Capítulo 1: "Conhecendo o guerreiro"

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Nota do autor: Eis aqui mais uma fic, dessa vez completa e com um total de 8 capítulos, que lançarei — espero — diariamente.

Boa leitura


☆☆☆☆☆

Um infeliz incidente.

O ataque de um feroz dragão, certa vez, acabou matando a jovem rainha enquanto ela admirava as flores de um canteiro que somente nasciam no centro da densa floresta. Diz-se que o rei, ainda que fosse forte e imponente, morreu doente de desgosto pela falta que a amada lhe fazia.

Seu único filho, o jovem príncipe Todoroki Shouto, teria de ocupar o posto de rei e assumir o comando do reino. Mesmo tão novo, o garoto, em seus poucos 14 anos de vida, demostrava total capacidade em tomar a frente do castelo, governando sabiamente seu povo. Aos 17 anos já havia ganho total confiança dos moradores do grande reino que agora lhe pertencia.

Uma vez a cada semana, o jovem rei Shouto ia até o centro da densa floresta observar o mesmo canteiro de flores que a rainha sempre procurava, lembrando-se da amada mãe ao admirá-las. Não atrevia-se a colhê-las e levá-las consigo unicamente por saber que, de certo modo, o espírito de sua amada mãe passou a habitar ali, naquelas mesmas flores, onde a vida lhe fora roubada.

Distraído, conversando com as plantas como se fossem a antiga rainha, sequer notou quando o mesmo dragão que há três anos matou-lhe a mãe aproximou-se sorrateiro, pronto para o atacar e lhe roubar a vida também. O jovem príncipe Shouto tinha conhecimento de arte com espada, esgrima, e portava consigo a fiel arma passada de geração em geração na família, no entanto via-se tão entretido ao falar com as flores do canteiro que fora incapaz de perceber a investida do monstro até o último segundo.

Virou-se bruscamente ao escutar o grunido sófrido do grande réptil alado, vendo o grande corpo agora estirado na grama, já sem vida. Acima do monstro encontrava-se o jovem que havia matado o dragão e lhe salvara a vida. O jovem rei não acreditava no momento de descuido que tivera e rapidamente pensou em cada morador de seu reino, em como ficariam desamparados pela falta de uma figura real que os guiasse.

Rei Shouto era um moço educado, tinha conhecimento de etiqueta e bons modos, então sabia que deveria agradecer ao loiro que lhe salvou a vida do mesmo destino trágico que a rainha tivera.

— Diga-me qual é o teu nome, jovem guerreiro.

— Bakugou Katsuki.

Embora o loiro fosse ríspido em sua resposta e emburrado em suas expressões o rei sorriu em agradecimento, decidido a levar aquele mesmo guerreiro consigo para o castelo e deixá-lo à frente de sua guarda real.

Ainda que o loiro aparentemente não soubesse conviver em sociedade e estivesse habituado à viver em meio aos lobos e outros animais, reconhecia seu talento em combate.

— Sou-lhe imensamente grato por me salvar a vida, jovem guerreiro.

— Não matei o dragão por você, majestade estúpida!

— "Majestade estúpida"? — agora comprovou que o loiro era mesmo rude. — Por que mataste o dragão então?

— Para proteger as flores do canteiro.

— As flores, você diz... — ainda que fosse verdade, seria uma razão a mais para o agradecer.

— Sim, são minhas. Eu as plantei e as protegerei.

— Então sou grato por você ter protegido as belas flores do canteiro.

— Que seja. — o loiro preparou-se para ir embora, pulando de cima do grande dragão e aterrisando ao chão com maestria.

— Sir Katsuki, eu, o rei Shouto, ordeno que venha comigo até o reino e torne-se o meu braço direito.

— Não me chame de "Sir".

— Mas virá comigo de qualquer modo.

— Eu recuso!

— Como se atreve!?

— O seu povo, uma vez, me expulsou do reino como a um criminoso.

— Sob que acusação?

— Bruxaria.

— Katsuki...

— Não me chame pelo primeiro nome também!

— Pois muito bem... — o loiro provou ser mesmo difícil de se lhedar. — Bakugou, quer me contar o que aconteceu?

— Não. Foi uma escolha sua há cinco anos.

— Então eu ainda não era rei.

Aquela afirmativa fez o jovem guerreiro pensar no assunto talvez pela valorização que o jovem rei dava as flores do canteiro, as tratando com carinho e até mesmo conversando com as plantas. Uma parte do loiro sentia poder confiar no de cabelos bicolor, mas ainda era cedo demais para tanto.

— Continuará visitando as flores do canteiro?

— Uma vez a cada semana, como tenho feito desde que tornei-me o rei.

— E a quanto tempo és tu o rei?

— Há somente três anos.

— Então talvez um dia lhe conte "meus crimes".

— Esperarei.

— Obrigado por dar tanto amor às minhas flores.

— Obrigado a você por tê-las plantado.

Logo o loiro saía daquelas bandas mas nunca se afastava demais do canteiro, como se aquele fosse seu bem mais precioso. O jovem rei, pensando sobre a conversa que a pouco tivera com o guerreiro, voltou a atenção às flores, perguntando a alma de sua mãe e ao vento o que achavam de Katsuki.

Até a próxima

O rei e o guerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora