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Sento no sofá e solto todo o ar dos meus pulmões, preciso limpar toda a minha mente. Desliguei meu celular por alguns minutos. Preciso me concentrar. Sei que ficar trocando mensagens não vai me deixar fazer isso.

Encosto minha cabeça no sofá e olho para o teto, fico alguns minutos assim. Apenas em silêncio. Tentando tomar uma decisão. Eu aceitei aquele trabalho, mas agora sei que estou envolvida demais pra continuar. Também sei que se deixar isso pra outra pessoa Josh pode se dar mal.

Fico ali por algum tempo, apenas o suficiente para me acalmar e então ir me encontrar com Jasper.

Entro no carro e dirijo até seu escritório. É engraçado chamar aquele lugar de escritório, parece mais um covil. Onde no momento em que você entra lá, toda sua paz e inocência são tiradas. Eu passei a maior parte da minha vida naquele lugar, sendo treinada, batendo e apanhando. Por um tempo tudo que eu queria era agradar Jasper, eu era tão grata por não estar mais nas ruas, por não passar fome, que nunca percebi o que ele estava fazendo comigo. Nunca percebi quem ele era. Mas depois de ontem, eu sei. Sei que ele não foi meu salvador. Eu não esperava que ele me abraçasse e me consolasse. Ele nunca foi disso, mas eu esperava pelo menos que ele não fosse tão frio, não pensasse tanto nos negócios. Pensei que ao menos ele me entendesse, mas tudo que ele disse, o modo como cuspiu aquelas palavras em mim, mostrando um desprezo que eu nunca tinha visto antes.

Estaciono o carro em frente ao galpão, respiro fundo uma última vez e saio. Jasper está me esperando, com um sorriso cínico no rosto, como se nada tivesse acontecido.

- Olá Dominó - escuto sua voz e sinto meu estômago revirar, com as memórias de ontem invadindo minha mente. Volto minha atenção para Jasper e resolvo agir tão cinicamente quanto ele.

- Como você está Jasper? - respondo escondendo o escárnio da minha voz.

- Vejo que voltou ao normal - sinto seu olhar procurar alguma expressão em meu rosto, mas permaneço neutra. Apesar de tudo, ele não é meu objetivo. Não é com ele que devo me preocupar. - Bom, temos trabalho a fazer. Fiquei sabendo que você já conseguiu se aproximar do seu alvo.

- Do que se trata esse trabalho Jasper? - pergunto não dando atenção ao seu comentário. Preciso de informações, o quanto antes eu conseguir ver todo o quadro, mais fácil vai ficar para traçar um plano.

- Sem rodeios - ele comenta, e então joga uma pasta na mesa de madeira em minha direção, começo a folhear, nela vejo fotos de Josh com seu pai, algumas com Noah, na maioria ele está com a feição fechada, vejo alguns documentos com detalhes de sua vida, mas nada muito abrangente, na verdade não é muito mais do que Jasper já havia me enviado na sexta, continuo folheando enquanto Jasper fala - Como você deve ter percebido não tem muitos detalhes da vida do menino prodígio, o que sabemos é que ele assumiu a empresa do pai á um ano. Seu pai tinha negócios com nosso cliente, e ele acha que Josh roubou 100 milhões de dólares dele.

- O que leva seu cliente a achar que Josh fez isso?

- Primeiro que os negócios que meu cliente tinha com Zacharias eram de conhecimento apenas interno, ele não se arrisca deixando qualquer pessoa saber de seus acordos, e esse em especial, era muito lucrativo para ambos os lados. Quando Zach morreu, meu cliente procurou Josh, para dar continuidade ao acordo, mas ele não aceitou. Disse que não queria nenhuma sujeira como aquela em sua empresa. Óbvio que isso não agradou meu cliente e quando o dinheiro sumiu, Josh se tornou o primeiro suspeito.

- Okay, o que você quer que eu faça? - pergunto tentando terminar logo com isso. Algumas coisas nessa história não fazem sentido. Se Josh considerava aquele acordo repugnante, porque ele iria querer o dinheiro? A não ser que houvesse algo mais, algo que, ou Jasper não quer me falar, ou que nem mesmo ele sabe.

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