Colors

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Se me pedissem para citar dois momentos memoráveis de minha infância eu não hesitaria em contar os seguintes acontecimentos.

No primeiro momento, eu estava em casa e fazia um desenho na folha entregue por minha mãe. Desenhava a mim mesmo, junto aos meus pais e meu papaguaio, o Toto. Também desenhei minha casa e o jardim que havia na entrada, ao qual minha mãe dedicava imenso cuidado. Aos poucos se aproximava do resultado presente em minha mente e eu estava ficando satisfeito.

- Terminei - falei com um sorriso enorme no rosto, desenhar era algo que me deixava extremamente feliz.

- Deixa eu ver o seu desenho, querido? - Mamãe pediu, sorrindo para mim.

Entreguei a folha para ela, que observou atentamente. Apesar de muito novo, cinco anos de idade, era possível ver minha facilidade para desenhar, entretanto minha mãe parecia assustada com o que via.

Aquela não era a primeira vez que algo assim acontecia e isso me deixava inseguro quanto aos meus desenhos.

- Tem algo de errado com meu desenho, mamãe?

- Não querido, ele está lindos, tudo o que você faz é lindo - ela falou sorrindo e me tranquilizando sobre a ideia de uma possível rejeição que se passava em minha mente.

O segundo momento se passou em um consultório médico, o local em que eu soube do meu carma:

- Seu filho possui daltonismo - o médico disse, após checar os resultados dos exames feitos.

- Isso quer dizer que ele não enxerga as cores? - minha mãe perguntou, preocupada.

- Os casos em que o indivíduo em questão apresenta visão acromática são raros e Beomgyu não se encaixa nesse quadro. De acordo com os exames, ele possui protanopia e, por isso, enxerga em tons de bege, marrom, verde ou cinza.

- Existe algum tipo de tratamento?

- Essa é uma doença hereditária, senhora Choi, mas seu filho pode conviver bem com isso, não irá afetar seu desenvolvimento. Eu sugiro que a senhora comunique a escola para que a pedagoga possa te informar sobre os métodos de ensino voltados à crianças daltônicas.

Eu não entendi imediatamente qual era o problema que fazia com todos olharem meus desenhos de maneira estranha. Só entendi quando minha mãe me entregou novos lápis de cor e escreveu os nomes das cores em todos, ela também fez a mesma coisa com as tintas que pedi em meu aniversário.

E eu guardei em minha memória todas as vezes em que ela dizia:

- As folhas são verdes e as flores são vermelhas.

Mas o que era vermelho e verde? Se eu observasse um lápis vermelho e um verde, um ao lado do outro, não haveria diferença alguma e isso era angustiante. Tudo o que eu desejava era ser uma pessoa normal.

- Beomgyu, a sra. Sun terminou de preparar o jantar - ouvi a voz de Yeonjun, um dos outros garotos que moravam na pensão Sun, me chamando atrás da porta e me tirando de meus devaneios.

Eu estava morando nesta pensão desde que comecei a faculdade, já que a minha mãe ficaria preocupada se eu morasse em uma república ou em um apartamento alugado.

- Já estou indo, obrigado por avisar, hyung - falei, deixando meu notebook que estava em meu colo em cima da cama e vestindo uma camisa.

Eu tinha acabado de postar um anúncio de que faria quadros por encomenda, já que o dinheiro que meus pais mandavam não cobria todos os meus gastos. Bom, eu também tenho um trabalho de meio período em uma loja de conveniências, mas se eu quiser viver de arte, que é o meu sonho, eu preciso começar logo.

É irônico, não é? Alguém que não consegue distinguir cores, desejar ser um pintor. Eu já pensei em desistir várias vezes, mas todo o carinho de meus pais me fizeram persistir e foi por esse motivo que me matriculei no curso de artes plásticas e procurei aprimorar minha técnica.

Após me vestir, saí do quarto e fui para a cozinha da pensão onde todos os moradores já estavam reunidos. Somos ao todo, cinco moradores, além da  sra. Sun e seu filho, Hueningkai.

Park Jimin era o mais velho e veio de Busan para estudar dança. Ele é muito animado e engraçado, por mais que apronte algumas de vez em quando. Kim Taehyung é o segundo mais velho e morava em Daegu antes de vir para Seul, assim como eu, apesar de nunca termos nos encontrado em nossa cidade natal. Ele cursa artes cênicas e, junto a Jimin, causa a maioria das risadas que damos aqui na pensão.

Continuando pela ordem de idades, temos Yeonjun, que me chamou anteriormente para o jantar, ele estuda música e é a primeira pessoa que procuro para pedir conselhos. E, por fim, temos Soobin, que faz o mesmo curso que Yeonjun, porém está dois períodos atrás, já que é mais novo. Eles tiveram um relacionamento quando Soobin era calouro, mas não durou muito tempo.

A sra. Sun, nossa locadora, é uma senhora simpática e cuidadosa, além de nos considerar como filhos. Seu filho, Kai Kamal Huening é o nosso maknae e algumas vezes ele faz brincadeiras sem graça conosco.

Me sentei junto à eles e sorri ao ver a comida deliciosa que comeriamos hoje. A sra. Sun é uma cozinheira de mão cheia.

- Beomgyu, querido, você já tem pedidos de quadros? - Ela perguntou com seu típico sorriso acolhedor.

Ela havia me cedido um quarto que estava vazio para que eu pudesse pintar, já que os quartos da pensão são muito pequenos.

- Ainda não, eu só tive tempo de postar o anúncio hoje - falei.

- Seria uma boa ideia se você fizesse um Instagram e postasse seu trabalho, Beom - Taehyung falou.

- Você tem razão, obrigado pela ideia, hyung.

- Só pagar um jantar pra gente quando começar a ter pedidos - Jimin sugeriu brincando.

- Você só pensa em comida, hyung - Yeonjun riu.

- Tudo bem, acho que todos já pagaram um jantar quando algo importante aconteceu - falei. - Quando eu receber pelo primeiro quadro, nós vamos comer aquele camarão apimentado em Insadong.

Os cinco garotos comemoraram e eu me animei, já que fazia um tempo que não saíamos juntos.

Nossos jantares eram sempre animados, por serem o momento em que todos estamos reunidos, acho que eu não poderia morar em um lugar melhor que pensão Sun.

♡♡♡

Oi gente, essa é a minha primeira fic Taegyu e eu espero que vocês gostem. Eu estava doida pra escrever uma fic assim, já que nunca vi uma igual e estou muito empolgada com o que vai acontecer nos próximos capítulos.

Na fic o Beomgyu tem Protanopia, aí vocês podem ver a diferença de como ele enxerga na foto abaixo:

Até o próximo!