Capítulo 1

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Eu só digo uma coisa: Que comecem os jogos!

Boa leitura 3:)

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CHARLOTTE D'EVILL - UM ANO ATRÁS

Meu cérebro ainda lutava para processar todo que havia acontecido, meu pulmão ardia buscando por mais oxigênio e eu não conseguia enxergar nitidamente pelas lágrimas que não paravam de descer. O desespero me sufoca e me impede de respirar como deveria.

Olho para trás e consigo ver seu corpo levantando do chão, camuflado pelas sombras. Levanto minhas saias e corro com mais vigor na direção das enormes portas duplas da lateral. Estou prestes a acabar com tudo, mas que outra opção há? Vi seu vulto mover na minha direção e nunca fui tão grata pelo hábito de correr no bosque de casa.

-PAPAI! - Entro no salão ofegante, focando em minha família reunida na outra extremidade. O choque no rosto de todos são como pequenas agulhas sendo espetadas em meu peito. Eu sei bem o que eles estão vendo.

Meu vestido marrom está completamente destruído, o tecido foi rasgado, junto com a alça da minha roupa de baixo. É possível ver o corpete por meio de outro rasgo. Meu cabelo está completamente bagunçado e meus braços estão bem arranhados, sangrando em alguns pontos.

Vejo minha mãe, em completo estado de choque, dar um passo na minha direção. Eu ainda chorava compulsivamente, mas obriguei-me a ser silenciosa. A música havia parado e todos, simplesmente todos os presentes me olham com espanto.

Papai começa sua caminhada até mim, mas antes que consiga dar seu terceiro passo, sinto uma mão emergir das sombras e agarrar meu cotovelo puxando-me de volta. Um grito escapou da minha garganta e tentei lutar outra vez, porém tudo aconteceu muito depressa.

Em um segundo suas mãos estavam em meu cabelo, puxando-os com força para a escuridão da noite, no outro eu havia sido largada no chão e bati a cabeça violentamente. Mamãe estava ao meu lado, junto com minhas cunhadas, elas falavam algo que eu não compreendia, não conseguia me concentrar para escutar o que estão falando.

Apoiei sobre um braço e virei meu tronco para olhar o que estava acontecendo. Papai e meus irmãos estavam espancando-o, chutando o homem que havia me atacado. Os convidados haviam se amontoado nas portas duplas para acompanhar todo o espetáculo enquanto os anfitriões tentavam controlar a multidão.

-Reúna seus padrinhos e nos encontre ao amanhecer, seu verme! - Meu pai lhe dá um último chute no estômago antes de correr em minha direção.

Lorde Tyrton, o anfitrião, surge com dois empregados e arrasta o homem sombras a dentro. Lady Tyrton finalmente conseguira fechar as portas e manter todos dentro do salão. Minha família estava reunida ao meu entorno, seus olhos atentos e preocupados, enquanto eu não conseguia parar de chorar no colo de mamãe.

Eu havia saído por um estante para tomar ar, não me afastei das portas duplas, ainda estava segura pela fraca iluminação. De repente as tochas que iluminavam o jardim começaram a se apagar e antes que eu pudesse voltar para dentro alguém se colocou atrás de mim. Uma mão apertando minha boca e a outra pressionando meu corpo contra o seu.

O medo começou a dominar e lutei contra ele, mas o homem era muito forte e conseguiu me arrastar para um parte mais escura e afastada do jardim. Eu sentia o forte cheiro de bebida e quando finalmente consegui me virar para encará-lo me assustei ao ver o filho dos Tyrton. Seu rosto carregava uma expressão sombria e ele estava com um punhal na mão.

Tentei fugir, mas ele agarrou-me outra vez e começou a puxar meu vestido. Cada rasgo de tecido era uma crescente em meu desespero. Quanto mais eu lutava mais ele rasgava, senti seus lábios em meu pescoço e senti nojo de mim mesma. Forcei meus músculos a pararem e quando ele parou diante de mim, tocando meu seio exposto, recorri ao que meus irmãos haviam me ensinado. Chutei entre o meio de suas pernas e quando ele se curvou pela dor o empurrei no chão antes de correr.

-Shhh, tudo ficará bem, querida. - Mamãe afaga meus cabelos e papai nos abraça.

Eu precisava de um banho, precisava me limpar, mas ainda não estava preparada para tudo o que aquela noite geraria em nossas vidas.

Não consegui dormir, passei a madrugada inteira encolhida em uma poltrona, no canto do quarto. Escutei a pequena confusão no andar de baixo e também quando meus irmãos e meu pai saíram para duelar. 

Às 5:43 da manhã mamãe entrou, caminhou até mim e me abraçou. Ali eu me sentia segura, confortável e protegida, mas não o bastante para o que ela falaria a seguir.

-Aquele infeliz não apareceu. Seu pai foi procurá-lo em casa, mas ao que tudo indica ele fugiu logo após toda a confusão. A esta hora deve estar no porto, preparando-se para sair do país.

-Eu não fiz nada mãe, eu juro. Eu... Eu não sabia que nada disso aconteceria. Eu nem ao menos falava com ele.

-Você não tem culpa alguma, meu amor. Vamos superar tudo isso, esta bem?

Eu não concordei ou falei qualquer coisa, apenas me agarrei mais a ela. Eu não sabia, mas três dias depois seríamos obrigados a sair da capital por minha própria segurança. Não podia mais sair de casa e a história que se espalhou sobre os eventos daquela noite foi uma completamente diferente.

Eu não havia sido apenas arruinada, como havia arruinado minha família também.


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Charlotte Anne D'Evill - quinta filha do marquês de Brightdown

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Charlotte Anne D'Evill - quinta filha do marquês de Brightdown

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