ㅤㅤchapter three

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❛ se eu te mostrar todos
os meus demônios e 
nós mergulhássemos 
no fundo do poço,
nós bateríamos e 
queimaríamos como 
todas as outras vezes? ❜
selena gomez, vulnerable.

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O LÁPIS PASSAVA LENTAMENTE pelo papel, oras algumas vezes oscilando em uma mão mais bruta para que o traço ficasse mais visível. Os materiais estavam espalhados pelo chão da pequena varanda de seu quarto, enquanto Alexa permanecia entre o centro, apagando e refazendo tudo o que a incomodava. Não sabia exatamente definir o que aquelas sombras envolta do personagem significavam, muito menos gostaria de saber o porquê.

Sua antiga psicóloga repetia que os seus desenhos diziam muito mais que sua boca. Doutora Eliza era uma ótima profissional e sempre buscava dizer que aquilo não era arte, era um alerta. As sombras que cobriam o menino significava toda a personalidade contida em seu corpo, enquanto as frases pelo canto do papel claro eram expressões que ela sempre ouvia. Podiam ser desde a sua aparência muito chamativa para sua idade, ou até o modo que respirava poderia sugerir algo.

Mesmo que a mulher dissesse que fosse bom ela entender o que aquilo tinha de significado, Alexandra preferia ignorar por mais verdadeiro que fosse. Ela entendia, não precisava de alguém traduzindo aquilo que ela própria fez.

E quando deslizou pelas outras páginas do caderno, percebeu que os desenhos escuros não mudavam, apenas mantinham formas diferentes. Com uma brutalidade um pouco exagerada, ela fechou o desenho e levantou-se do chão, saindo do quarto e tentando tirar as pichações de sua cabeça.

— Alexandra. — Dylan Harris a encarava assim que notou seu corpo passar pela cozinha, apontando na direção do café da manhã exposto na mesa. O nervosismo ainda passava pelas suas correntes sanguíneas, mas a garota o obedeceu logo quando notou que morrer de fome não era uma opção morando ali. — Soube que esteve na festa com Rafe, Ward telefonou dizendo que houve briga.

— Nenhuma surpresa.

— É uma quando fico sabendo que tinha uma arma. — ela deu de ombros e dirigiu sua atenção para o pedaço de bolo de laranja, soltando um pequeno gemido de satisfação ao senti-lo derreter no céu de sua boca. — Sabe que as pessoas comentam, certo? A polícia irá investigar quem estava usando e, para facilitar, você poderia dizer quem usava.

Ela se surpreenderia se não soubesse que manipular na cara dura fosse uma das melhores especialidades de Harris. Porém, para sua infelicidade, ela não era qualquer uma e muito menos uma dedo duro.

— Como assim? — ergueu o copo vazio depositando a limonada, olhando-o de forma sarcástica ao dramatizar. — Rafe não contou?

— Ele jamais usaria uma arma, Alexa.

— Achava que quem namorasse com ele fosse eu, Dylan. — com o ar de curiosidade em seu olhar, Alexa soube que tinha plantado a semente no vaso certo. — E eu nunca havia afirmado que teria sido ele, você apenas insinuou.

Dyaln revirou os olhos ao se retirar da cozinha, deixando com que Alexa sorrisse ao beber o suco. O esposo de sua mãe era extremamente delicado ao conversar com a garota sobre assuntos desse porte, já que qualquer coisa que envolvesse a Wilson, interferia na sua imagem. A política daquela cidade funcionava como uma pequena religião, onde haveriam pessoas para discordar da sua fé e apontar dedos em seu rosto. Para o Harris, casar-se com uma Wilson que viria com uma bagagem à mais envolvia muita responsabilidade. Não seria apenas a imagem de casados que pudesse o prejudicar, mas sim de uma jovem com dezesseis anos que poderia colocar o barco no fundo do poço.

𝐋𝐎𝐕𝐄𝐋𝐘, outer banksOnde histórias criam vida. Descubra agora