⋆⊰ Capítulo 22 ⊱⋆

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[...]

Me levanto logo cedo, não passam das sete da manhã e não consigo mais ficar deitada nessa cama. Abro a cortina do quarto, mas a luz calorosa do sol não se faz presente. O céu está encoberto pelas nuvens carregadas, nublado, assim como meu interior.

Deixo meu quarto e vou direto para a cozinha comer alguma coisa, mas acabo pegando algo já pronto, algumas torradas com um pouco de manteiga, fazendo apenas o café. Meu humor hoje não está nem para cozinhar.

Lambisco algumas das torradas por puro costume, sem vontade ou apetite algum em comer. Meus olhos só conseguem olhar para a escada, esperando inquietamente para que Ryan apareça.

Acomodo-me deitada no sofá, pensando em como posso ajudá-lo ou persuadi-lo para ver um médico. Isso não vai acabar bem, eu posso ver como ele fica pior em cada vez que meus olhos o alcançam. Não posso ser sufocante, mas também não há chance de que eu vá deixá-lo sozinho.

Sou arrancada dos pensamentos quando ouço passos descendo a escada e Ryan para aos pés dela, me olhando com um olhar estranho.

— Ally, achei que ainda estava no quarto. — Ele desvia rapidamente o olhar de mim, esfregando as mãos juntas.

— Acordei cedo, não consegui ficar na cama.

— É, eu te acordei. Desculpa. — Ryan parece melhor até na forma que fala, mas ainda está agitado. De longe posso ver o suor lampejando aos pés dos seus cabelos.

— Não, é costume dos dias de trabalho. — Minto bem, me sentando direito no sofá. Ele é o constante pensamento que me desvia do sono. — Como você tá?

— Melhor. — Ele responde rápido, seus braços e mãos inquietos.

— Que bom! Tem torradas, manteiga e café no balcão.

Suas pernas se movem com rapidez em direção ao balcão e ele se acomoda na banqueta.

É agora, Ally, coragem!

Me levando e a passos mansos me aproximo de Ryan, parando bem ao seu lado.

— Ryan, precisamos conversar.

— Sobre o quê?

— Sobre isso. — Aponto para o leve tremor em suas mãos e ele as fecha em punhos.

— Eu tô bem!

— Temos que parar de fingir que isso não é nada. — Rebato.

— E não é! — Seu tom ríspido me diz que isso não será fácil.

— Olha, eu quero te ajudar, mas primeiro você precisa se deixar ser ajudado.

— E o que vai fazer pra me ajudar? Me controlar? — Ryan se exalta e noto sua respiração mais acelerada.

— Não, nós podemos ir ao médico como conversamos.

— Você não precisa se preocupar comigo, tá legal? — Sua voz se eleva, me fazendo recuar um pouco.

— Como quer que eu não me preocupe? Eu tô vendo o que tá acontecendo com você! — Retruco, zangada com sua teimosia.

— Me dá um tempo! — Ryan grita, se levantando com exaltação, e me empurra com força me derrubando com brusquidão no chão.

Apoio-me sobre as mãos e o encaro um pouco assustada com sua atitude. Seu olhar cheio de raiva me fita no chão e se transforma, se tornando nebuloso e frio.

— Me desculpa… — Ele traz a mão ao meu encontro, mas antes que eu possa aceitar sua ajuda para me levantar, ele a afasta, como se tivesse medo de me tocar.

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