Vinho Doce

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Coraline.

-Então você não trabalha com isso?

Eu estava impressionada. As fotos...

-Não. – Admitiu ele. – Eu trabalho em um banco em Sort Valley.

-Sort Valley? California?

-Sim, porque? Você já esteve lá?

-Só algumas dezenas de vezes. Eu moro em Cornertown.

-Não pode ser.

-Parece que somos vizinhos, afinal de contas.

Ben pediu mais uma rodada de drinks e discutimos os pontos positivos e negativos de morar no interior da Califórnia. Ambas as cidades eram minúsculas, mas Cornertown conseguia a façanha de ser relativamente maior.

Algumas horas depois, Alex, um amigo de Ben, entrou no bar. Era noite. Benjamin havia ligado para ele, já que nenhum de nós estava em condições de dirigir. Eles dividiam um quarto de hotel há cerca de 2 km dali. O meu hotel ficava há cerca de 5 km, mas eu estava sozinha, então foi lá que Alex nos deixou.

-Você não precisava ter vindo, Alex. A gente podia chamar um táxi. – Disse a ele.

-Eu não ia deixar meu amigo na mão.

-Alex é um bom amigo. – Ben me disse.

-Sou só um idiota ajudando um irmão. E, hã... Eu preciso esperar no lobby ou...

Alex sorriu com o canto da boca.

-Ou posso voltar amanhã?

Benjamin e eu não tínhamos falado sobre relacionamento, não havíamos citado relações amorosas e nem relações passageiras, mas a química que se instalou entre nós havia grudado em meu casaco roxo.

Por não saber se ele queria ir ou queria ficar, ou se eu queria que ele fosse ou se ficasse, deixei a pergunta pairar no ar. O álcool claramente inebriava meus pensamentos, mas meu juízo estava em perfeito estado.

As decisões que eu fiz, não me arrependo. Mas hoje dói pensar aonde isso me trouxe.

Foram dois segundos entre a pergunta de Alex e o beijo de Benjamin. Ele veio na minha direção, fuzilando meus olhos com um desejo azul escuro que mais parecia abranger a galáxia como um todo. Ben passou a mão por meus cabelos, que desciam até pouco acima da cintura, e instalou a mão lá, sem deixar soltar.

Por alguns segundos, senti que ele havia respondido a pergunta de Alex sem proferir uma palavra. Quando abri os olhos, o carro tinha ido embora.

Peguei sua mão e subimos para o vigésimo quinto andar, sem perder um segundo. Parecia que depois que eu tinha encontrado o sabor de vinho doce em sua boca, ficar sem isso era quase como não respirar.

Mas não era. 

Nada Além de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora