Capítulo 13

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CHARLOTTE D'EVILL

-Vejam esse sorriso. O que eu perdi?

-Nada, mamãe. - Sento-me à mesa para nosso tradicional chá da tarde - A senhora sabe algo sobre a porta da estufa?

-Por que eu deveria saber, querida?

-Hoje ela misteriosamente trancou quando Aidan entrou para falar comigo.

-Oh! Que terrível! Você e Aidan devem ficaram assustadíssimos certamente.

-Mamãe, eu sei que foi a senhora.

-Se eu confessar contará o motivo desse sorriso gigante em seu rosto ou posso simplesmente assumir que Aidan é a causa?

-Sabes que acabaste de confessar, não é mesmo?

-Eu sempre assumo minhas ações e se deseja mesmo saber, não estou arrependida. Facilmente os trancaria em uma próxima oportunidade.

-Pois saiba que não aconteceu nada do que a senhora estava esperando.

-Ele quebrou a porta para que saíssem? - Responde com uma careta - Não pensei que me causariam esse tipo de gasto.

-Eu encontrei a chave reserva, aquela que a senhora mudou de lugar. Acaso já tinha isso planejado, mãe?

-Preciso estar preparada para todos os cenários possíveis. - Dá de ombros, servindo-nos com o chá - Agora conte-me, se não aconteceu nada do que eu esperava, por quê minha filha está sorrindo para todos os móveis da casa?

-Fomos comer pão e geleia na beira do lago, como fazíamos antes.

-Nem mesmo outro beijo?

-Não.

-Estou desapontada, esperava mais de vocês.

-Aidan está procurando por uma noiva, mamãe. Não posso beijá-lo por aí porque a senhora deseja.

-Por que eu desejo? Sou apenas eu desejando isso, Charlotte? A julgar pelo tamanho de seu sorriso eu diria que desejas isso muito mais que eu.

-Mamãe, este não é um dos romances que Elizabeth lê. A questão aqui é mais delicada.

-Delicada como? Diga-me. Aidan sabe da verdade sobre o que aconteceu contigo, ele não é mais um rapazote e não pude deixar de notar seu novo porte atlético ontem. Eu diria que você o está entregando nos braços de outra.

-Como posso entregar algo que não é meu?

-És apaixonada por ele, filha.

-O que? Por Aidan? Mamãe, é claro que não.

-Eu não fiz uma pergunta, meu amor, apenas constatei um fato que todos sabemos.

-Não, nem todos sabem.

-Sabes que acabaste de confessar, não é mesmo Charlie?

-A senhora não pode usar minhas frases contra mim!

-Claro que posso, sou sua mãe!

-Tudo bem, minha paixonite de moçoila pode ter retornado e está um pouco mais forte que o esperado, porém não significa que estou apaixonada por ele.

-Mas o ama.

-Como meu melhor amigo.

-E não o vê como algo mais? Pretende mesmo olhar nos olhos de sua mãe e mentir?

-Deveríamos mesmo conversar sobre isso? - Movimento minhas mãos no ar sobre a mesa entre nós - E durante o chá?

-Prefere que conversemos sobre isso depois do jantar?

-Com papai? Não! Não podemos!

-Foi o que pensei. - Toma um gole de chá calmamente enquanto me analisa com seus astutos olhos castanhos - Conte-me o que a deixou tão feliz, não acredito que tenha sido a geleia que roubaram da cozinha.

-Como sabem que roubamos da cozinha? Garanti que a cozinheira não me visse pegando o pote e saindo.

-Velhos hábitos não morrem. - Toma outro gole - Se foram comer pão e geleia na beira do lago, o pão e a geleia foram roubados da minha cozinha.

-Como pode ter uma percepção tão rápida? Como consegue?

-Cinco filhos, querida, todos com personalidades completamente diferentes. Nada mais me impressiona de fato.

-Apenas conversamos, Aidan contou-me sobre suas viagens, observamos as nuvens e conversamos sobre casamento.

-Oh! - Finge surpresa - Casamento, então?

-Sobre o casamento dele. - Bebo meu chá - Perguntei porquê estava tão empenhado em procurar uma esposa agora e ele disse que não poderia responder. Estou bem em não obter sua resposta, mas eu precisava fazer aquela pergunta.

-Pensei sobre isso também, não posso negar. - Pega um biscoito - Minha conclusão é que há algo acontecendo e nós nem imaginamos o que seja.

-O que faremos então?

-Esperamos. Não é certo obrigar alguém contar algo porque nós temos curiosidade, precisamos ter simpatia pelo próximos e nos colocarmos em seu lugar. Eu mesma ficaria furiosa se alguém me pressionasse para sanar a própria curiosidade.

-A senhora está certa. - Termino o conteúdo de minha xícara e logo a reabasteço - Falamos sobre bobagens a maior parte do tempo, todavia chegamos a comentar sobre o acontecimento do ano passado.

-Espero que ele não tenha dito tolices. Sempre achei Aidan um bom garoto e nossas famílias são amigas de longa data, mas jamais permitirei que ele destrate minha filha.

-Ele foi gentil e compreensivo, disse que posso estar dedicando tempo demais às más lembranças e esquecendo-me do que ainda tenho para viver.

-Gosto um pouco mais de Aidan agora.

-A senhora concorda com ele?

-Acho uma fala sensata e gostei do ponto de vista dele, contudo parece-me o mesmo cenário para os dois. Da mesma maneira que não podemos forçá-lo a contar seus tormentos, também não podemos forçá-la a fazer algo que não sente-se pronta.

-Eu não sei se algum dia estarei pronta.

-Querida ninguém aqui passou pelo mesmo que você, não podemos dizer como deve se sentir ou o que deve fazer. A única coisa que posso dizer é que eu não perdi minha filha no ano passado, seu antigo eu permanece no fundo de seu coração mas está amedrontado demais para deixar o isolamento que criou para si. Se por ventura não vier a sentir-se pronta novamente nós respeitaremos e compreenderemos.

-Obrigada.

-Eu apenas rogo-te para que não pense que não és digna de amar e ser amada. Ainda podes ter uma família com a qual sempre desejou, Charlie. Nosso futuro está em nossas mãos e apenas nós decidimos o que faremos com ele. O que estou dizendo é que cabe a ti decidir lutar por sua felicidade ou desistir e viver uma vida com a qual não tinha imaginado.

-Então eu deveria correr atrás de Aidan e pedi-lo em casamento?

-Não, você ainda não voltou a amar-se. Quando o fizer pode propor casamento a quem desejar.

-Aidan seria uma boa escolha. - Brinco.

-Gosto de pensar nele como meu genro. - Minha mãe tenta, em vão, esconder um sorriso - Ele sabe suborná-la com chocolates.

-Qualquer um sabe que tenho fraco por chocolate.

-Se está dizendo...

Marquês Delicioso - Os D'Evill 05Onde histórias criam vida. Descubra agora