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3 meses, 3 malditos meses que eu não sei nem quem eu sou. Meu humor está pior do que de um cão raivoso, pavio curto, qualquer vacilo é motivo para punição e morte.Costumo ser implacável com quem vacila comigo, mas tenho piedade. Nesses 3 meses eu já decretei umas 20 execuções e perdi a conta de quantos mandei para o castigo. Tudo bem que era situações que já estava se estendendo há muito tempo e precisavava de um decreto permanente, mas eu sempre tenho piedade eu sempre dou um prazo, não me entenda mal eu não sou sanguinário só faço o bastante para proteger meu morro, e eu sei a quem eu atribuo toda a minha mudança de personalidade, a ela, eu não sei onde ela está, eu não tenho notícias dela, já mandei os meninos ficarem de vigia na frente do hospital para ver se encontra ela, mas eles não veem ela mais. Eu só penso nela, qualquer lugar dessa maldita casa me lembra ela, eu durmo mais no escritório da boca do que em casa para não ter que lidar com suas lembranças e tirando a parte que estou me drogando mais do que o comum, da última vez que fiquei assim foi quando tive que assumir o comando do morro, eu não queria, eu briguei com o meu pai, implorei, mais tive que assumir mesmo assim, lembro que fiquei uma semana trancado no meu quarto só cheirando e bebendo, até o dia que eu cheguei à conclusão que não adiantaria nada acabar com a minha vida nas drogas e tomar as rédeas da situação. Só que dessa vez esse fundo do poço está durando demais, já faz três meses que eu estou fazendo tudo no automático como um maldito robô, onde só encontro prazer em castigar os outros, esse não sou eu, não sou assim.

-Chefe- Maiquin entra na pela porta - Já realizamos o serviço e jogamos os corpos no matagal como o senhor ordenou

-Tranquilo- término de cheirar a carreira de po e me levanto esfregando o nariz e sentindo a maldita mecher com meu psicológico.- Hoje é dia de cobrar aluguel dos morador

-Pode deixar que faço isso chefe- ele fala tentando me fazer não ir, ele sabe como está minha cabeça nesses últimos tempos

- Bora, vou junto, chama mais dos meninos e vamo desenrolar essa parada

.....

-Já está devendo um aluguel, e quer deixar esse novo pendurado também? Tá me achando com cara de caridade porra!- falo segurando sua camisa e imprensando na parede

-Eu sei senhor, mais é que eu fui mandado embora do serviço, não era carteira assinada e estou sem seguro. Consegui um novo serviço mais só vou receber no final da semana. Espera só mais um pouco e eu acerto contigo

-Porra nenhuma, comigo vacilao não se cria não.- pego minha armas dou uma coronhada no seu olho, ele vai no chão e eu chuto sua barriga duas vezes, ele cospe sangue e agora sim me sinto satisfeito- vai aprender agora que comigo é sem vacilação se não pagar com dinheiro paga com a vida comédia-puxo a trava da minha arma e miro na sua cabeça

-Papai...

-Não filha vai para o quarto-ele pede a menina em desespero

-O que está acontecendo?- ela está com os olhos cheios de lágrimas ela não deve ter mais de sete anos, me acolha assustada e agora eu vejo o monstro que estou me tornando
Se a Lavinia estivesse aqui teria pavor e vergonha de mim, eu não sou esse mostro

-Nada não bebê- digo escondendo minha arma-Seu papai só caiu, está tudo bem- digo sentindo uma culpa enorme. O cara não é viciado ele é trabalhador eu conheço ele, eu não devia fazer isso-Vou espera o aluguel no mês que vem, não enrola- digo e saiu da casa com Maiquin no meu encalço.

-O que aconteceu lá chefe?- ele pergunta quando subimos na moto

-Nada, só acha a minha mulher. Ela vai voltar pra cá e ficar aonde nunca deveria ter saído. - digo arrancando com a moto pra minha casa.

Doutora Do Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora