O que o babaca disse?

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Estou batendo minha cabeça na mesa e gemendo baixinho quando um tufo bagunçado de cabelos castanho-claros aparece por cima do meu cubículo. Olhos desconfiados surgem em seguida, e o resto da cara do meu amigo Seokjin vem à tona.

Park, que merda é essa?

Estou me punindo.

Por quê?

Porque depois desse monte de bosta que eu acabei de publicar, preciso pagar o preço. Jin suspira e entra no ridículo espaço também conhecido como minha sala. Como sempre, ele parece Gulliver chegando em Lilliput. Jin foi um dos primeiros amigos que fiz quando comecei a trabalhar na Pulse, em parte porque temos o mesmo senso de humor perturbado, e em parte porque nossos cubículos são vizinhos. Ele é um dos poucos motivos pelos quais este emprego ainda não me deixou louco. Geek assumido, ele escreve matérias sobre tecnologia. A melhor forma de descrevê-lo é: um cara que parece um jogador de futebol americano que entrou por engano em uma loja de cardigãs e saiu de lá parecendo o Salsicha do Scooby-Doo, se o Salsicha tivesse um metro e noventa de altura e tomasse anabolizantes. Neste momento, ele para atrás de mim e, com suas mãos gigantes, afasta minha cabeça da mesa.

— O.k., já chega.

Você não entende. Ele se senta na outra cadeira. — Eu entendo. Você infectou inocentes usuários da internet com o mais horrendo fungo genital que cresce no lado obscuro do seu cérebro. Qual a novidade? Não pode ser tão ruim.

Pode sim. E é.

Me mostra. Eu me endireito na cadeira e rolo meu mouse distraidamente, até que meus últimos três posts aparecem na tela. Jin se inclina para analisá-los. O primeiro título é:

AS CHOCANTES IMAGENS SECRETAS QUE O GOVERNO NÃO QUER QUE VOCÊ VEJA!

Ele olha para mim. — Deixa eu adivinhar, uma autópsia falsa de E.T.?Aham. Sem graça. E batido. — Aham. Ele clica no segundo post. É um vídeo.

PESSOAS QUE NÃO GOSTAM DE COMIDA APIMENTADA PROVAM COMIDA APIMENTADA! VEJA OS RESULTADOS HILÁRIOS! 

Ele estreita os olhos. — Você filmou isso?Aham

Me diga que não são aqueles três imbecis da contabilidade que têm zero personalidade e topam qualquer coisa se alguém bonito pedir.

Tudo bem, não vou te dizer que são eles.

Mas são eles, né? — Aham. Ele suspira e se volta para a tela, onde o terceiro artigo grita.

ESTES SÃO OS PIORES SERIAL KILLERS DA HISTÓRIA DO MUNDO! FAÇA O TESTE E DESCUBRA QUAL É VOCÊ!

Quando eu bato minha cabeça na mesa de novo, ele não me impede. — Viu?

O.k., não. Não é o seu melhor trabalho. Parece que você não está sequer tentando destruir a produtividade de pessoas inocentes convencendo-as a clicar em lixo.

Não é minha paixão.

Não precisa ser sua paixão. Você só precisa daquela sua partezinha gananciosa e egoísta que gosta de ter dinheiro pra poder pagar por comida e aluguel. Eu me endireito novamente e afasto o cabelo do rosto.

— Pra você, é fácil falar. Você pode escrever sobre coisas tecnológicas e videogames, coisas que você ama.

— Sim, mas eu tive que escrever um monte de lixo click-bait antes do Donghyun me passar para a editoria de tecnologia.

— Jinie, eu fui editor do Busan Square News. Eu ganhei um prêmio Hearst, pelo amor de Deus. 

— Eu sei. E você quase foi escolhido para uma vaga de repórter júnior depois do seu estágio no New York Times e blá, blá, blá. Mas isso não significa nada atualmente. A triste verdade é que você não pode jogar um Hoddeok pro alto sem que ele caia na cabeça de um jornalista desempregado, e vários deles são tão qualificados quanto você. Você tem que entender que seu diploma de jornalismo é tão inútil quanto um assento ejetor em um helicóptero. O mercado está uma zona de guerra. E pelo menos aqui eles pagam acima da média. 

— Então o que você sugere? Que eu continue fazendo um trabalho que eu odeio? Ou que eu peça demissão pra ir atrás do meu trabalho dos sonhos, com o risco de acabar desempregado e sem teto?

— Não sei, Park. Você precisa de algo que faça o Donghyun te notar. Você está trabalhando em alguma matéria pra mostrar pra ele?

— Na verdade, sim. — me endireito de novo e pego meu caderno. — Multas de estacionamento falsas estão aparecendo por toda a cidade. Elas parecem de verdade, mas a conta indicada pra receber o pagamento não está listada como uma das contas da prefeitura. Algum golpista está ganhando uma grana. Jin assente com a cabeça. 

— Não é ruim, mas também não é um Watergate. O que mais você tem? — Hum... — eu olho minha lista. — Tem um artista falido que picha pintos gigantescos em buracos nas ruas, assim a prefeitura é obrigada a consertá-los ou arrisca ofender os passantes. Seokjin ri.

— Eu gosto desse cara, mas de novo: não é suficiente pra uma matéria de destaque. — O.k.... Passo os olhos pela minha pequena lista de ideias mais uma vez. Já sei que é uma perda de tempo. Se alguma coisa aqui fosse consistente o suficiente para impressionar o Donghyun, eu já teria levantado minha bunda da cadeira e ido até o escritório dele sugerir uma pauta. Isso tudo é ninharia, e eu preciso de uma mina de ouro. Eu fecho o caderno e olho para jin.

— Eu não tenho nada. Ele me dá um tapinha condescendente no ombro. — Bom, esse é seu problema, jimin. Você precisa de alguma coisa pra chegar a algum lugar. Eu estou quase mostrando o dedo do meio quando "Bootylicious" começa a tocar no meu telefone. Jin imediatamente se endireita um pouco. Ele sabe que é o toque da minha irmã, e ele tem uma queda por ela desde que eles se conheceram. Sempre que ela está por perto, ele parece um labrador gigante que acaba de ouvir que é hora do passeio. Eu lanço um olhar de "desculpa" para jin, e ele volta para seu cubículo para que eu atenda.

— Oi, jihyun, e aí?

— Ele é real.

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Um amor depois do outro { Jikook }Onde histórias criam vida. Descubra agora