Doutora Do Amor.

I.

É oficial, eu estou um bagaço, morta, cansada, virei múmia um zumbi. Nunca fiz um plantão tão puxado. Por causa da invasão do morro da Rocinha o movimento das pessoas nesse hospital triplicou. Como somos um hospital referencia e de trauma, a primeira opção de todos é vir para cá, atendi de ferimento de bala até crise de panico, ai vocês devem perguntar, mais Lavínia você não cirurgiã como é que atendeu ate crise de pânico?! É bem simples, trabalho em um hospital publico, e a maioria dos funcionários são concursados, então eles nem vem muita das vezes e ai sobra pra quem já esta de plantão ter que dobrar para não deixar as pessoas que vem em busca de atendimento na mão e eu faço isso com muito prazer, não pelos irresponsáveis mais sim por aqueles que vem em busca de ajuda e ajudar o próximo é sempre um prazer, como minha mãe sempre dizia, ai que saudade da minha véia .. 

Bato o meu cartão, já passou das uma hora da manhã, eu estou bem cansada, tiro meu jaleco e vou até a meu armário na sala de repouso para pegar minha bolsa, esbarro em alguém ao sair da sala e sou puxada de volta para dentro, tomo um susto e quando penso em gritar minha boca é tampada ...

-Oi pretinha!  sentiu minha falta hoje?- Esse é o meu nego gostoso, eita que homem lindo, pensa em um negão com quase dois metros, forte um sorriso de molhar calcinha e uma pegada, que só de pensar já me sinto bem animada.

-Oi seu lindo, me deu um susto. Hoje o dia aqui foi puxado, quase não tive tempo para nada.- eu falo e ele esta beijando e cheirando meu pescoço, e já esta me deixando doidinha

-Me da um beijo aqui que estou cheio de vontade de você hoje- ele fala e ja vem me beijar, nessa hora o fogo aumento, aperto minhas coxas em vã para tentar conter todo o tesão mais vai ser difícil

- Aqui não, você sabe que não pode, que tal você ir la para casa é bem mais seguro- falo olhando para os lados, não que seja proibido relacionamentos entre funcionarios, mais esse é um lance só nosso, a partir do momento que alguém ver ja era, vou estar comprometida mesmo sem querer.

- Hoje não posso preta, infelizmente. O anestesista que ia me substituir ficou preso na cidade vizinha, tenho que ficar ate ele chega, sou só eu para esse hospital todo- ele fala exasperado

- Tudo bem, mais amanhã você não me escapa hein- falo piscando e dando mais um beijo bem gostoso nele, nos despedimos e eu vou embora

Hoje deixei meu carro do outro lado da rua em frente ao hospital, o estacionamento estava lotado e eu ja estava bem atrasada para esperar alguém desocupar alguma vaga. Paro em frente ao meu carro e vasculho minha bolsa, quase mala, atras de minha chave. Sinto uma sensação estranha, como se alguém me observasse, olho para os lados mais não vejo ninguém, dou de ombros e continuo a minha busca.

-Ei moça! - Uma mulher me chama

- Sim- falo um pouco desconfiada

- A senhora por acaso é medica? Meu pai, caiu logo ali na esquina e não achei mais ninguém para me ajudar com ele- olho para a direção que ela aponta e não vejo nada

- Você pode chamar um daqueles caras que estão ali na porta, eles vão te ajudar- falo ja desesperada atras de minha chave

- Eu sei, mais ele esta muito mal, se você for médica, ja podia dar uma olhada e depois me ajuda a levar ele la, tem que ser rápido ele ja estava com dificuldade para respirar- ela fala mais não me convence muito, mais é uma mulher, com bem menos corpo que eu se tentar algo consigo me safar, eu acho...

_ ok! sou médica, vamos.- Eu e essa mania de tentar ajudar todo mundo. Vamos andando e não vejo ninguém

- Onde ele esta mesmo?- pergunto para ela que esta um pouco atras de mim