28. Haunting

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Pisco os olhos várias vezes, ao tentar ter certeza de que isso realmente está acontecendo.
O carro está vazio, exceto por uma cadeira infantil com um bebê de olhos arregalados. Parece assustado, e prefiro nem pensar no destino que seus pais tiveram. Abro a porta com cuidado, pois apesar de tudo pode se tratar de algum tipo de armadilha.

Vejo os pequenos bracinhos se esticando em nossa direção. Como um pedido de socorro, mas não consigo me mover. Daryl faz o primeiro movimento e pega o bebê, colocando a besta nas costas. Enquanto continuo estática.

-Tem alguma coisa ali.-ele avisa, enquanto continua com a guarda alta.

Sigo para a parte da frente do carro e no parabrisas, em letras de forma apressadas está escrito:
-Fui infectado. Por favor, cuide dela, é só um bebê. Seu nome é Lily.

Toda a situação é no mínimo estranha, poucos meses depois de descobrir que eu realmente não consigo suportar uma gestação encontrar um bebê dessa forma parece uma forma do destino mostrar que ainda há esperança.
Não deixo de sorrir com o pensamento, vendo a pequena garotinha nos braços de Daryl.
Ela nos olha com curiosidade, os olhos tão azuis, tão parecidos com os dele.

-Não podemos deixá-la aqui.-digo por fim.

A viagem de volta é tranquila, com a pequena Lily e as suas poucas coisas em uma mochila. Dois pares de roupa, algumas fraldas, meia lata de fórmula e uma mamadeira.

-O quê?-Maggie é a primeira a vir nos receber e pergunta confusa.

-Ela estava sozinha num dos carros abandonados.-explico, caminhando em direção ao consultório.

-Meu Deus! Há quanto tempo a pobrezinha ficou lá?-ela diz preocupada ao fazer um carinha da cabeça da pequena.

-Nem consigo imaginar pelo que passou, mesmo ainda sendo um bebê.-é tudo que respondo.

Depois de alimentá-la e fazer algums exames descubro que, apesar de uma leve desidratação, Lily está saudável. Prefiro não pensar no que aconteceria caso não tivéssemos a encontrado.

Poucos meses atrás tinha a certeza de criar meu próprio bebê, com todos os acontecimentos esse pareceu algo tão distante. Tão impossível. Por isso não consigo segurar as lágrimas ao ver dedinhos pequenos mexendo no meu cabelo, enquanto seguro a garotinha em meu colo.

Sinto que agora tenho um propósito, uma razão para acordar todos os dias, cuidar dela, protegê-la.

..

Daryl's pov

Faz cinco anos que encontramos a Lily.
Cinco anos desde que voltamos a ser como antes.

Ocorreram muitos acontecimentos ruins durante esses anos, perdi algumas das pessoas mais importantes, perdi família.

Volto para casa depois de um dia de buscas, quase infrutífero. Não escuto nenhum som ao entrar e logo um sentimento de angústia me percorre.
Porém ao entrar no nosso quarto vejo a cena que me tranquiliza e me lembra o porquê de acordar todos os dias para lutar.
A mulher que amo dormindo com a pequena garotinha. Ambas com expressões angelicais, paro por um instante refletindo a minha sorte. Como foi possível encontrá-las no meio do inferno, construir uma família.

-Papai!-Lily fala ainda sonolenta, com um sorriso, quando me vê. É o tipo de sentimento que jamais achei que sentiria.

Simplesmente impressionante como ela chegou de repente para mudar tudo.

-Oi pequena! Está tudo bem?-pergunto ao ser abraçado, sem deixar de sorrir.

-Sim, nós fizemos biscoitos!-ela conta feliz.-Você tem que provaaar.-cantarola.

Sigo com ela em meus braços até a cozinha, mas não sem antes depositar um beijo na têmpora de uma April ainda sonolenta.
Lily senta no balcão e me mostra os vários formatos de biscoito que inventou, todos parecem iguais, mas finjo estar impressionado com sua criatividade.

-A busca foi longa hoje, o sol se pôs há horas.-April surge e me abraça por trás, encostando a cabeça em minhas costas.

-Preciso ir cada vez mais longe.-digo ao puxá-la para meu peito.

Ficamos os três juntos, comendo enquanto Lily narra suas aventuras do dia com a Judith. Depois de provar pelo menos três sabores diferentes de biscoito a convenco de ir dormir.

-Vai ter história hoje?-ela pergunta quando a coloco na cama.

-Vamos ver... posso contar a história do super herói xerife, já ouviu essa?-pergunto.

-Ah, tipo o tio Rick?-questiona com seus grandes olhos azuis, abraçada com o urso de pelúcia marrom.

-É, tipo o tio Rick.-então narro algumas histórias para a pequena curiosa, que logo adormece.  Saio do quarto em silêncio, mas antes:

-Papai? Você esqueceu do beijo de boa noite do Ringo.-ela lembra quase sem conseguir abrir os olhos, falando do urso inseparável. Assim volto para dar boa noite à ele.-Eu te amo.

Ver essa criaturinha tão frágil, que mudou completamente minha visão de mundo, dizer que me ama é um dos melhores sentimentos.

-Também te amo, filha.-falo antes de fechar a porta.

.

-Está bem cansado né? Eu posso te ajudar a relaxar.-April fala, deitada na nossa cama apenas com uma camisa minha, quando saio do banho.

.

Volteiiii💖
Viram que o Daryl  perdeu total a pose de bandido mal com a Lily?
Ah, e próximo capítulo tem hot pra matar a saudade!!
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⏰ Última atualização: Nov 30, 2020 ⏰

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My Angel - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora