Ordo Veritatis _Arquivo 1: Um novo parceiro, Um novo chamado.

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Ontem: 17:52 de 15 de abril de 2023, Belo Horizonte

Um som de vibração pode ser ouvido sendo emitido de um celular acima da segunda prateleira do quarto de um hotel. O sol se punha, e um raio em um alaranjado raso e fraco caia sobre a tela do aparelho, mesmo que o céu parecesse labaredas de fogo. Havia somente uma notificação na tela: "Você tem um novo e-mail"

Data atual: 14: 35 de 16 de abril de 2023, São Paulo.... Perto dos Prédios Beta e Alpha.

Era tarde, o sol se posicionava atrás dos prédios administrativos e apartamentos, o motorista, homem negro de mais ou menos cinquenta anos, olhava de soslaio em certas paradas descronometradas para a foto gasta de uma mulher com um vestido floral e uma criança com uma caneca fumegante. Seu passageiro mantinha o olhar fechado enquanto ouvia algo em um volume que transpassava os fones de seu ouvido, as madeixas castanhas caiam sobre seus olhos levemente escurecidos sendo levantadas levemente quando o mesmo respirava.

Mesmo quando tinham chegado ao seu destino, o motorista ficava relutante de olhar para seu passageiro, mesmo sendo um homem contra julgamentos por primeiras impressões que já foram totalmente desconstruídas com mais de dois anos trabalhando como motorista de aplicativo, aquele homem parecia expressar uma imagem cansada e forte, sua barba bem feita impunha certa firmeza em suas expressões.

- Senhor? - disse relutante - Senhor, nós chegamos ao seu destino.

Como se já tivesse ouvido ao senhor na primeira vez, relutante ele abriu os olhos, o sol ainda forte brilhando em sua íris castanha.

Ele guardou os fones no bolso de sua jeans, e retirou uma das notas de cinquenta a entregando ao motorista, e retirando o cinto abriu a porta saindo e nem olhando para trás.

- Senhor?! Isso é mais que a viagem! - disse alto de forma a fazer seu passageiro escutá-lo

- Eu sei - falou em tom normal - o resto é por não ter me acordado eu me enchido o saco..

Sem reação o motorista viu o cara a sua frente tirar um cigarro e entrar no grande prédio nomeado BETA sem dizer mais nada, e seguiu seu caminho após uma nova notificação.

Ao entrar no prédio, e seguir para o balcão da recepcionista, o Sol ainda lhe batia a face, revelando uma mistura hipnótica entre a sua íris verde e o amarelo fraco do sol, sua jaqueta de couro um pouco gasta, se mostrava meio pesada sobre seu corpo musculoso apesar dele aparentar nem perceber isso. O cigarro já aceso soltava uma leve fumaça pelo ar, enquanto os fios bem feitos de seu bigode brilhavam com toda a sedosidade que aparentavam ter.

Ao chegar no balcão pode ver ao fundo uma placa com um retângulo e um quadrado cruzados por um grande X vermelho. Pegou seu cigarro e o apagou na própria língua o jogando na lixeira do outro lado do balcão. A balconista ficou com a boca entreaberta em uma aviso que seria dado, porém que no final não foi necessário.

- Boa Tarde senhor, como po-

- Tenho uma reunião com o senhor Veríssimo.

- Documen-

A figura colocou sua identidade e um cartão branco com um símbolo em triângulo no meio acima do balcão de maneira calma e gentil, apesar de demonstrar cansaço. A balconista, uma mulher relativamente alta e de cabelos negros alizados, pegou os documentos da mesa e os passou de forma rápida pelo sistema, o cartão deslizou de forma solicita brilhando sobre a luz vermelha do scanner. A mulher olhou para ele de forma insegura, e levou um pequeno susto arregalando levemente os olhos, sobre a sombra do sol da tarde, que parecia mais intensa do lado de dentro da recepção, três grandes marcas cortavam a sua cara a deformando, os grandes sulcos que dividiam sua face em três pareciam mais amedrontadores e profundos do que realmente eram à sombra daquela tarde, seu olhar era distraído, como se quisesse sair de uma vez por todas de lá e ir comer um bolinho, porém seus pés batiam de maneira impaciente no chão, demonstrando sua apreensão perante aquele evento, ter sido chamado a aquela nunca podia ser uma notícia boa, ou a que a figura vestindo casaco de couro quisesse.

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