RAIDEN
QUANDO ACORDEI NA MANHÃ SEGUINTE James já não estava mais ao meu lado, e agradeci por não precisar expulsá-lo antes que Nathan acordasse também. Finalmente ele tinha aprendido a ser esperto, diferente das outras vezes em que precisei distrair meu irmão do lado de fora do quarto para que ele não visse o amigo correndo pelo jardim.
Me arrastei para fora da cama com dificuldade quando ouvi alguns barulhos através da porta, indicando que Nate estava acordado. Minha cabeça doía e o sono acumulado pesava as minhas pálpebras, implorando para serem fechadas outra vez. Após vestir a primeira roupa que encontrei e o par de coturnos de sempre, saí do quarto e ouvi a voz de Nathan vindo da cozinha.
— A casa não é sua pra você dormir no sofá quando bem entende, cara — ele dizia.
— Ah, qual é, NC! Eu trouxe a sua irmã, que você simplesmente esqueceu que existia, estava cansado e resolvi dormir por aqui mesmo, não enche, vai. — A voz de James irrompeu pelo cômodo também. Bela mentira a dele.
— Eu não esqueci que ela existe, achei que ela voltaria com os amigos — Nathan se defendeu.
Entrei na cozinha, interrompendo a discussão dos dois e notando a presença de Chad Michaels, outro amigo deles que também estava lá.
— Vocês não têm casa, não? — Encarei os dois forasteiros.
— Eu e o NC temos uns assuntos pra resolver, pestinha — Chad respondeu.
— Que tipo de assunto precisa ser resolvido antes das oito da manhã? — Arqueei uma sobrancelha e me sentei na cadeira restante.
Peguei um cigarro no bolso da jaqueta e quando estava pronta para acendê-lo Nathan o puxou dos meus lábios. Franzi o cenho para ele, irritada e confusa com seu ato.
— Coisas da oficina — meu irmão respondeu, indiferente com o que acabara de fazer, e colocou o cigarro em um cinzeiro sobre o parapeito da janela. Na sua frente havia um prato vazio e uma xícara de café. — Tem panqueca pra você. — Apontou para o prato no centro da mesa.
— O que foi isso? — Apontei para o cigarro, me referindo a ele tê-lo tomado de mim.
— São oito da manhã, Raiden. Já te disse pra não fumar tão cedo.
— Ele não tá errado — Michaels interveio. — Isso vai te causar um problemão se continuar assim.
Revirei os olhos para a sua fala e ele se levantou, rindo e depositando um beijo em minha bochecha antes de sair da cozinha. Eles tinham uma mania insuportável de cuidar excessivamente de mim. Era irritante.
— Acordei mais cedo e consertei o seu carro, vê se não estraga de novo — Nate me arremessou a chave do veículo. — Vou lá pra trás com o Chad — completou, saindo da cozinha também. — Vai pra casa, Ryder! — Sua voz soou de longe, e o garoto sentado ao meu lado na mesa riu nasalado.
Era extremamente vantajoso ter um irmão mecânico quando o seu carro era uma lata velha que vivia estragando. Eu não precisava me esforçar para consertá-lo e Nate nunca se importou em fazer isso para mim.
— Você dá muita sorte pro azar — falei, colocando um pedaço de panqueca na boca.
James riu mais uma vez e se levantou.
— Ele nunca vai desconfiar, a gente se odeia.
— Isso não é uma mentira. — Forcei um sorriso.
Após terminar de comer fui para o banheiro escovar os dentes e de lá ouvi a porta da sala bater, indicando que Ryder estava indo embora. Alguns minutos depois eu saí também, indo em direção ao inferno escolar.
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LIKE A STORM | DEGUSTAÇÃO
Teen FictionRaiden Calloway era como uma tempestade, daquelas que chegam e arrebatam tudo, só deixando caos e confusão no lugar. Há uma década, a perda do seu pai trouxe dor para a sua vida, e sua mãe se tornou seu principal pesadelo ao cair em um abismo de víc...