Cheguei com esse lindo presente para vocês.
Lembrando que as postagens só irão começar no dia 01/06/2020.
Hoje vamos conhecer Maria Isabel e William. Estão preparadas?
Não deixem de: Comentar, compartilhar e votar.
Reativei o grupo Romances Taianá Paixão, peça a sua solicitação e vamos debater o livro.
SEM REVISÃO
Maria Isabel
Eu sabia que as coisas não seriam fáceis, mas às vezes penso em desistir tudo. O que me livra de chegar ao extremo é Adélia.
Essa mulher me serviu por muitos anos e nunca largou minhas mãos quando precisei. Lutou junto comigo por anos, foi os meus olhos aqui fora. Ela foi à portadora de notícias boas e ruins.
Exemplo disso foi quando minha rainha morreu de infarto fulminante, ela veio foi no dia da visita e chorou junto comigo. Lamentou por eu não poder ir ao enterro da mamãe.
E a notícia boa foi quando a documentação da minha soltura estava entregue ao meu advogado. E mais uma vez choramos juntas.
Hoje moramos na casa dela. Um lugar com dois quartos, sala, cozinha, banheiro, varanda e um quintal. Não reclamo, pois no presídio é bem pior, sou feliz aqui.
Perdi tudo que conquistei quando trabalhava como modelo. Vendi todos meus bens para me livrar da cadeia. O dinheiro que sobrou está acabando, pois ajudo nas despesas, só que tem um tempo que Adélia não está indo trabalhar, então estou usando ele para nos manter.
Olho para minha amiga que se encontra dormindo depois que chegamos do hospital. Ela teve uma crise de coluna, saímos às pressas para ela se consultar e o médico pediu repouso absoluto.
Estou terminando de fazer a faxina quando uma vizinha me chama no portão. Pedi que Zuleica viesse ficar com Adélia para eu poder sair e entregar alguns currículos.
— Pode entrar — autorizo.
Ouço o rangido do portão sendo aberto, faço uma nota mental de comprar um óleo para colocar nele hoje.
— Cadê a teimosa, amiga? — Zuleica pergunta assim que chega ao quintal.
— Está dormindo — digo estendendo o pano de chão no varal.
— Vai se cuidar que eu termino para você.
— Obrigada, amiga.
Corro para banheiro e tomo um banho rápido. Entro no quarto na maior correria, preciso ser flash nessa altura do campeonato, não posso perder o ônibus.
Depois de pronta, passo no quarto da Adélia para me despedir. Bato na porta antes de entrar.
— Entra — autoriza Adélia.
— Estou indo ao centro entregar os currículos, Zuleica está no quintal, qualquer coisa a chame.
— Vai tranquila, filha, irei ficar bem quietinha aqui.
— Assim espero. — Beijo o seu rosto. — Me deseja sorte?
— Te desejo todas as coisas boas.
Saio do quarto e tomo o caminho da rua. O ponto do ônibus fica um pouco longe de casa.
**
Sinto o meu ombro ser balançado, abro os meus olhos lentamente e vejo que é o cobrador me chamando.
— Seu ponto, Isabel.
Jorge é um morador lá do bairro. É amigo nosso, pedi para ele me acordar quando chegasse ao ponto que iria descer.
— Obrigada, Jorge.
Agradeço já colocando a bolsa no meu ombro.
Todos os dias é essa a minha rotina. Entro e saio das lojas. Chego esperançosa e vou embora desacreditada. O olhar de preconceito é de quebrar qualquer um. Elas pensam que os presos não podem se reconstruir sua vida. Bom, não tiro a razão deles, nem sempre todos tomam jeito, às vezes saem até pior. Mas não precisa generalizar.
Fui presa por salvar as minhas colegas de trabalho, as mesmas que viraram as costas para mim. Nem ligo muito para isso. Esse mundo de estrela é uma maior falsidade. As pessoas só te querem por perto quando precisam, fora isso você é jogada para escanteio.
Entro na última loja que programei para hoje. É de esportes, pela qual sou completamente apaixonada. Gosto de jogar vôlei, handebol, basquete – mesmo sendo baixinha –, surfar e assim vai.
Fico olhando o ambiente e até esqueço o que vim fazer aqui, sou tirada do encantamento quando esbarro em uma pessoa e a ouço xingar baixinho.
— Puta merda. Era só o que me faltava para piorar o meu dia.
Estremeço quando ouço sua voz aborrecida e potente, porém baixa. Tento me recompor e quando faço, fico de boca aberta.
O homem é lindo. Faço uma pequena análise rápida e não me arrependo. Alto, olhos negros, cabelos curtos jogados para o lado, barba bem feita, nariz fino e os lábios nem muito grosso e nem muito fino, na medida certa.
Recomponho-me, quando ouço um coçar de garganta.
— Desculpa — murmuro.
— Vê se da próxima vez olha por onde anda — fala limpando o respingo de café que caiu na sua roupa.
— Deixa que eu limpo. — Tiro da bolsa um lenço e molho na garrafa de água que estava em minhas mãos.
Começo a passar, até que ouvimos uma voz.
— Não seria melhor fazer isso no escritório, William? — pergunta um homem.
— Não será necessário, Rodolfo, já terminamos aqui.
O tal do William se recompõe e volta olhar para mim. Ficamos nos encarando em silêncio, até que quebro.
— Estou procurando os Recursos Humanos, sabem onde fica? — pergunto a primeira coisa que veio na minha mente.
— Qual o seu interesse? — pergunta William.
— Entregar um currículo.
— Pode entregar para mim mesmo — pede olhando para mim.
Olho para ele sem entender. Será que é o supervisor do setor?
Tiro o envelope da bolsa, constando toda a documentação e lhe entrego.
— Posso saber quem é o senhor? — pergunto para tirar essa grande dúvida.
— William Vilela — fala estendendo a mão para mim. — Dono dessa loja.
Sinto minhas pernas falharem e as mãos suarem. Como fui esbarrar logo no dono da loja? E aqui se vai mais uma chance de arrumar um trabalho.
— Um prazer, senhor — digo com a voz trêmula.
— Posso saber o seu nome? — pergunta ele.
— Maria Isabel.
— Prazer é todo meu. Irei analisar o seu currículo, em dois dias ligaremos caso você for selecionada.
— Ficarei no aguardo.
Retiro minha mão da sua e dou as costas. Estou morrendo de vergonha da cena que aconteceu. Que Deus toque o coração dele para eu poder trabalhar aqui.
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Segunda Chance - Será que todos merece?
RomanceSinopse O passado de William de não é nada bonito, mas mesmo assim ele resolveu seguir em frente e enfrentar tudo de cabeça erguida. Hoje, é um empresário bem sucedido em Porto Alegre, vive para os dois filhos, por qual é completamente apaixonado...