- A senhorita está bem? - ouço o dizer me tirando do transe, ele também não tira os olhos dos meus e pisco umas três vezes pra me despertar, não sei o que esse homem causa em mim, é apenas uma impressão estranha
- Não me mate por favor- eu suplico ainda chorando, o homem me olha com total desdém como se divertisse com aquela situação
- Hoje é seu dia de sorte, infelizmente ou felizmente fui treinado para matar vermes e não mulheres indefesas -
Eu o encaro e arqueio a sobrancelha, ele desce do cavalo e me dá a mão para levantar do chão, eu suspiro e aceito sua ajuda, ainda desconfiada, sempre ouvi histórias de como os soldados do Reino de Newcastle são violentos e sanguinários, um soldado gentil está totalmente fora do comum.
- infelizmente não pude ajudar sobre o seu vestido, senhorita- ele diz sem tirar seu sorriso de puro desdém do rosto ele está tirando sarro de mim? Eu reviro os olhos e tiro minha mão da sua bruscamente , não sei onde tiro coragem para agir com tamanha grosseria com o inimigo que poupou minha vida, mas sei do meu gênio forte com homens que tiram sarro de mim.
- pois obrigada pela gentileza de não me matar, tenha um bom dia
Digo andando
- Eu posso não te matar, mas alguns colegas não vão ter tamanha compaixão
Ele diz e eu paro no caminho me virando pra ele com os olhos arregalados e ele sorri pra mim de novo, que patife, está me desafiando.
- Vamos, vou te ajudar a encontrar um lugar seguro
Eu suspiro e vou com ele, permanecemos calados durante o caminho todo e eu sinto o olhar dele me avaliando e aquilo me deixa completamente enrrubecida, nem Luis me olha assim .
- o senhor é muito mal educado por olhar uma moça assim - eu digo o encarando também
Observava que ele anda nas ruas com tamanha tranquilidade, não tem medo de algum soldado nosso aparecece, sem contar que ele exala confiança.
- estou apenas curioso, senhorita.
Ele ri e eu observo seu sorriso perfeito, seu cabelo preto entra em um contraste com seus olhos azuis como céu anil, ele é como um príncipe e por um momento eu pensei... fada madrinha? Não, por favor Aurora, não seja tola, isso não é uma conto de fadas.
- Ali é onde todos se esconderam
Ele aponta para um vilarejo
- como o senhor....
Ele me interrompe
- Todos se escondem ali quando tem invasões, mas creio que a senhorita não seja da capital
Eu apenas concordo e ele sobe em seu cavalo
- se cuida menina - diz me olhando de cima abaixo me dando novamente um sorriso cheio de desdém, eu odeio quando fazem me sentir tola.
- ah.. bonito colar- e assim ele vai sem que eu possa dar uma resposta altura a tamanho atrevimento por ele ser tão... intrometido
Corro até o vilarejo e bato na primeira porta que eu encontro, apesar de tudo aquele atrevido tinha razão, eu estava em perigo- por favor abram, estou perdida- e a porta se abre e um homem com olhos amendotrados me deixa entrar, eu agradeço, por sorte encontro Anne que também estava ali escondida
- Aurora- ela diz e me abraça, ela tremia, estava com tanto medo quanto eu, nunca havíamos presenciado guerras.
- Calma, senhorita estamos bem-
Eu digo e ela me encara
- Onde esteve? Se perdeu? Está bem?- ela diz passando a mão pelos meus ombros como se quisesse me confortar, eu tentava lhe passar tranquilidade com o olhar mesmo me sentindo um tanto surpresa por ela realmente se importar, afeto vindo da família dela eu não esperava
- Eu estou bem, um soldado me ajudou- eu disse por fim, claro que não diria que foi um soldado inimigo, eles me acusariam de traição e não tem nada pior que ir para a forca por traição.
- o que está havendo? Por que essa guerra? - Anne diz e um dos homens a encara
- Newcastle quer tomar o reino- ele passa as mãos pelo cabelo
- O rei está com dívidas e eles vieram cobrar-
Outro homem diz e eu suspiro sem tirar os pensamentos daquele soldado atrevido da cabeça, eu nunca fiquei assim por causa de ninguém e não sabia o que estava sentindo , por que aquele homem e aquele olhar mexeu tanto comigo?
Passou horas até que finalmente pudéssemos ir embora, Anne ainda estava assustada e eu também, assim que saímos daquela casa fomos direto para a carruagem e voltamos o mais rápido possível para casa, a madame ia me matar por eu voltar sem as frutas, mas não sobrou nada da feira, nem uma mísera maçã .
Ao chegar em casa Anne correu direto para os braços da mãe e chorava copiosamente tentando explicar tudo o que houve, sem sucesso já que seus soluços impediam sua voz de dizer algo coerente.
- o que houve, Aurora?- a mãe dela que abraçava a filha e tentava acalma-la me olha com curiosidade
- Uma invasão, madame, Newcastle invadiu o reino e não sobrou nada, infelizmente nem as frutas -
Eu explico e ela rola os olhos como se o que eu tivesse dito fosse de tamanha tolice
- Tudo bem, vá para a cozinha qualquer coisa eu lhe chamo-
Eu assinto e vou até a cozinha e explico o que houve para Ana, ela me olha com curiosidade e preocupação
- Eu não sei Ana, eu não sei o que eu senti, foi algo surreal, foi como se tudo tivesse ficado colorido e tivesse ganhado forma quando aquele homem me olhou daquele jeito-
Eu dizia e suspirava, Ana era como uma mãe e eu confiava nela para lhe contar tudo.
- Aurora, ele é o inimigo, não ouse falar dele dessa forma.. parece que se apaixonou
Eu olho pra ela e rolo os olhos
- claro que não Ana, mas apenas foi algo diferente, nunca havia sentido isso.. você já sentiu isso?
Ela para de mexer a panela e olha pra mim
- Sim, quando eu conheci o pai de Luis, ouça bem minha filha, não volte a pensar nisso, você sabe como o povo dessa casa é, imagina se eles se quer desconfiam desse encontro? Você seria morta em praça pública
Sinto um tremor na minha espinha e me arrepio mais ainda quando escuto uma voz grave atrás de mim
- Quem seria morta em praça pública , Ana?
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Efeito Borboleta
Teen Fiction"O bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um furacão do outro lado do mundo" Antes mesmo de Edward Lorenz descobrir a teoria do Caos, ele já acontecia da vida de Aurora uma jov...