26. Lover

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Os últimos meses foram difíceis.
Entre planos elaborados e batalhas que parecem não ter fim, o clima continua de extrema tensão com os salvadores soltos.
O Negan não parece ter a menor expectativa para acabar com tudo até conseguir destruir Alexandria, e é exatamente isso que tentamos impedir.
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Flashback:

-É uma menina.-revelo à Maggie, logo depois de sair da pequena enfermaria de Hilltop, que possui um aparelho de ultrassom.

Seu sorriso se torna verdadeiramente amplo, o que me faz mostrar mais ainda os dentes. Observo Daryl ao meu lado, cujos lábios estão curvados num sorriso discreto, porém contagiante. Se tratando dele, qualquer demonstração em público já é um enorme avanço.

-Ás vezes nem parece que tudo é real.-ela conta, ainda com uma expressão feliz, porém sinto um pouco de tristeza em sua voz.

Eu, esperando um bebê do homem que amo. Nunca em um milhão de anos imaginaria ser possível tal coisa. E mesmo que as circunstâncias não sejam nem de longe as esperadas, vou fazer de tudo para proteger quem amo.
Afinal, são por pequenos detalhes que ainda vale a pena viver.

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-É muito perigoso, eu não vou deixar você fazer isso.-Daryl continua, enquanto caminhamos de mãos dadas até os portões de Alexandria, aonde todos se reunem para o possível ataque.

-Eu sei que é, mas não posso ficar parada.-digo, provavelmente com um olhar exasperado.-Não vou conseguir te ver ajudando todos sem poder fazer nada.

A comunidade está se preparando, como pode. Daryl me ajuda a colocar um colete a prova de balas, sob minha barriga já um pouco grande.

-Não vou deixar vocês.-ele avisa sério.

-Vamos passar por isso, como sempre fazemos.-digo o encarando, toco seu rosto lentamente o puxando para um beijo. Eu nunca vou me cansar disso.

A noite já se aproxima e o céu se encontra num bonito tom de azul, perfeito para ser apreciado. Mas infelizmente estamos no apocalipse.

Um barulho de motor surge de repente, deixando todos em alarme.

-Estão vindo.-Carl avisa logo após observar a estrada.

O pânico me atinge, porém tento não transparecer. Temos um plano de evacuação, levar todos para os tuneis  subterrâneos encontrados, de maneira rápida e discreta.

Quase como no automático, guiamos as pessoas até a entrada do túnel, sem fazer barulhos. Temo pela vida de todos, pois apenas um erro é capaz de revelar nossa localização para o Negan.
Ajudo com a organização de todos, conferindo se estão todos presentes num estranho clima de tensão, como se tivesse algo errado. Quer dizer, mais do que já está.
Tento ignorar os meus instintos ao continuar arrumando os itens de primeiro socorros na área super improvisada.

-Ah, não.-percebo quem está faltando.

Por um minuto reflito as minhas opções, mas não tenho tempo para procurar alguém, então sigo de volta pelo mesmo caminho percorrido.

Corro, segurando a arma enquanto procuro o garoto. Daryl deve estar me procurando, mas não poderia deixar Carl sozinho. O encontro em uma das torres de vigia, visível da estrada. Então escuto uma voz conhecida e nada amistosa. Negan.

Me pergunto por que Carl resolveu agir como a distração. Com o coração tão acelerado que parece a ponto de explodir. Ele conversa com Negan, sem aparentar nenhum temor. O admiro, mas a minha vontade é de correr até ele e o levar para a área segura, o que infelizmente não posso.

Olho para os lados e toco na minha barriga, com cada célula do meu corpo se arrependendo de ter saído do bendito túnel. Não sei por quanto tempo a conversa continua, até que uma espécie de granada é arremessada nas casas. O fogo começa a se alastrar e mais algumas são jogadas.

Carl desce da torre correndo, vou ao seu encontro e percebo que sua aparência não está nada boa. Passo seu braço pelo meu pescoço e o ajudo a correr até a parte da floresta onde fica a área segura. Dou de cara com Daryl, a besta em mãos ao acabar de sair do túnel, uma expressão de medo real em seu rosto.

-Está tudo bem.-digo ao abraça-lo assim que entramos e posso realmente respirar em paz.

Carl é colocado numa espécie de cama montavel e Sidqui logo se dispõe a me ajudar no seu tratamento. Com poucos materiais e num ambiente nada apropriado.
Vejo a marca de tiro profunda, antes de pegar uma pinca para retirar os estilhaços. Me sinto tonta, mas não posso parar. Preciso salva-lo.

Sinto a adrenalina percorrer todo meu corpo enquanto faço o melhor para dar pontos seguros.
Vejo Rick entrar na sala e ver o filho já desacordado, ele me olha com lágrimas e seu olhar vai até o chão aos meus pés.
Não entendo até olhar também. Eu estou sangrando, bastante.

-Vai ficar tudo bem.-digo com a voz embargada.

Meus pensamentos se tornam um caos completo, mas me concentro somente em finalizar a atual tarefa.

Termino os pontos e sidqui se disponibiliza a fazer o curativo. Saio entorpecida, sem crer em tantas coisas de uma vez. Encaro Daryl segurando Judith em seus braços, a cena mais linda que eu jamais poderia  sonhar.
Ele não me vê, então sigo para uma área mais afastada, longe de todos, e desabo. Eu perdi muito sangue e parte de mim sabe que não há duvidas sobre o que aconteceu. Mas outra tem esperança de que seja qualquer coisa menos isso.

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Atualizei finalmente!
Votem e comentem se ainda querem a continuação da história. ❤

My Angel - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora