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Alguns dias tinham se passado depois daquele acontecimento no elevador, e sinceramente, nunca me senti tão bem ao falar com uma pessoa que não fosse da minha família. Nós começamos a nos aproximar mais, claro que eu tomava os cuidados necessários para não me machucar, porém Do Yun respeitava sem me questionar e eu achava isso maduro de sua parte.

Aquele mesmo aplicativo que eu dissera que iria excluir estava sendo mais usado por mim, eu só tinha uma pessoa para conversar, mas isso não ficaria assim por muito tempo, eu ia conseguir me abrir mais com as pessoas e fazer amizades como antes, eu tinha tantos amigos, mas me distanciei de todos por medo. Eu estava sentada no sofá enquanto digitava algumas palavras para o garoto, mamãe e Suk assistiam um programa de entrevistas, eles pareciam tão entretidos e como não me interessei pelo programa, resolvi responder as mensagens de Do Yun.


(Coloque a música da multimídia)

Passei tanto tempo no celular que nem ao menos percebi as horas, já estava tarde e amanhã eu iria ter que trabalhar, me despedi dele e desliguei a tela do celular, me levantei do sofá e caminhei até o banheiro. Peguei minha escova de dentes e comecei a escová-los, visualizei todo o meu rosto no espelho e continuei pensando em algumas coisas inúteis. Deixei a escova onde estava e abri a porta do banheiro, me assustei ao ver que Jong Suk estava parado ali perto, passei por ele, mas sua falsa tosse me fez parar e virar para o mesmo novamente.

—  Com quem você falava até agora? — perguntou, sem olhar nos meus olhos.

— Um amigo que conheci no trabalho!

— Ele é só um amigo mesmo? — dessa vez seu tom estava mais sério.

— Está com ciúmes, Suk?

Ele ficou agitado com minha pergunta, abria e fechava a boca, sem me responder. Me aproximei do garoto, ele deu alguns passos para trás, porém prendi o mesmo na parede para que não desse alguma desculpa e saísse, as luzes do corredor estavam apagadas, somente a do banheiro continuava acesa, mesmo assim eu conseguia perceber que seu rosto estava mais vermelho do que de costume, sorri com isso.

Eu não sabia o porquê de estar fazendo isso, mas vê-lo dessa maneira era tão tentador, eu gostava do modo como ele sentia-se envergonhado com tudo o que eu fazia, mesmo não sabendo o motivo real por trás disso, acho que é sua timidez falando mais alto.

— Admita, Suk... Você sente ciúmes de mim?

— E-eu... Você já devia saber a reposta...

— Mas, eu quero que você fale.

Seus olhos não conseguiam permanecer nos meus, ele estava cada vez mais nervoso, eu podia sentir isso, meu coração voltou a palpitar mais rápido, essa sensação vem me dominando cada dia mais que passamos juntos, eu não posso estar me apegando tanto assim nele. Em um ato inesperado, Jong Suk me puxou para si e me abraçou, dessa vez, fui eu quem fiquei nervosa, não estava esperando que ele fosse fazer alguma coisa. Suas mãos acariciaram minhas costas indo até meus cabelos, meus batimentos estavam descontrolados, eu não podia estar gostando dele, não mesmo.

— Eu sinto ciúmes de você, Noona...— falou um pouco baixo — Será que sente o mesmo por mim?

Sua pergunta me pegou de surpresa, eu estava tendo alguns sentimentos estranhos por ele, mas não podia admitir claramente que estava apaixonada, também não sabia se poderia ser correspondida, porém não podia negar que me sentia incontrolável quando estava perto dele. Me afastei um pouco para olhar em seus olhos e respondê-lo, consegui ter finalmente um contato visual com o mesmo, ele parecia esperançoso com o que eu iria dizer, não queria mentir para ele, eu teria de enfrentar isso qualquer dia.

— Sim, eu sinto o mesmo.

Ele sorriu um pouco e abaixou o olhar, descansei uma mão em seu peito e me aproximei de seu rosto, não sabia se ele queria, não sabia o que eu estava prestes a fazer, mas precisava ter certeza do que vinha me atormentando. Será que esse jovem garoto conseguiu quebrar todas as barreiras que eu ergui?

Suk fechou os olhos e isso me encorajou muito mais, estávamos a centímetros de distância um do outro, meu coração batia mais forte conforme os minutos passavam. Eu queria tanto beijá-lo, era uma sensação diferente, nunca fiquei assim com ninguém, essas sensações me invadiam de uma forma inexplicável.

— O que é que vocês estão fazendo? — perguntou minha mãe, depois de ligar a luz.

Soltei rapidamente o mesmo e olhei para a mulher que nos encarava confusa, queria poder sumir nesse exato momento, olhei para Jong Suk e ele estava pálido, queria rir dele, mas não era um bom momento para fazer isso.

— É... Tinha um cisco no olho dele, eu ia ajudar tirar.

— Com os olhos fechados? — ergueu uma sobrancelha, revirei os olhos.

— Já tá tarde, não é mesmo? Vou dormir, boa noite para vocês.

Saí rapidamente e ignorei todos os escândalos que minha mãe fazia, fiquei com pena de ter deixado Suk sozinho, mas eu não queria ter de ouví-la falar e não gostava muito de mentir. Assim que fechei a porta do quarto, um sorriso enorme formou-se em meu rosto, eu estava quase... O que deu em mim?

Nunca vi Lee Jong Suk dessa forma, ele era apenas um garoto para mim, mas depois que ele voltou para a minha vida, sinto cada vez mais vontade de tê-lo por perto, não sei o que será de mim quando o mesmo for embora. Ainda não tinha certeza se ele sentia o mesmo, bem... As pessoas geralmente fecham os olhos ao se beijar e se ele não quisesse teria me dito, e... Aish!

Deitei na cama e tentei não pensar mais nisso, eu poderia tentar ter uma conversa com ele amanhã, isso esclareceria muita coisa. Virei mais algumas vezes no colchão, até encontrar uma posição confortável, seria uma longa noite.

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Assim que terminei a última tigela, me levantei da cadeira e peguei minha bolsa junto com as chaves. Me despedi da minha mãe e passei pela porta, mesmo com toda essa pressa eu ainda teria que esperar pelo Lee. Tirei o carro da garagem e fiquei esperando o garoto, não estávamos atrasados, porém eu queria sair mais cedo de casa, ter de levá-lo todos os dias para o seu trabalho estava me fazendo chegar atrasada no meu, por isso decidi que iriamos mais cedo, claro, se Jong Suk cooperasse.

A porta do carro abriu-se rapidamente e ele entrou se desculpando, dei partida no veículo e dirigi da forma mais rápida possível. Eu ainda me sentia estranha depois do que aconteceu ontem, nós não trocamos uma palavra sequer e ainda bem que minha mãe não tocou no assunto. Eu queria que minhas perguntas internas fossem acabadas, mas como o conheço bem, Suk não irá falar nada tão cedo, e na verdade, fui eu quem dei os primeiros passos.

— Noona... — me chamou timidamente, dei uma breve olhada em seu rosto — Você não precisa vir me buscar hoje, meu amigo do trabalho vai me levar.

— Amigo? Não tinha me dito que já fez amizade... Ele não é uma má pessoa, certo? Não vou deixar que ninguém tire sua inocência desse jeito.

— Ele não é, Noona!- riu um pouco — Nós moramos no mesmo bairro, por isso ele quer me dar a carona.

Fiquei um pouco menos preocupada, mas não ia descansar até conhecer esse garoto, sei que estou sendo um pouco paranóica, mas Jong Suk é alguém tão ingênuo, não me espantaria se esse novo amigo dele fosse a pior pessoa do mundo. Realmente, eu não tinha noção do que ele estava fazendo no meu coração, o porquê disso acontecer só agora ainda é um mistério para mim.

Parei na porta da cafeteria, observei ele pegar suas coisas e abrir a porta do carro novamente, como sempre, ele se despediu depois de ter saído com um breve aceno, sorri para ele e voltei a manter minha atenção no trânsito.

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