Park Jimin
Já faz doze dias.
Desde aquela noite, Jungkook não havia dado notícias. No entanto, estranhamente, não havia recebido nenhuma ligação de Miyong, nem que fosse para confirmar que meu contrato havia sido cancelado. Nada.
O silêncio era pior do que a notícia ruim.
Tiff e Seok também estavam distantes, pareciam ocupados demais com suas obrigações. Talvez sempre fossem assim, mas só agora tive tempo para reparar em suas vidas corridas. Eu não era o único, no fim das contas, que estava sempre devendo algo para o tempo. Na verdade, todos ali pareciam correr contra ele, e só agora consegui notar isso.
Esperei a máquina cuspir o papel amarelado que mostrava o histórico de depósitos. O dinheiro de Namjoon estava lá, junto com o adicional que Miyong me prometeu naquela ligação. Pensar nela me fazia questionar se eu realmente não precisava de uma psicóloga agora, já que nos últimos dias me sentia constantemente abandonado.
Atravessei a rua movimentada quando o sinal vermelho parou os carros antes da faixa e meu reflexo na lataria escura de um veículo me fez, mais uma vez – eu já havia perdido as contas – me perguntar se algum dia senhor Jeon me perdoaria. Voltar a sentir todo o ódio emanando do meu corpo com suas palavras frias e atitudes autoritárias não era bem o meu objetivo, mas não queria que tudo tivesse terminado com ele tendo dúvidas sobre meu caráter, e provavelmente achando-me o pior tipo de homem que poderia encontrar em um trabalho como esse.
Além do mais, nem mesmo pude me despedir, nem para fitar seu olhar de desgosto pela última vez. Não conseguia odiá-lo pela conversa com Namjoon, as palavras ainda soavam na minha cabeça tentando fazer algum sentido, assim como a conversa de Taeyeon no carro. Tudo borbulhava na mente. Parecia tão simples, as palavras saindo de sua boca, ele me achava uma mercadoria.
Para Jeon Jungkook, eu era apenas um brinquedo de luxo no leilão da alta classe. E ele, até o momento, era o que pagava melhor, até seu amigo aparecer. E talvez o mais doloroso seria admitir que essa era a verdade, por mais que isso me causasse enjoos frequentes.
— Jimin, espera aí! — A voz alegre me fez enjoar. Ele atravessava a avenida correndo, a bolsa leve balançava de um lado para o outro — como um pêndulo — atrás do seu corpo, e seu braço acenava em minha direção. Respirei fundo — Está tudo bem?
— Sim, Hoseok. O que faz aqui?
— Esperando por você — Ditou, simples, como se realmente me devesse alguma explicação, e a resposta fosse a mais lógica possível — Já almoçou?
Fiz que não com a cabeça e ele sorriu, puxando meus livros para sua mão.
— Vamos, eu lhe ajudo com isso — Sorriu mostrando todos os dentes, o típico sorriso-hoseok — Como está sua mãe?
Não pude deixar de sorrir. Mesmo irritante, eu deveria dar-lhe pontos pela insistência. E, por mais que não quisesse admitir, precisava de uma companhia para passar o tempo, mesmo que o assunto fosse o mais bobo possível.
Fizemos os pedidos ao entrarmos na lanchonete mais próxima da universidade, lotada de estudantes de todos os cursos. Se parasse para pensar, aquela era a primeira vez que me sentaria ali como um estudante normal que almoça com os amigos. Era uma pena Hoseok não ser de fato um amigo, e que meus laços na faculdade estavam limitados a ele, por eu mesmo, em algum momento da vida, ter decidido que não valeria o esforço me aproximar de outros jovens, mesmo que essa fosse minha vontade.
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Suit & Tie
FanfictionPark Jimin, durante toda sua vida, passou por dificuldades financeiras. Com uma mãe semi-analfabeta e um pai recém desempregado, viu-se pronto para aceitar a proposta da estranha com quem conversou noite passada. Agora, como aprendiz de acompanhant...