RAIDEN
— ESSA MERDA DÓI! — xinguei enquanto me aproximava de Miranda e Brooke, que estavam rindo perto do portão do estacionamento.
— Você vai precisar de um pouco de gelo — Brooke ria.
— Só um soco? Achei pouco — Miranda comentou.
Entramos na minha caminhonete e eu abri e fechei o punho repetidamente, na tentativa de diminuir a dor antes de dar a partida e pisar fundo para longe da escola.
Miranda ligou o som num volume alto e Livin' On The Edge começou a tocar. Batuquei os dedos no volante ao som da música e mantive meus olhos atentos à rua enquanto dirigia.
— Aposto que o olho dele vai estar roxo amanhã — Brooke disse do banco de trás. — Vou pagar pra ver.
— Sinceramente, Raiden, eu só não te condeno pelo resto da sua vida porque sei que você tava bêbada demais pra pensar na merda que tava fazendo — Miranda balançou a cabeça ao meu lado.
— Vocês deviam ter me impedido quando viram. Me poupariam de passar pela humilhação de ver aquele otário gozando em dois minutos — ralhei.
As duas gargalharam outra vez e eu acabei rindo também; era cômico, apesar de trágico.
— Talvez assim você pare de ficar tão louca em todas as festas — Brooke declarou, me fazendo revirar os olhos.
— Não começa. — Encarei ela através do espelho retrovisor.
— Pelo menos daqui há trinta anos nós teremos algo pra lembrar e rir — Miranda acrescentou, secando as lágrimas que escorreram por causa da risada.
— É, uma ótima lembrança — ironizei, rindo um pouco.
Deixei as duas em suas respectivas casas em questão de minutos e dirigi para a minha. Ao chegar, deixei a mochila jogada em um canto da sala e fui direto para a cozinha pegar um saco de gelo para colocar na mão, meus dedos vermelhos estavam latejando e doendo bastante.
Não era a primeira vez que eu dava um soco em alguém, mas também não fazia aquilo com frequência a ponto de estar acostumada com a dor.
Me encostei no balcão, segurando o saco de cenouras congeladas sobre o machucado, e ouvi vozes se aproximando da cozinha.
— ... E eu não posso ficar enrolando os clientes pelo resto da vida — Nathan adentrou o cômodo, sendo seguido por James. Os dois me viram parada e seus olhares caíram direto na minha mão. — Que porra é essa?
Fiz uma careta.
— Um idiota do colégio estava falando algumas merdas sobre mim. — Dei de ombros.
— E aí você bateu nele? — ele riu. — É a primeira semana de aula, Raiden.
— Foda-se se é a primeira semana ou o primeiro dia, não sou obrigada a aguentar ninguém falando merda com o meu nome — bufei irritada.
Os olhos de James encontraram os meus e pude reconhecer uma pequena quantidade de raiva neles. Não que eu me importasse, mas estava bem nítido.
— Falando o quê exatamente? — Nate perguntou, puxando a minha mão e analisando meus dedos.
— Eu já cuidei disso.
— O que ele estava falando, Raiden? — insistiu, me encarando.
Bufei outra vez e, vendo que ele não desistiria, revirei os olhos. Puxei minha mão de volta, encostando o gelo nela novamente. A queimação era tão incômoda quanto ter que falar sobre aquilo.
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LIKE A STORM | DEGUSTAÇÃO
Teen FictionRaiden Calloway era como uma tempestade, daquelas que chegam e arrebatam tudo, só deixando caos e confusão no lugar. Há uma década, a perda do seu pai trouxe dor para a sua vida, e sua mãe se tornou seu principal pesadelo ao cair em um abismo de víc...