Acontecimento inesperado

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Streetville, Quinta-feira, 23 de Junho de 2016, 02:35

Estou na sacada da minha casa, pensativo, olho o movimento dos carros daquela madrugada, e como tudo parece mais silencioso durante a noite. Percebo que vai começar a chover e resolvo entrar."Droga, porque eu sempre tenho que estragar as coisas". Sento no sofá para tentar me acalmar. Meus pensamentos estão muito embaraçados, não consigo conectá-los."Tenho que fazer alguma coisa, eu preciso…". Nesse momento, Lisa entra na sala.

- Robert, você tá bem? Não te vi levantando da cama.

- Ehhh… tô bem sim. Só tava precisando pensar um pouco.

- O que foi? Você parece tenso. Tô sentindo que aconteceu algo.

- Não é nada, é apenas um estresse por causa do trabalho.

- Ok. Volta para a cama logo, tá?

- Certo, volto já.

Ela pisca um de seu olhos para mim e vai para o quarto.

Na verdade, não é apenas estresse. Eu estava tendo um sentimento de que alguma coisa iria acontecer. "Ah, eu devia ter contado a ela. Talvez teria até me ajudado". Levanto e vou até o banheiro. Escolho por ligar apenas a luz dele. Não quero chamar atenção. Fecho a porta e me olho no espelho. O que vejo é um cara de olho azuis cheio de olheiras, um cabelo castanho todo bagunçado e uma expressão de dúvida. Ligo a torneira e lavo meu rosto. Mas não adianta nada."Preciso tomar um banho, talvez ajude". Tiro a roupa e ligo o chuveiro. Entro aos poucos por debaixo. A água está gélida, e ainda por cima está frio. Pelo menos minha cabeça para de latejar um pouco."Não é possível, isso não deve ser real". Me peguei novamente em pensamentos passados. Eu estava atônito pelo que aconteceu. Não conseguia acreditar."Tá bom, chega, eu preciso esquecer essa história. Vou sair do banheiro, deitar em minha cama e dormir tranquilamente. Tudo vai ficar bem. Assim espero". Desligo o chuveiro, me enxugo, visto minha roupa e saio do banheiro. Passando novamente pela sala, vejo que deixei a janela da sacada aberta. Vou lá fechá-la. Quando eu ia fechando, percebo que tem uma mulher loira lá na calçada. Ela está ao lado do poste, de cabeça abaixada, usando vestido claro florido e descalça. Pelo fato da pouca luminosidade do poste e de não está com a cabeça erguida, não consigo ver nitidamente seu rosto, mas me lembro perfeitamente quem seja."Aquela roupa, aquele cabelo. Não, não pode ser. Devo está delirando". Fecho a janela rapidamente, com mais força do que precisava. Começo a ter um pânico e sento no chão. Lisa ouve o barulho e vem correndo me ajudar.

- Amor, o que houve!

- Por favor… pega… a minha bombinha… na gaveta perto da tv.

- Certo.

Ela pega desesperadamente a bombinha de ar e me entrega.

- Está se sentindo melhor?

- Sim, obrigado.

- Vamos deitar.

Ela me ajudar a ir para o quarto e deito na cama. Logo, ela começa a me perguntar.

- Agora é sério. Você vai me contar o que houve ou não?

- Eu vi ela.

- Ela quem?

- A Claire.

- O que? Como assim?

- Ela estava lá embaixo na calçada. Eu vi. Eu tenho certeza que era ela.

-Robert, isso é impossível. A Claire morreu. Você deve ter se enganado.

- Não, não, eu sei o que vi. Era ela.

- Olha, amor, você deve tá muito cansado, e isso está mexendo com a sua cabeça. Escuta, vai ficar tudo bem, tá?

Eu tento processar o que tá acontecendo, mas eu pareço mais perdido do que estava anteriormente. Mas prefiro concordar com ela.

-  Talvez você tenha razão. É melhor irmos dormir.

- Exatamente. E foi você mesmo que disse que estava estressado.

Imediatamente me vem um sentimento de culpa.

- Na verdade, eu estava mentindo.

- O quê, por quê?

- Porque não queria preocupá-la

- Então me diz, por que você estava daquele jeito?

- Por causa que eu estava refletindo sobre o que aconteceu ontem de manhã.

- O que aconteceu?

Meu coração para por um momento, mas respiro fundo e começo a falar.

- Quando eu estava na garagem do condomínio para pegar meu carro, escutei um barulho. De instante, pensei que fosse um animal, mas então ouvi algo.

- O que?

- Parecia ser uma voz. Uma voz feminina. Parecia me chamar.Tentei procurar de onde vinha a voz, mas não encontrei nada.

- Talvez fosse alguma mulher que mora aqui no condomínio.

- Por um momento pensei nisso também, até que eu ouvi a seguinte frase: "Ela está observando". A voz tinha saído tão baixa e sombria que quase não escutei.

- O que você fez em seguida?

- Entrei rapidamente no carro e fui trabalhar.

Depois disso, houve um breve silêncio. Parecia que ela estava refletindo sobre o que acabara de ouvir. Ela me pergunta o que eu acho que era.

- Não sei, mas me deixou preocupado.

- É melhor irmos descansar e amanhã conversamos sobre.

- Também acho.

Estávamos quase dormindo, até que resolvo fazer uma pergunta.

- Amor?

- Sim?

- Você acredita em fantasmas?

- Bem, talvez eu tenha medo de me esbarrar com algum, mas não diria que acredito. Por quê?

- Eh… nada. Vamos dormir. Boa noite.

- Boa noite. Durma bem.

Retrospectos da MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora