O silêncio do barqueiro me angustiava me fazia lembrar de quando estava no velório da minha mãe e conheci um cara negro de 1,85 que usava um terno Armani preto, tinha dedos e mãos enormes, um rosto simpático porém naquele dia estava marcado por lágrimas, ele disse que se chamava Tan que eu poderia contar sempre com ele me deu até um cartão dele, a logo era um anjo negro com uma foice e um capuz parecido com o do Caronte, falando no diabo ele tocou meu braço com a mão ossuda que me fez arrepiar por inteiro (ou o mais próximo disso afinal eu estava morto).
- Lá está a casa de Plutão, Proserpina irá te receber.
Essa informação me fez perceber que ele estava usando os nomes romanos das deidades do mundo inferior, eu não sabia qual a diferença mas acreditava que Proserpina seria o equivalente a Perséfone deusa da primavera esposa do Deus do mundo inferior. Quando atracamos percebi a imensidão do palácio de Plutão, era uma estrutura gótica tenho certeza que Minerva teria ela mesma projetado cada tijolo daquele lugar, (quem diabos era Minerva? Porque eu estava pensando que ela era responsável por projetar aquele lugar?) Eu teria respostas dessas e das outras perguntas assim que fosse recebido. No porto onde atracamos uma mulher de 1,65 com curvas perfeitas e um sorriso lindo como uma manhã de primavera nos aguardava, a mim particularmente de braços abertos, mal tive tempo de descer do barco já fui envolvido em um abraço maravilhoso e acolhedor, o que me deixou ainda mais confuso.
- Já está em casa, está tudo bem agora, volte ao seu posto Barqueiro. - Ela disse tudo isso com uma voz suave como uma tarde de primavera, sabe aquelas tardes perfeitas com um por do sol maravilhoso, então imagine uma voz que te lembrasse dessas tardes e você terá uma ideia da voz de Prosérpina , ainda confuso e aninhado em seus braços que por sinal eram extremamente fortes pra uma mulher daquela altura, eu fui puxado para dentro do palácio onde dois homens discutiam de forma civilizada, com espadas nas mãos.
- O garoto não faz ideia do porque o trouxemos aqui lorde Plutão, de mais tempo para eu o receber e explicar as coisas.
Dizia o alto e careca, bem vestido com um lindo terno preto e uma espada que me lembrava um gládio de combate na mão direita.
- Ele já tem mais do que idade de assumir suas responsabilidades, afinal apenas um filho seu teria poder de roubar o meu elmo das sombras, mesmo que não te conheça o que desconfio ser mentira, apenas um filho seu Mors.
O segundo homem era quase da mesma altura do primeiro, ele era moreno com longas madeixas negras e cacheada que lembravam um rebanho de ovelhas negras, a espada que empunhava era do mesmo material que as dracmas que entreguei ao barqueiro, se eu estivesse certo aquele era Plutão, e isso queria dizer que meu fim definitivo dependia do humor dele, e a julgar pelo jeito que tudo ocorria ele não estava dos melhores.
Com toda graça e beleza da primavera, Prosérpina interrompeu a discussão dos dois e me mostrou para ambos, o alto e careca que eu desconfiava ser Mors se aproximou primeiro guardando o gládio e tocando meu rosto, olhando nos olhos dele pude ver uma dor saudosa como se eu lembrasse ele alguém que ele amou muito, em vida lembro de pessoas que diziam que eu as fazia lembrar de entes queridos, ele me olhou fixamente e então falou:
- Você é tão parecido com ela que chega doer em minhas entranhas de bronze, até mesmo meu coração de ferro se doeu em ver o seu rosto jovem Aisac.
Ok, isso foi muito estranho aquele cara parecia muito com o maluco que me deu o cartão com o anjo da morte desenhado, enquanto eu estava paralisado sem saber como reagir o outro homem que deduzi ser Plutão veio até mim e disse:
- Está pronto para se julgado seu maldito ladrão de elmos?
As palavras dele soaram como larva escorrendo pelo chão, o que fez com que qualquer boa impressão sobre ele virasse poeira. Para minha sorte ou azar tudo indicava que eu seria julgado, pelo que entendi a mulher por nome de Prosérpina seria a jurada, o homem careca por nome de Mors seria o advogado de defesa, o homem com o penteado horrível que lembrava um rebanho de ovelhas negras seria o advogado de acusação, até então o juiz não tinha se apresentado o que me deixava ansioso para acabar logo com aquilo e seguir meu destino seja qual for, tudo que fui capaz de fazer enquanto digeria aquela situação foi pedir um café, todos me olharem como se eu tivesse dito que Júpiter era o mais fiel dos deuses, (de onde tirei isso?!).
- Não tem café no submundo!!
Responderam os três em uníssono.
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ainda sem título
Fiksi RemajaNão venho deixar memórias de uma vida inteira em formato de livro, mas venho deixar sentimentos de uma vida póstuma, memórias de minha própria morte