Relembrando o passado - Parte 1

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Antes de continuarmos essa história, precisamos voltar um pouco no tempo, pois contarei como cheguei até aqui. 

Eu morava numa cidadezinha no interior da Carolina do Sul. Tive uma vida tranquila. Vivi apenas com a minha mãe, pois meu pai não quis me assumir após minha chegada. Em relação a outros parentes, tive contato apenas com meus avós maternos. Sempre fui um garoto comportado, para falar a verdade, minha mãe sempre me estranhou por eu ser tão quieto. Mas sem mais delongas, irei começar a história. Me lembro claramente daqueles tempos remotos:

-Robert, ande longo, se não você irá se atrasar!

-Já vou, mãe!

Era uma segunda-feira. Eu possuía 8 anos e estava prestes a começar mais um ano letivo. Troquei de roupa e desci as escadas para a cozinha. Minha mãe estava organizando a mesa. Ela trajava um avental. Dava para perceber que estava um pouco agitada, já que alguns fios de seu cabelo ruivo estavam caindo sobre a testa. Ela costuma ficar assim com dias importantes como esse. Parei ao lado da porta. Minha mãe percebeu que eu tinha chegado.

-Não perca tempo. Coma antes que o ônibus passe.

-Ok - respondi.

-Então, - disse, se sentando do outro lado da mesa - como está se sentindo? Ansioso para o primeiro dia aula?

-Um pouco. Outros professores vão me dar aula. Eu não sei se estou preparado.

-Ah, não precisa temer nada. Aposto que irá amá-los, assim como os do ano passado. - falou, com firmeza, mas sem tirar a doçura de sua voz.

-Bem, é melhor você ir logo antes que se atrase - completou, após ver que eu tinha terminado de comer - Talvez seu amiguinho John já esteja no ponto te esperando.

-Certo - disse, pegando minha mochila e minha lancheira - Tchau, mãe.

-Tchau, filho - respondeu.

Me lembro de estar confiante nesse dia. De que coisas belíssimas aconteceriam comigo.

Quando cheguei no ponto, John já estava lá. Estava observando o outro lado da rua e não me viu chegando.

-E aí, John.

-Ah, oi, Robert. Pensei que você não viria mais.

-“Um mago nunca se atrasa, nem se adianta, ele chega exatamente quando pretende chegar.” - citei, me referindo a meu livro favorito.

-Tá, vou fingir que acredito. Mas parece que não foi apenas você que atrasou hoje. O ônibus já era para ter passado há 10 minutos.

-Eu não me surpreendo. O Antony sempre se atrasa no primeiro dia de aula - Antony era o motorista do ônibus da escola há mais de 25 anos. Era um homem de idade, mais que amava seu trabalho

Após alguns minutos, o ônibus chegou. Quando a porta abriu, percebemos que era outro motorista. Era jovem, um pouco mais de 30 anos. Subimos e nos sentamos.

-Cara, eu fiquei sabendo que o novo professor é bem legal - disse John.

-Quem te contou? - perguntei, curioso.

-Um amigo da escola. Ele me disse que o professor é amigo dos pais dele.

-Hum. Tomara que ele seja legal igual a tia Margareth.

-Concordo. Já pensou se ele for chato igual o Diretor Morales. Eu acho que não suportaria.

-Acho que não. Pessoas como o Diretor Morales só existem uma a cada escola. - soltei uma risada.

Retrospectos da MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora