EXTRA - Minha Pessoa

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Era pra ter sido postado domingo, mas a tia aqui ficou confusa com a linha de data do relacionamento dessas duas... Enfim, aproveitem!

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Sinopse: Esperando o despertador tocar, avisando-a de que é hora de se preparar para o trabalho, Mary Wardwell-Spellman remexe suas memórias enquanto observa sua esposa dormir.


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Dias são tristes, felizes, agradáveis, monótonos, depende de como os moldamos e de como nos moldamos para vivê-los. Da mesma forma que as noites. Entretanto, algo no céu escuro, no cansaço eminente ou nas estrelas brilhantes que pontilham o céu, faz com que todos nós tratemos as noites de maneira diferente.

Mary Wardwell nunca teve problemas para dormir, muito pelo contrário, o despertador sempre foi seu inimigo mortal desde a infância. Ela teve problemas para acordar todos os dias de sua vida escolar, ansiosamente desejando que isso findasse quando iniciasse a vida adulta, mas tal feito nunca aconteceu. Entretanto, após acordar, ir ao banheiro e voltar a compartilhar a mesma cama que sua esposa, os olhos azuis de Mary estavam bem abertos e distantes de darem trégua.

Movendo os mesmos em direção a mesa de cabeceira e encontrando o relógio de ponteiros beirando as seis da manhã, nem se deu o trabalho de tentar findar ao sono. Desde o casamento, ela e Zelda acordavam mais ou menos nesse horário e se dirigiam juntas para o Orfanato, absolutamente todos os dias, então não existia motivo para se frustrar tentando dormir.

Soava como uma rotina maçante e monótona para terceiros ter sua rotina resumida em acordar com Zelda, se arrumar com Zelda, levar Leticia ao colégio com Zelda, ir ao trabalho com Zelda, trabalhar com Zelda, almoçar com Zelda, voltar a trabalhar com Zelda, buscar Leticia com Zelda, jantar com Zelda e ir dormir com Zelda, apenas para iniciar tudo novamente no próximo dia.

Talvez até fosse para a Mary, caso a questão tivesse sido feita seis anos atrás, entretanto, hoje essa era a rotina que ela tinha iniciado a seis meses, quando as duas mulheres se casaram, e ela desejava viver a mesma por muitos anos. E pensando nisso, direcionou seu olhar a ruiva adormecida ao seu lado.

Zelda era linda, mesmo com os cabelos avermelhados espalhados desordenadamente pelo travesseiro e a pele pálida das costas amostra, graças a alça caída da camisola. Para Mary, Zelda era tão linda adormecida e sem maquiagem quanto com os lábios corados pelo batom avermelhado e conjuntos de trabalho.

Inspirada pela visão das entranhas avermelhadas dos cabelos de sua esposa, ela notou uma única mecha vermelha curta, escondida na nuca da mesma.

Seu cérebro trabalhou um pouco, mas, rapidamente, a mente da dona dos olhos azuis viajou em meio a lembranças.

Era a primeira semana de Zelda Spellman trabalhando no Orfanato. A bibliotecária anterior desistiu com apenas uma semana, dizendo que iria se mudar para a cidade vizinha com o esposo, o que frustrou Mary. A morena realmente gostava da companhia de Arletha, e isso comprometeu significativamente seu relacionamento com Zelda.

O relacionamento delas era puramente profissional. Afinal a ruiva não era o espelho de alguém gentil ou agradável de se iniciar conversas, sempre iniciando uma missão estúpida para fazê-la se sentir mal. Então, todo o período em que ambas trabalhavam juntas era regado a um silencio que cheirava a desprezo e indiferença, onde uma não ajudava a outra em absolutamente nada.

Isso tudo até um menino de quatro anos, Judas, chegar no Orfanato.

Ele era uma criança esteticamente adorável, com seus cachos crespos e covinhas a mostra, mas ela ouvia as conversas da sala dos professores sobre o quão inadequadamente ele se comportava durante todas as aulas. E isso não agradava a Mary Wardwell, fazendo com que ela fosse extremamente profissional e distante do garoto.

Glasses Stay On (Coleção de One-Shots AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora