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Levantei da minha cama e estiquei meus braços para cima, coloquei as pantufas e caminhei até o banheiro. Minha cabeça parecia explodir, nada do que eu já não estivesse acostumada, peguei minha escova de dentes e comecei a escová-los enquanto me olhava no espelho, meu rosto parecia ter levado vários socos, agradeci mentalmente por hoje ser sábado e eu não precisar trabalhar. Terminei de fazer tudo e saí daquele cômodo, fui até a cozinha e encontrei Jong Suk preparando o almoço, o cheiro estava bom, me aproximei dele e lancei um sorriso um pouco nervoso.

— O que aconteceu ontem à noite?

— Você não se lembra de tudo?— perguntou, neguei com a cabeça— Uma das suas funcionárias ligou para mim falando que você estava muito bêbada e fazendo um escândalo, então eu fui o mais rápido possível e quando eu cheguei parecia que você estava se divertindo bastante com aquele homem.

Seu olhar continuava sério, ele não olhava para mim enquanto falava, senti uma imensa vergonha ao ouví-lo me contar aquelas coisas, como ia conseguir voltar pra empresa depois disso? Suk cortava os legumes com muita força sobre a tábua, sua expressão estava fechada e ele parecia não querer muita conversa, tentei fazê-lo ir mais devagar com a faca, porém o mesmo dispensou minha ajuda e continuou da maneira que estava fazendo. Ao me virar de costas, ouvi um gemido de dor vindo da sua parte, fui até ele imediatamente e vi seu dedo sangrando.

— Você deveria ter feito isso mais devagar!— segurei o dedo machucado com minha mão — Vamos, eu vou cuidar disso.

Levei ele até o banheiro mesmo a contragosto de sua parte, abri a torneira e deixei que a água caísse em seu dedo. Tirei do armário uma pequena caixinha de primeiros-socorros, sequei a área úmida com o algodão e abri um curativo para por em cima, Jong Suk olhava tudo atentamente, ainda bem que o corte não foi tão profundo.

Quando acabei, olhei para o mesmo que continuava calado, ele estava muito estranho, será que eu tinha feito algo pra ele? Não me lembrar de exatamente tudo na noite passada me deixava nervosa.

— Por que você continua me tratando desse jeito? — perguntei, o garoto me olhou finalmente.

— Quer mesmo saber?— seu tom de voz continuava sério, eu concordei— Você me preocupou tanto ontem, não ligou pra ninguém e nem atendeu minhas chamadas... Quando a sua funcionária me ligou, fiquei desesperado, mas me senti um idiota por ter visto que você estava tão alegre daquela forma.

— Suk... Me desculpa. Eu sei que foi errado ter feito isso com você, não queria que se preocupasse tanto assim comigo.

— Mas eu me preocupo! Não teve um só dia que eu não me preocupasse, mesmo que a gente se afastou por um tempo, eu continuo da mesma forma, você tinha razão quando disse que eu não mudei nada.

Olhei bem para ele, seu rosto suavizava conforme me dizia aquelas palavras, eu não sabia o que fazer, nunca o vi tão emotivo. O mesmo me lançou um último olhar e ameaçou sair do banheiro, porém o puxei de volta e passei meus braços em volta de seu tronco, não sabia o que tinha dado em mim, mas eu precisava daquele abraço.

Suk continuou paralisado, apertei o garoto ainda mais em meus braços e senti seu coração acelerado, sorri com aquilo, ele conseguia ser fofo até mesmo nessas situações. Inesperadamente, o mesmo correspondeu o abraço da mesma forma, eu queria poder livrá-lo de qualquer sofrimento, mas eu mesma estava trazendo isso.

— Eu realmente sinto muito, Suk...— passei uma das minhas mãos entre seus cabelos.

Soltei o mesmo e voltamos a nos olhar daquela forma, eu me sentia estranha, meu coração não podia ficar tão acelerado dessa forma, ele é apenas um garoto. Jong Suk ficava vermelho quanto mais os minutos passavam, quebrou o contato olhando para baixo, ri de sua atitude e ele desculpou-se por ter feito aquilo.

Decidimos voltar para a cozinha e fazer o almoço juntos, o mesmo me dissera que minha mãe tinha saído algumas horas atrás sem dizer para onde ia, isso me preocupou um pouco, mas ela sabe o que faz. Deixei que Suk terminasse sozinho, peguei meu celular para verificar os e-mails do trabalho, sempre tinha algo para ver e eu aproveitaria aquele tempo para fazer isso.

Várias mensagens estavam na minha caixa de entrada, porém eu somente lia os mais relevantes para mim. Uma notificação do KakaoTalk me chamou a atenção, eu nunca recebia mensagens por aquele aplicativo, até mesmo pensei em excluí-lo, devo ter me esquecido de fazê-lo.

Abri a mensagem e me estranhei com a maneira que falava comigo, fui até o perfil e meu corpo paralisou ao ver quem era, um medo incontrolável se fez presente e a sua imagem de antes veio em minha mente, além das más lembranças, o que aquele cara queria comigo?

Decidi apagar a mensagem e bloquear, eu não ia respondê-lo, se estava achando que poderia voltar depois de tudo o que fez, estava enganado. Já sofri o bastante, não quero ter de vê-lo e relembrar tudo o que fizemos juntos, ainda é vergonhoso para mim saber das coisas que fiz por ele.

Deixei o celular na mesa de centro e parei de ver as mensagens, eu estava entrando em pânico, mas não tinha um motivo para isso, ele não está aqui e com certeza não vai aparecer para mim, deve estar querendo algo entrando em contato. Uma lágrima desceu por meu rosto, tentei segurá-la ao máximo, porém não foi o suficiente, mais uma vez estava sendo patética.

— Noona, acabei de terminar tudo, nós podemos comer!— gritou Jong Suk da cozinha, eu sequei meu rosto com as mãos rapidamente.

Não iria envolver Suk nisso, ele já estava sofrendo o bastante com tudo o que estava acontecendo em sua vida, meus problemas são só meus, não há necessidade de contar nada para ele. Levantei do sofá e andei até a cozinha, tentei mudar minha expressão para uma menos triste, ele colocava tudo o que estava na mesa em seu prato, parecia estar com muita fome, sorri com sua maneira desajeitosa. Nos sentamos e eu continuei sem dizer uma palavra, ele não parecia desconfortável com meu silêncio, algo que admiro no mesmo é sua cautela para com as pessoas, nunca se intromete se não for convocado.

Ouvimos o barulho da porta se abrir e de passos vindo até onde estávamos, a mulher chegou com muitas sacolas em mãos, toda vez que saí sempre volta com várias coisas, às vezes tenho de impor limites nela. Juntou-se a nós e começou a comer, ela estava mais sorridente do que o normal e parecia mais amável, com certeza iria dizer o que aconteceu em qualquer momento.

— Tenho boas notícias...— olhou para nós, sorri percebendo estar certa — Uma cafeteria que abriu poucos dias atrás está procurando novos garçons, e adivinha? Eu recomendei meu Suk para trabalhar lá, me disseram que poderia ir amanhã para fazer uma entrevista.

— Omeoni, isso é ótimo!— ele sorria de uma maneira inexplicável— Estou muito agradecido por ter feito isso por mim.

Senti um alívio por ele ter conseguido algo, espero que dê certo e assim eu não o veja tão triste. Aquela notícia me deixou mais alegre, um pouco do meu medo desapareceu e eu consegui sorrir, Suk não estava diferente, até mesmo estava fazendo piadas e soltava gargalhadas altas, era bom vê-lo assim.

Mesmo com toda aquela animação, eu não parava de pensar em Seo Chung Ho, por que depois de tanto tempo ele resolve aparecer agora? Eu não sabia o que ele queria, mas espero nunca mais saber dele novamente.

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