47 - Perene

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O tempo tinha se tornado insignificante para ele cerca de uns novecentos anos quando descobriu que morrer era impossível, ao ser atacado por caçadores criados exclusivamente para destruir á ele e seus irmãos. Estar vagando pelas memoria de Dália e vendo uma versão jovem de sua mãe o fazia se sentir incrivelmente velho, mas ele tinha um plano e precisava estar ali onde Dália o queria fazendo aquele tour pelas lembranças da tia. Depois de assistir o que Dália chamava de traição de Esther e ver os momentos de puro descontrole de Freya que quase a mataram quando menina – coisa que ele suspeitava que nunca acontecesse se ela não estivesse sendo criada por aquela bruxa perversa – veio à proposta.

Ele estava ouvindo a tia falar sobre os benefícios de aceitar o acordo que ela propunha para o bem de Faith, quando de repente foi puxado, ao menos ser puxado foi a sensação que ele teve ao sair daquele encantamento feito por Dália para lhe dar acesso á sua lembrança. Os olhos verdes – mais verdes do que costumava ser – o encarava com uma fúria inconfundível.

- Onde está minha filha.

Klaus piscou enquanto sentava-se no caixão e analisava a pequena bruxa Bennett. Ela estava com muita raiva mesmo.

- Você voltou – comentou ainda meio surpreso, embora não devesse.

Bonnie piscou e franziu o cenho.

- Voltei de onde? Não fui a lugar nenhum. Eu acordei e não achei minha filha, cadê Elijah e por que você estava com um punhal enfiado no peito dentro desse caixão horrível? O que você fez?

Klaus conteve a vontade súbita de revirar os olhos para o tom acusatório, assim como continha a vontade de tocá-la para certificar que não era uma ilusão delirante e informou no seu tom mais desprovido de emoção:

- Bonnie, você esteve morta por um ano.

Antes

Em todos seus muitos anos de vida ele já tinha presenciado alguns nascimentos, na verdade os de Rebekah e de Henric que ele tinha visto ao espionar por uma fresta na parede de madeira da casa na aldeia quando era menino. Nunca, porém, imaginou que um dia estaria ajudando uma mulher dar á luz, muito menos de uma criança sua. Felizmente a tecnologia teve sua função de auxiliar nesta ocasião por que enquanto Bonnie destruía o quarto com a perda momentânea do controle da magia, a Dra. Laughlin – via chamada de vídeo – o instruía no que fazer.

Quando aquela pequena massa de carne que chorava incrivelmente alto para alguém tão minúsculo estava em seus braços envolta em uma manta macia, ele não conseguiu conter a onda de emoção e instinto de proteção que o invadia. Em vez de meses, era como se tivesse esperado a vida toda por aquele momento. Compartilhou um olhar terno com Bonnie que estava suada e exausta do trabalho, mas com um sorriso enorme pela recompensa que foi ver a pequena recém-nascida filha.

Sentiu o irmão saindo do quarto enquanto falava com a médica pelo smartphone, agradecendo pela ajuda. Colocou a filha nos braços de Bonnie, fazendo uma anotação mental de mandar limparem o quarto, ao menos a tempestade que ameaçava lavar Nova Orleans tinha desaparecido e o sol nascia tingindo o céu de seus tons róseos e azuis pálidos.

- Tire-a daqui – Bonnie mandou com voz pastosa pelo choro – Sai.

Klaus pegou a filha, mantendo toda sua atenção na bruxa que parecia estar sendo torturada. Os sons de agonia que ela fazia chamou a atenção de Elijah que estava do lado de fora, esperando pelo irmão. Os dois vampiros assistiram, impotentes, a Bennett entrar em combustão. Não com um fogo normal, mas um fogo branco e frio que queimava como gelo e, que se extinguiu depois de um tempo deixando no lugar de cinzas, uma Bonnie cristalizada.

Nenhum deles jamais tinha visto ou ouvido falar em algo como aquilo. Fogo branco que queima como gelo? Uma pessoa virar uma estátua de vidro? Elijah queria falar sobre aquilo, mas Klaus preferiu dar total atenção para a filha, mandou uma foto dela para Rebekah comunicando seu nascimento – ambos sabiam que esse era seu convite para que a irmã voltasse para casa.

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