12- No Sleep

70 14 39
                                    


   Andrew abriu os olhos e grunhiu em irritação. Não conseguia dormir de forma alguma. Todas as tentativas foram falhas e isso estava deixando-lhe estressado, pois queria dormir, mas o sono não vinha. Não adiantava lutar contra insônia. Não enxergava nada naquele breu da cela.

  Todas as luzes eram desligadas durante a madrugada. Era possível escutar a respiração de Rye na cama de cima que parecia estar dormindo profundamente, tudo que Andy desejava no momento. Sem ter o que fazer, continuou deitado, os olhos abertos embora não conseguisse enxergar. Era pior não saber as horas. E se fosse somente uma da manhã? Teria que passar quase 5 horas acordado vendo tudo preto? Ficaria louco!

  Na cama de cima, Rye mexia-se e virava para os lados, mas não dava sinais de que era algum distúrbio do sono. Não, Andy era o único que não conseguia dormir ali. E não tinha nenhum consolo.

   Sua falta de sono durou a madrugada inteira, não conseguiu pregar o olho um minuto sequer. Escutou a barulheira da prisão durante o amanhecer do dia, os agentes chegando e som de chaves sendo usadas, carros ligados e cachorros latindo.

   Havia dois cachorros ali, que vez ou outra eram usados para missões policiais. Andy os vira algumas vezes. Ouviu quando os detentos das outras celas acordaram, afinal alguns gritavam e já estavam discutindo. Era uma bagunça de sons e barulhos que contribuiu para o surgimento de uma dor de cabeça. Felizmente ele tinha agora os medicamentos que Rye pegou pra si dias atrás. Eram eficientes e estava muito grato pela atitude do outro. Não entendia porquê ele fez isso mas, aliás, isso não importava.

   Lentamente o breu dominante na madrugada foi desaparecendo a luz do sol atingiu a prisão. Ele levantou-se e pegou o frasco de aspirina em cima da pia e tomou um comprimido, deitando-se em seguida. Demoraria mais algum tempo até o horário do café da manhã, no entanto já estava com fome.

   Ele não sabe quanto tempo passou mas quando abriu os olhos - nem lembrava-se de ter cochilado - Rye já acordara, estava em pé nas grades da cela, olhando pra fora. Fowler ergueu-se um pouco, apertando a cabeça enquanto soltava murmúrios de insatisfação. Parecia que sua cabeça pesava 10 quilos e sua barriga roncou devido a fome. Rye deve ter escutado o barulho porque virou-se para ele com uma expressão divertida no rosto.

  — Com fome? - perguntou. Andy assentiu, colocando as pernas para fora da cama. — Você ainda sente dores de cabeça ?

  — Por que está me perguntando isso? - Andy questionou, soando levemente irritado. Rye não entendeu porquê.

  — Porque o frasco de aspirina está encima da sua cama, do seu lado. - Andy então olhou para a cama e viu o frasco branco ali. Esqueceu de colocá-lo no lugar depois de ter usado. Prova de que estava muito ruim. Então pegou o frasco e colocou-o de volta na pia, aproveitando para lavar o rosto e escovar os dentes.

  — Você tem sentido muitas dores de cabeça ultimamente. Talvez devesse marcar uma consulta ou alguma coisa assim. - Rye disse, amigavelmente. Andy franziu o cenho para ele. Desde quando ele se preocupava?

  — É, talvez eu faça isso. Mas não é da sua conta. - respondeu, vestindo a camisa do uniforme prisional. Como de costume, sempre tirava-a para dormir. Rye bufou e virou-se novamente para as grades.

  — Realmente não é da minha conta. Quando ficar mal da próxima vez não vou pagar de anjo e pegar remédio para você. Vou lembrar disso. - respondeu, também no mesmo tom. Andy respirou fundo e sentou-se na cama, passou a mão pelo rosto. Ainda tinha sono e isso só fez-lhe lembrar que não tinha dormindo nada. Pelo menos a dor de cabeça passara.

  — Eu não pedi para você pegar a aspirina para mim. Você fez porque quis. - não tinha outra reposta para dar. Embora fosse verdade, não era isso que deveria falar e sabia disso. Mas não estava no clima de coleguismo no momento.

Prison Novel - Versão RandyOnde histórias criam vida. Descubra agora