ㅤㅤchapter thirteen

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❛ ei,  garota, abra  as  paredes
brinque com as suas 
bonecas, seremos uma 
família  perfeita  ❜
melanie martinez, dolhouse.
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ALEXANDRA WILSON ENCONTRAVA-SE IRRECONHECÍVEL. Os ombros caídos, desleixados em total sinal de descaso; os lábios rosados avermelhados levemente rachados após tantas tentativas de mate-lo fechado, enquanto seus olhos permaneciam escuros juntamente com as olheiras marcantes abaixo. Não havia encarado a tela inicial de seu celular, seu corpo demonstrava que não estava descansada o suficiente. Por um segundo, encarando seu reflexo no espelho embaçado pelo vapor quente, perguntou-se quando estaria finalmente descansada da vida exausta que mantinha. Abatida, sentiu-se ainda mais destruída encarando-se.

Após o pequeno alívio que pôde ter ao descansar seus pensamentos por curtos minutos, imaginou que havia tido um péssimo pesadelo pelo qual a perturbaria por um longo tempo. Mas, permanecendo estática na mesma posição, concluiu finalmente que nem mesmo o mais fiel pesadelo conseguiria demonstrar a tamanha dor que nutria em seu coração — dor essa pelo qual Alexandra não saberia explicar exatamente o porquê de senti-la. As incertezas ainda percorriam cada canto de sua mente. Não existia certezas em um mundo como aquele.

Respirando fundo, de forma lenta e dolorosa para seus pulmões cansados, recolheu a pequena maleta de maquiagem que guardava nas gavetas do gabinete logo abaixo da pia principal, reunindo toda a coragem para escolher uma pequena quantidade de produto até começar aplicar em si mesma. Com delicadeza, uma curta gota de base fora depositada no pincel, espalhando pela área de suas olheiras, posteriormente usou um pouco do tom rosado no mesmo pincel em suas bochechas. O batom transparente com alguns brilhos realçou seus lábios, assim como a mascará escura nos seus cílios encobrindo a camada clara deixada pela base.

Com um vestido claro, confortável e ajustável em seu corpo, retirou-se do banheiro. Alexandra não quis permanecer no mesmo ambiente por muito mais tempo, com uma extrema ciência de que sua mente custava em manipula-la contra si mesma. Naqueles instantes, com tamanha fragilidade emocional, Wilson preferia mascarar suas atitudes e proteger seus pensamentos de si mesma.

— Quando você era pequena, Jeremy dizia que seu codinome era peixinho. — assustou-se pela presença repentina da mulher encostada na porta de sua varanda, respirando fundo pelo assunto tocado deforma indelicada. Amélia havia a tratado com tanto carinho que sua filha tinha até mesmo medo que seu humor mudasse e as coisas voltassem a ser como eram. — Nunca reclamou dos banhos gelados, da água das cachoeiras e muito menos quando era levada para praia e deixada na areia. Como um peixe, você aprendeu a conquistar espaço nas ondas de forma que ele jamais pensou que conseguiria tão rápido. Hoje em dia, Alexa, seu maior passatempo é assistir as pessoas fazerem o que era o seu maior hobby.

— As pessoas mudam.

— A sua vida mudou, Alexa. — apontou os fatos, de forma sincera e com uma enorme leveza, sabendo o quão importante era tocar naquele assunto. Após a noite passada, Amélia não aceitaria passar mais um segundo fazendo as más injustiças com sua própria filha. — Seu admirador desapareceu, sua mãe tentou reconstruir uma vida na base de mentiras e você foi trancada em um lugar onde jamais quis estar. Ainda que houvesse acontecido coisas piores, você sobreviveu.

Sobreviveu.

Alexandra Wilson ao menos saberia explicar o que a mantinha de pé.

Sinceramente, analisando os fatos enquanto as palavras escorriam pelos lábios da mulher à sua frente, percebeu que era mais forte do que aparentava. Como Percy Jackson, um dos seus personagens favoritos, que manipulava sua própria narrativa — um dos mais poderosos não reconhecendo o poder que rolava em suas veias. Uma jovem, ainda nem havia chegado na maioridade e já conquistará diversos selos por todos os momentos que sobreviveu. Como um peixe, que precisaria continuar remando para alcançar um dos melhores oceanos. Alexandra Wilson ainda precisaria continuar permanecendo de pé. Não pelos os outros, por ela mesma.

𝐋𝐎𝐕𝐄𝐋𝐘, outer banksOnde histórias criam vida. Descubra agora