× e p i l o g u e ×

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demi.

Um ano.

Um ano que a pandemia tinha assolado o mundo, deixando diversos mortos. O mundo já não era o mesmo. Nunca mais seria.

Eu estava sentada no sofá de casa, esperando o documentário começar, enquanto ele estava na cozinha. Chegava a ser nostálgico.

— Henry, já vai começar. — Gritei para que ele viesse logo.

— Já estou indo, Demi.

Depois da nossa primeira vez, não tínhamos nos separado. Parecia que Henry era o vazio que eu completei em meu peito.

Não tínhamos rótulos, mas era um namoro sim. E eu amava esses momentos que estávamos só nós dois em uma de nossas casas.

Foi incrível a aceitação do mundo com nosso relacionamento. Diziam que nós combinamos, que nossa química era clara, sem contar o amor.

Eu nunca imaginei amar alguém como amava o Henry. Era leve, calmo e intenso.

— Estava fazendo algumas coisas para gente comer. No comercial eu busco, tá bom?

— Obrigada, baby.

Ele sorriu, daquele jeito que fazia meu coração martelar. Sentou me puxando para mais perto.

Pijamas quentinhos, cabelo preso, os braços de Henry e uma coberta. Momentos assim eram os que mais preenchiam nosso namoro. E assim eram os nossos momentos preferidos.

Ele fazia carinho na minha cabeça, e o documentário começou. Uma homenagem a cada profissional da saúde dos Estados Unidos há um ano. Um memorial para cada vítima fatal, e um relato de quem conseguiu passar por tudo aquilo.

Foi impossível assistir e não chorar. Aquele vírus tinha mudado o mundo. E mudado a minha vida.

— É horrível tudo isso, mas eu tenho que ser grato a uma coisa, além de ter sobrevivido. — Henry disse, e puxou meu rosto cheio de lágrimas.

— Ao que mais você tem que ser grato?

— Passar aqueles três meses preso com você no apartamento. Se não fosse o isolamento, eu acho que jamais me daria a oportunidade de te conhecer. Como eu amaria alguém se não tivesse ficado preso ali?

Agora minhas lágrimas eram de emoção.

— Eu também te amo, demais.

O puxei para um beijo, e comecei morder seus lábios. Do jeitinho que ele gostava.

— Calma. Um minuto.

Ele levantou, me deixando curiosa ali.

Voltou tem minutos, com uma caixa pequena e um prato.

— Primeiro, abre a caixa.

Peguei aquele objeto preto se suas mãos, meu coração estava na boca. Não acreditava que era uma aliança.

Abri, e não, não era a aliança. Era um par de chaves.

— Eu comprei aquele apartamento em Belmont. É nosso. Para quando quisermos fugir do mundo e voltar para nossa pequena bolha.

Não era o que eu esperava, mas era tão lindo quanto.

Ele então colocou o prato na mesa de centro. Com diversos brigadeiros, devidamente enrolados e confeitados estava escrito:

"Marry me?"

E uma aliança no final.

Henry olhava para mim, ansioso, sentado no sofá.

Peguei seu rosto com as duas mãos e o beijei novamente.

— Isso é um sim?

— Claro que me caso.

Tirei a foto do prato, coloquei a aliança, e devoramos os brigadeiros.

Um ano incrível ao lado de Henry! Um ano provando o amor.

Agora seria uma vida construída ao lado dele.

Presos por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora