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No fundo eu odeio isso, eu sei que se você me olhar agora vai pensar que eu fui feita pra isso, os flashs, essa roupa que mostra quase todo meu corpo, o sorriso doce no meu rosto, a maquiagem perfeita. Mas se você realmente parar pra olhar, olhar no fundo dos meus olhos, ai você vai ver que meu lugar não é aqui, que meus olhos não brilham como o de alguém que ama o que faz.

-Any olha pra cá! - escuto um fotógrafo dizer e como a boa menina que finjo ser, me viro pra ele com um sorriso estampado que esta fazendo meu rosto doer.

Tento me concentrar no que estou fazendo, apesar de não precisar disso pra viver eu assinei um contrato de 7 anos, ainda faltam 3 pra essa tortura acabar e espero estar viva até lá, mas se te uma coisa que Any Gabrielly faz é cumprir sua palavra. Até mesmo porque não sei quanto tempo vou durar.

Vejo alguém se aproximando de mim, quando viro dou de cara com Matthew, ele sorri pra mim e me analisa dos pés a cabeça, vejo um brilho nos seus olhos que não me agrada muito, ele continua seu caminho ate mim e coloca sua mão direita em minha cintura, os anos de prática pousando com modelos já fazem meu corpo se adequar a sua presença.

- Any - ele me cumprimenta pendendo a cabeça pra esquerda e então se vira para os fotógrafos com um sorriso de dar inveja.

- Matthew, não esperava te ver hoje aqui, Leon me disse que eu faria esse evento sozinha - digo tentando disfarçar o desgosto de estar ao seu lado. Nesse momento ele aperta minha cintura e sinto uma pontada de dor agoniante, o golpe que levei daquele brutamontes ontem deixou marcas que só consegui cobrir com muita maquiagem, até havia me esquecido do golpe, mas no momento em que Matthew apertou minha cintura lembrei da luta de ontem...

Flashback on

Filho da mãe

Quando bato na estante de aço penso comigo mesma que deveria ter trazido meu arco, achei que não teria nenhuma dificuldade em realizar esse trabalho, Jasper havia me dito que seria coisa simples, apenas colocar um localizador na mercadoria e ir embora. Quando me preparava pro trabalho de hoje não imaginei o capanga gigante que estaria guardando a mercadoria.

Escuto os passos pesados e olho pra cima, o brutamontes caminha devagar até mim com um sorriso zombeteiro no rosto, ele pensa que já venceu essa luta, mas ele é como todo mundo, quando vê que vai lutar com uma mulher acha que está no papo. E colocar esse merdinha no lugar passa a ser uma questão de honra. Homens precisam aprender a não substimar uma mulher.

Ele se abaixa em minha direção e uso minha posição no chão para lhe dar uma rasteira, seu corpo pesado bate no chão e o escuto resmungar, aproveito que ele esta tentando se recuperar do golpe e uso o fio de cobre que estava em pendurado em minha cintura para enrolá-lo em seu pescoço. No momento em que aperto sua garganta ele se desespera, percebo que apesar de ser grande ele não tem muito treinamento, posso usar isso a meu favor. Suas unhas arranham seu próprio pescoço numa tentativa inutil de se salvar, sinto que ele está ficando sem fôlego. Estou perto de terminar quando ele pega uma barra de ferro que havia caído da estante e bate do lado direito do meu corpo. O choque de dor e a falta de ar me fazem afrouxar o aperto do fio e ele consegue se soltar. Por sorte, ele é um cara pesado e grande, isso faz com que seus movimentos sejam lentos, acredito que esta zonzo e provavelmente com a cabeça latejando, percebo que ele não sabe o que fazer, esta tentando manter a consciência. Isso me dá alguns segundos para recuperar o fôlego e colocar a dor de lado.

Preciso ser rápida, isso está levando mais tempo do que o planejado, logo mais capangas vão aparecer graças a todo barulho que estamos fazendo. Vejo que ele abandonou a barra de ferro no chão logo depois de me golpear. Sorrio de canto, pois já cometi o mesmo erro. Agarro a barra e uso para golpear seu joelho esquerdo, ele geme de dor, golpeio seu joelho direito agora e o vejo se ajoelhar, estico minha perna esquerda e pego a adaga escondida na minha bota e deslizo pela parte inferior de sua coxa direita, bem próximo ao joelho, cortando seu tendão, o fazendo urrar de dor. Sei que ele não vai mais levantar dali, mas preciso garantir que ele não veja onde vou colocar o localizador, que por sorte, eu trouxe mais de um. Agarro novamente a barra de ferro e me levanto tentando ignorar a dor em minhas costelas.

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