Os Reis Católicos

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Louis procurava pelo príncipe por todos os cantos.

Seus pés o guiavam para todas as portas que estavam abertas nos corredores, vasculhou com seus olhos preocupados pelo gabinete, passou pela sala de guarda, observou a galeria, investigou a biblioteca e desceu as escadarias até que chegasse na grande sala do trono, aonde pessoas transitavam com grandes cestas de flores de lis da França, cortinas brancas e bandeiras, simbolizando a união dos dois países. Por fim, os preparativos para o casamento que aconteceria naquela noite não estava a beira de um colapso.

A cozinha e as masmorras eram os únicos lugares existentes dentro do castelo em que ele ainda não tinha procurado por Mateo.

As masmorras causavam em Louis calafrios, então assim optou por seguir a primeira opção. Aproximou-se da porta de entrada da cozinha e pôs as mãos no batente, deparando-se com um rapaz de cabelos castanhos ocupado demais enquanto moldava no balcão uma massa com suas mãos firmes, sem se importar se aquilo sujaria sua camisa branca de fios garbosos. Louis não soube como chamar sua atenção, visto que eles nunca tinham trocado uma palavra durante aquela semana, pois ambos nunca se cruzaram no corredor para que aquilo se realizasse.

O jovem coçou a garganta e Mateo ergueu seu olhar, abrindo um pequeno sorriso ao vê-lo.

- Conselheiro do rei.

- Alteza. - a voz de Louis foi de um aveludado cortês. Ele franziu a testa levemente estranhando a situação que estava diante de seus olhos castanhos. Eles se entreolharam ainda de longe, enquanto o príncipe limpava as mãos em um tecido branco com curiosidade. - Perdoe-me, mas o que faz aqui embaixo?

- Vai dizer a mim que isso aqui não é lugar para um príncipe?

- Isso aqui não é lugar para um príncipe. - rebateu o moreno erguendo as sobrancelhas e vendo os ingredientes espalhados pelo balcão. - A menos que saiba cozinhar algo, evidentemente.

Mateo sorriu mais ainda de modo despretensioso enquanto deixava a bancada para trás em meio aos sons de talheres ao fundo.

- Tento o meu melhor. - respondeu ele, fechando a porta atrás de si para abafar o som e os dois seguiram lado a lado pelos corredores. A luz fraca da manhã clareou metade do rosto do rosto de Louis e assim, o castanho pôde reparar nas sardas minúsculas que espalhavam-se pela região de seu nariz e corria por seus lábios, como um convite pecaminoso. - Por que estava a me procurar, afinal?

- O rei está chegando e você precisa estar no conselho real daqui a pouco para se apresentar oficialmente aos membros.

- Suponho que estar enodoado de trigo não seja a melhor das maneiras de iniciar meu cargo no castelo. - disse o jovem e Louis soltou um risinho pela primeira vez, colocando as mãos atrás do corpo. Os olhos verdes atrevidos encaravam os castanhos ingênuos dele com intensidade. - Obrigado por lembrar-me. Vocês, franceses, são muito corretos.

- E vocês, espanhóis, são muito despreocupados. O casamento é hoje e a avaliação final das vestimentas está acontecendo neste exato momento. Você deve ser o único nobre mudando as diretrizes.

- Honestamente, regras demais obscurecem minha diversão.

Louis segurou o risinho.

- Se diverte na cozinha, alteza?

- Me divirto de outras maneiras. - Noah respondeu com um sorriso travesso salpicando em seus lábios.

- Outras maneiras?

- Mostro a você em meu tempo livre. A propósito, por falar em tempo livre, tenho que subir para meus aposentos antes que chegue a hora da minha apresentação.

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