Efeito Dominó

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Alicia estava respirando fundo.

Do lado de dentro da capela, não havia mais ninguém, além da garota de joelhos e sua fé. Faziam-se algumas horas que a batalha teve seu fim, mas com ela vieram as sequelas; a devastação pelas mortes, as vidas quase perdidas e o medo circundando pelos corredores, mesmo que os sorrisos desenhassem seus rostos por conta da vitória. A rainha não queria falar com ninguém, a menos que fosse sobre o estado de Bastien As orações sussurradas escapavam por seus lábios em memória à sua mãe, assassinada anos atrás, e as outras foram para o jovem rei, caso ele viesse a padecer por seu ferimento.

Morrer era fácil demais na terra das majestades.

As portas da pequena igreja foram abertas e ainda observando a imagem sagrada, ela ouviu a voz de uma moça em suas costas.

— Majestade, o rei fora abençoado.

Em silêncio, ela fez o sinal da cruz com a ponta dos dedos e levantou-se, agradecendo por não interromperem seu destino. Alicia resolveu subir as escadarias reais para retornar ao seu seguro quarto, ignorando a movimentação que estava acontecendo no andar de baixo, na sala dos tronos e na galeria. Chegando no corredor do segundo andar, um pensamento a fez paralisar de imediato.

A porta de seus aposentos e as do de Bastien ficavam lado a lado, separadas apenas por uma distância considerável. Para Alicia, comandar um país agora parecia a menor das complicações, comparado ao que estava diante de seus olhos a atordoando por noites.

Alicia estava em uma batalha interna contra seus interesses e sua conduta. Não queria ceder às investidas maliciosas de Bastien, porque ele não significava nada para ela, além de que seu senso de dever e de cumprir a palavra eram suas maiores qualidades. Nunca desapontou a si mesma quanto a sua seriedade e tinha deixado bem claro para Celeste que não iria colocar os pés naquele campo minado que era o quarto dele, nem mesmo sobre ameaça.

Com esse pensamento, Alicia abriu a porta, e não era a sua.

Bastien estava encostado em sua mesa, observando o fogo que estalava na lareira, parecendo concentrado e preso naquele clarão, quando ouviu os ruídos da madeira. A garota de cabelos caramelo estava com os fios soltos caindo por seus ombros delicados como cascatas, devido ao tamanho. Ela realmente parecia ter sido desenhada por querubins, principalmente quando juntou suas mãos em frente ao corpo, fazendo desse gesto seu costume elegante.

Devaux a fitou de cima a baixo e arqueou uma sobrancelha, com um ar presunçoso.

— Tem certeza que você me odeia?

Ela notou que ele tinha um pequeno corte na bochecha. Não tão profundo para uma cicatriz, mas raso o suficiente para causar um relato.

— Por que pergunta-me isso?

— Porque você aparece muito em meu quarto.

— E se você disser mais alguma coisa sobre isso, saio dele... — respondeu a menina com seu ar esperto, fazendo com que ele soltasse um riso pelo nariz. Alicia chegou mais perto com seus passos e encostou-se na mesa ao seu lado, com o ombro desnudo levemente roçando no braço de Bastien que parecia arrebatado por sua presença. Aquela troca de ironias parecia ser o primeiro sinal de que ambos estavam muito bem na companhia um do outro, confortáveis com suas picuinhas. Ela mordeu o canto do lábio e desceu lentamente o olhar para o colo do rapaz. — Como está o seu corte?

Ele subiu um pouco a camisa, para mostrar seu abdômen enfaixado. Alicia analisou a ferida coberta com preocupação e em seguida permaneceu pensativa.

Bastien observou seu rosto com curiosidade.

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⏰ Última atualização: Apr 11, 2023 ⏰

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