianças, isso seria mais fácil. Demorou um pouco, mas finalmente consegui fechar os olhos e relaxar, tentava mantê-los abertos, mas falhei ao tentar, sentia meu corpo cada vez mais sonolento e minha mente finalmente parar de se questionar silenciosamente.

— Eu não vou te deixar... Nunca mais...— foi a última coisa que ouvi ele dizer, antes que eu pegasse num sono profundo.

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