Pai, Padrinho e Painho

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Pai

Agenor, o patriarca, era homem brabo, fazendeiro produtor de cacau, nunca se interessou por política, mas comprou briga quando o filho quis enveredar por ela, bancou, exigiu favores e até deu uns avisos pela cidade. Pode chamar de coroné, que é um tipo bem conhecido aqui pelas terras tupiniquins.

Padrinho

Após ser vereador, duas vezes prefeito de Itacaré e três vezes deputado estadual, o deputado hoje vivia em Salvador, tinha caído nas graças da assembleia legislativa e estava no caminho de substituir Amaral D'Ávila, esse sim, político nato, governador pela terceira vez, ia pro senado e era um dos principais articuladores da campanha presidencial daquele ano, sua aprovação junto ao povo baiano era de 95%.

Painho

  Tinha posses de família, era o candidato do atual governador, capital, capital e capital político. Faltava firmar a cabeça, aí entrava Pai João de Olorum. Aconselhava sobre seus guias, orientava as oferendas e afastava os inimigos. Costumava dizer ao Deputado quando tudo estava bem: "Dias de mar manso, deputado..." Quando as coisas podiam se encaminhar para um descarrilho, a própria entidade costumava falar com o deputado. Certa vez, o deputado recebeu um aviso do preto-velho que João D'Olorum recebia:

"Ocê toma cuidado com o coroné, seu padrinho, ele é contigo mas guarda o diabo bem escondidinho."

Itacaré recebeu aquilo como um sinal de cuidado enigmático, mas qual entidade não era né? Será que era só ficar com um olho aberto? Porque depois de 20 anos de política, isso ele já estava cansado de saber.

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